19. Conselho paternal

145 18 30
                                    

Acordei ainda pensativa com as coisas que Hidetaka me aconselhou. É incrível como alguém bem mais jovem que eu tenha tantas experiências e conselhos para dar, enquanto eu faço merda atrás de merda.

Saí para fora um pouco mais confiante, estava mais tranquila depois da minha sessão de terapia com ele e certamente mais segura do que fazer, principalmente depois de refletir tanto sobre a conversa e meus sentimentos. Hidetaka tinha toda a razão em tudo o que me falou, isso é inegável.

Foi nesse momento que pela primeira vez em dias eu tornei a ver Gojou. Ele estava saindo de seu apartamento e quando notou minha presença decidiu ignorar completamente e seguir seu caminho, porém, eu não podia mais deixar as coisas continuarem do jeito que estavam e então antes que ele fosse embora respirei fundo e o chamei.

— Gojou. — Ele parou e olhou para trás com uma expressão extremamente fria, quase me fazendo desistir — Precisamos conversar.

— Sobre o que? Se não for a respeito da missão, não temos nada a falar um com o outro. — Respondeu de maneira ríspida. Isso me doeu na alma.

— Temos sim. Eu preciso falar com você sobre... tudo. Em especial sobre o que aconteceu, sobre essa viagem e... — Suspirei cansada — sobre nós.

Sua postura mudou e pareceu ficar surpreso pelo o que eu disse, ele abriu a boca para dizer algo mas preferiu continuar calado. Entretanto, apesar do seu silêncio era evidente que o assunto chamou sua atenção, principalmente a última parte.

— Se você puder me escutar um pouco, eu agradeceria.

Gojou abriu a boca para responder, porém, fomos imediatamente interrompidos com um barulho de mala sendo arrastada.

— Key!

Entrei em choque, Noeri havia acabado de chegar. Ele soltou a mala e veio a passos apressados até onde eu estava para me abraçar. Não soube como reagir a isso.

— Meu Kami! Key, você está bem?! — Ele me soltou e me olhou de cima para baixo, verificando como eu estava — Por que não retornou minhas ligações?! Eu estava preocupado!

— Ah, bem, eu- — Olhei para Gojou um pouco nervosa pela interrupção. Ele apenas me encarou e abaixou o olhar colocando as mãos no bolso melancolicamente.

— Achei que tivesse acontecido alguma coisa! Temos muito o que conversar! — Noeri disse com um tom mais repreensivo.

— A gente pode falar disso depois? Eu tô um pouco ocupa-

— Nada disso, nem pense que vai escapar dessa vez! Passar dias sem me responder, ficou maluca?! Já pensou se o alto escalão tivesse tomado outra decisão?! Como eu ia te avisar?

Meu olhar transitava de Noeri para Gojou e foi aí que o vi indo embora, ele parecia decepcionado por eu ter desistido de falar com ele. Se bem que a culpa não foi minha. Fiquei estática o vendo ir enquanto Noeri falava sem parar me dando bronca pela minha "irresponsabilidade", nem prestei atenção pois tudo o que eu conseguia pensar era em Gojou e o que fazer para ele me desculpar. Acho que isso vai demorar um pouco, principalmente com Noeri aqui agora.

— Keyth, está me ouvindo?!

— Na verdade não, não estou. — Noeri notou minha expressão abalada e tratou de tomar uma distância maior.

— O que houve?

— Nada demais, nós podemos nos falar depois? — Massageei as têmporas frustrada.

— Claro, claro. Mas não podemos adiar muito, tenho notícias sobre Tsukumo e preciso que você e Gojou estejam prontos para nos reunirmos. — Disse com seriedade.

Um amor (im)possível (Satoru Gojou)Onde histórias criam vida. Descubra agora