4. Sorvete e casa

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Dessa vez tratei de chegar depois dele. O vi sentado no banco da pracinha tomando um sorvete, provavelmente teria acabado de comprar. Me aproximei e fiquei de frente pra ele o encarando. Mas que merda de venda!

- O que você quer?! - Ele levantou a cabeça e acenou pra mim.

- Oi, Keyth-gracinha!

- Tsc. - Virei o rosto, será possível que ele continue me chamando assim?

- Olha, comprei esse sorvete agora a pouco pra você! - Não percebi que ele tinha outro sorvete. Surpresa, peguei o sorvete da mão dele, baunilha com cobertura de chocolate, que delícia!

- Obrigada, por que me chamou? - Ele sorriu.

- Por nada não, só queria te ver mesmo. - Ah não.

- Tá de sacanagem com a minha cara não é? - Eu passei a semana inteira investigando e juntando informações, poderia ter continuado a fazer isso, mas ele tinha que aprontar!

- Não, não. Mas então, já que você veio, o que acha de curtirmos um pouco? Tem uma livraria aqui perto e eu pensei que você gostaria de ir lá. - Ele apontou na direção que a livraria ficava. Opa, livro? Quero. Sorri só de pensar nas belezuras que iria encontrar lá!

- Tá, vamos. - Respondi hesitante.

- Isso aí! - Ele levantou animado.

Animado até demais. Por conta disso seu sorvete caiu no chão bem na minha frente. Ficamos olhando para o sorvete até ele olhar pra mim e depois para a minha baunilha coberta de chocolate, ele foi aproximando lentamente a mão para pegar. Dei um tapa em sua mão.

- Nem pense nisso, é meu! - Ele cruzou os braços e fez bico. Derrubou o sorvete porque quis, agora não venha pegar o meu não!

Depois de irmos à livraria, andamos por todo o centro e fizemos algumas compras. Por fim, andávamos a passos lentos por uma rua qualquer.

- Onde você tá morando? - Ele perguntou.

- Em uma casa? - Perguntei ironicamente e ri.

- Você me entendeu!

- Hmpf, não precisa saber, não quero você indo pra lá todo santo dia só para me atazanar. - Falei - Até porque não vou ficar por muito tempo aqui em Tokyo.

Ele parou e ficou me olhando com as mãos nos bolsos. Parei e fiquei de frente a ele sem entender nada.

- Você não tinha negócios por aqui? - Perguntou com estranheza. Merda, deixei escapar.

- Sim, ainda tenho na verdade, porém assim que resolver voltarei para Kyoto com Killa. - Disse. Ele ficou um tempo pensativo.

- Que tipo de negócios são esses?

- Coisas do mundo do jujutsu. - Foi tudo o que eu disse. Tenho que tomar mais cuidado.

- Ok. Bom, de qualquer jeito, não precisa me dizer onde você tá morando. Vou te acompanhar até sua casa, assim saberei onde fica! - Esse cara me irrita!

- Não, obrigada. Sei muito bem o caminho!

- Mas eu não, por isso vou te acompanhar! - Sorriu.

- Tsc. - Andei batendo o pé, eu vou agarrar ele e fazer purê de Gojou!

- Ei, me espera aí! - Por ter pernas longas ele logo me alcançou, projeto de poste. Minha aura negra já cobria tudo.

- Eu vou sozinha, não quero você na minha casa!

- É bem melhor ir acompanhada, aliás, quem rejeitaria a companhia de alguém tão divertido e agradável como eu?!

- Ô se é agradável. - Ironizei.

- Vai devagar Keyth-gracinha, isso não é uma corrida!

- Eu disse... que vou... SOZINHA! E meu nome é KEYTH, só KEYHT! - Ele ficou amarelo de medo.

- Mas ainda fica longe e se alguém te roubar? - Perguntou divertido - Meus princípios me impedem de deixar uma dama ir sozinha para casa.

