27- P1. Inoportuno

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Aviso: o capítulo 27 desta obra teve que ser dividido em três partes devido a quantidade de palavras. Boa leitura!

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Itadori...?

Meu mundo agora parecia um oceano vazio e escuro, não havia dor, não havia presença, não havia... nada. Apenas um espaço infinito e quieto, como se eu estivesse mergulhado debaixo da água e cedido à morte depois de me afogar.

Eu finalmente estaria em paz?

Itadori...!

De repente, senti que todo o nada que me cercava se agitava como um mar em tempestade, o som de um sussurro rompeu todo o silêncio fazendo tudo à minha volta revolver. Inicialmente tudo era indecifrável, as ondas sonoras que tentavam chegar até meus ouvidos se moviam entre as águas com dificuldade, esforçando-se para causar algum efeito. Foi aí que, aos poucos, aqueles sussurros distantes se transformaram em uma voz firme que despertou minha consciência.

Itadori, acorda!

A melodia daquela voz era inebriante, me parecia familiar. Cada sílaba, cada vibração fonética, até mesmo o tom um pouco imperativo ressoou em minha mente como um raio solar que alcança a mais profunda caverna submarina, levando tranquilidade e esperança. Algo em mim ganhou ressurgiu novamente, me tirando daquela paz que

Senti um formigamento, parecia milhares de agulhas tocando suavemente minha pele a fim de acordá-la. Meus olhos se entreabiram vendo apenas uma luz fraca tentando iluminar tudo, senti o frio cortante da água e tudo se revirou quando senti que estava me afogando novamente.

Um choque de realidade tomou todo o meu corpo quando pisquei os olhos e tudo ao meu redor começou a ganhar forma. Ainda estava embaçado, mas pouco a pouco as sombras sumiram e o borrão em minha frente sumiu mostrando o rosto de Killa. Notei que estava deitado, meu corpo pesado e ainda dolorido, entretanto, a cada respiração era uma confirmação de que eu, na verdade, estava mais vivo que nunca. Mas... como?

— Ei, Itadori! Acorda aí! — Killa deu alguns tapinhas de leve em meu rosto para me acordar.

— Killa...? — Minha voz saiu rouca e cansada.

Ela suspirou aliviada, seus ombros agora relaxavam liberando toda a tensão acumulada e seu sorriso acolhedor mostrava, juntamente de seus olhos que refletiam preocupação e felicidade, o quão angustiada ela estava e, agora, apenas tranquilidade restava.

Com muito esforço, me apoiei em meus braços para me sentar, minha cabeça deu inúmeras voltas como se eu fosse desmaiar.

— Amém que você acordou! — Ela beijou meu rosto e me abraçou fortemente quase me sufocando. Retribui o abraço até porque eu também estava aliviado em vê-la de novo e, aparentemente, sã e salva — Eu pensei que você tinha ido para o beleléu!

— Killa, como você saiu...? — Ela se desvencilhou do abraço e me olhou nos olhos enquanto acariciava meu rosto.

— Eu dei um jeito, não se preocupe. Agora levanta que ainda não acabou!

Ela ficou de pé e me ajudou a levantar. Cambaleei um pouco, mas me mantive firme. Agora que parei pra pensar, eu não sentia tanta dor quanto antes, inclusive os cortes e ferimentos não estavam tão horríveis como antes. Dei uma rápida olhada no meu corpo e estranhei.

— Xamãs médicos não são os únicos que sabem usar energia reversa. — Killa sorriu orgulhosa de si mesma — Viu? Te falei que sou esperta!

— Até demais. — Então lembrei de algo, ou melhor, de uma criatura que certamente nos mataria — Espera, cadê ele?!

Um amor (im)possível (Satoru Gojou)Onde histórias criam vida. Descubra agora