Suspirei quase desistindo para ir bater nele até que ele parasse com essa ideia idiota.

- Besta, esqueceu que eu sei lutar? - Coloquei a mão na cintura já me vangloriando.

- Claro que não, digo isso porque estou mais preocupado com o ladrão e não com você!

- Tsc! - Maldito. Uma raiva repentina correu em minhas veias e eu tentei acertar as bolsas nele, ele apenas desviou - Para onde foram seus princípios sobre não deixar uma dama ir sozinha para casa?!

- Aaah, então agora você quer que eu vá com você? - Quando me toquei que caí nas provocações dele já era tarde. Ele possuía um sorriso maroto. Malditos dentes brancos!

- Não foi isso que eu quis dizer, idiota, então você se preocupa mais com um bandido do que comigo, certo?! - Perguntei fingindo desapontamento.

- Não Keyth-gracinha, não é isso! - Dei as costas, ele pareceu nervoso - Quando eu disse que me preocupava mais com o ladrão era brincadeira, eu me preocupo com você! - Segurei uma risada e olhei por cima do ombro.

- Não não, você prefere proteger um ladrão, beleza. - Comecei a andar a passos curtos sentindo um pequeno desespero vindo dele.

- Ok, você venceu. Eu não te acompanho, mas só se você sair comigo. - Propôs. Eu me virei um pouco intrigada, tenho um pressentimento ruim quanto a essas nossas saídas.

- De novo? Tenho mais o que fazer, Gojou, não sou uma desocupada que nem você.

- Pode me chamar de Satoru mesmo. Não acho que o que você tenha a fazer seja tão importante assim, não mais que eu. - Cerrei os olhos.

Depois de alguns minutos nos encarando, eu suspirei cansada já indo para casa. Quando estávamos consideravelmente longe um do outro ele gritou.

- É que sabe, a partir de segunda eu vou ter uma semana livre pois Itadori e os outros têm uma missão fora de Tokyo. Pensei que seria uma boa para nos conhecermos mais, mas tudo bem. Deixa pra próxima, eu nem queria mesmo. - Tsc. Esse cara tá de sacanagem comigo.

Espera um pouco, Itadori vai viajar durante uma semana? O que está havendo? Isso não me cheira a nada bom, será que eles vão encontrar outros dedos de Sukuna? Não, e se for isso?! Eu tenho que descobrir para onde eles vão o mais rápido possível. Olhei para trás o vendo parado olhando pro céu. Será que isso é uma armadilha? Não tem como eles já saberem o verdadeiro motivo para eu estar aqui, o chefe cuidou para que ninguém soubesse. E se for o caso, Killa não poderá perguntar nada ao rosado, seria óbvio demais! Talvez... bem, é arriscado, mas o único jeito de saber onde Itadori vai é aceitando o convite de Gojou, infelizmente. Pedirei para Erza investigar os moleques, não acho que ela vá negar sabendo o que está em jogo.

- Ok, pode ser. Mas vê se não se atrasa segunda! - Ele me olhou e esboçou um pequeno sorriso sem mostrar os dentes. Senti algo bom ao ver ele sorrir assim, não sei dizer. Ficamos nos olhando por um tempo até que eu desviei o olhar - Então... até segunda.

- É, é... até. - Ele coçou a nuca um tanto sem graça e saiu andando na direção oposta a qual eu ia.

Mesmo com um pressentimento ruim, algo diferente envolve meu coração. É como se em meio a tanta escuridão houvesse uma luz que me guiasse para a saída, mesmo que seja só uma pequena faísca... quem dera isso fosse verdade e eu pudesse livrar Killa dessa vida perigosa. Se eu não puder sair, ao menos ela saia.

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Mais um aí, espero que curtam. Malz o meme no início, não consegui resistir.

Um amor (im)possível (Satoru Gojou)Onde histórias criam vida. Descubra agora