XLIII

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Helen foi mesmo até a escola do Nicolas. E não tinha carros da polícia ainda, nem carros de agentes do FBI. A escola estava vazia, o que indicava que James fez um escândalo dos bons sobre a segurança do Nic. Helen parou o carro meio atravessado em cima da calçada, eu estacionei o carro do meu pai na esquina, não queria que ele fosse buscar o carro furado de bala.
Desci do carro apressada e antes de alcançar Helen um furgão branco parou com uma freada brusca, a porta lateral abriu e uma enxurrada de homens armados passou por ela.

Se fosse eu corria, mas Helen não se deixou abalar. Estava usando a mesma roupa da noite anterior, calça de couro, blusa preta com uma estampa estranha e a famosa bota com pontas prateadas. Sinceramente não via ela como pediatra. Andreas foi o último a descer, e foi uma descida triunfal digna de filme. Usava camisa social azul escuro e calça de linho. O homem era lindo, com todo aquele cabelo grisalho, maldade acumulada, coxas grossas e uma bunda de dar arrepios. E o pior, gostava dela.

- Andreas. - Ele se agigantou na frente dela. - Por favor, para com essa loucura. Vai embora.

- Mas eu te amo mi amore. - Pilantra falava em Italiano. Era uma coisa perigosamente sedutora. - Eu quero que se junte a mim.

- Eu não quero. - Ela fechou os olhos. - Você é mal Andreas, e se eu aceitar suas coisas erradas, estarei de alguma forma matando garotas também.

- Helen. Minha flor mais delicada. - Ele a tocou no rosto.

Aí exagerou legal, flor? Ok, mas delicada? Helen batia igual homem, mandava em tudo e de madrugada se pegou com James de igual para igual. Parecia MMA.

Helen abriu os olhos, de onde estava escondida vi o brilho das lágrimas, e o queixo tremendo.

- Eu te amo tanto Andreas que até dói, mas também amo meu irmão e meus amigos. - Ela se afastou. - Nos deixe em paz.

- É aquele bobão não é? Eu os vi ontem. Você gosta dele também. Não é Helen?

Helen não respondeu. Ao invés mostrou o celular, e pela cara dele a coisa era séria.

- De novo? De novo me entregou? - Andreas estava vermelho. - Quer saber? Que se dane as provas. Você vem comigo. Querendo ou não!

Helen estava bêbada, tentava se debater. Eu fiquei parada, não tinha pernas para ir até ela. E mesmo que tivesse, morreria. Agarrei meu notebook que Nadja tinha devolvido e me forcei a ficar em pé. O havia levado até ali, e nutria a esperança de ser deixada em paz. Quando ele percebeu que eu estava me aproximando, pegou no braço da Helen e a empurrou até o carro.

- Deixa ela em paz Andreas. - Ergui meu notebook que comprei com tanto carinho. - Tenho todas as provas!

Andreas jogou Helen para dentro do furgão e veio até onde eu estava, tomou o notebook da minha mão e estudou.

- Se tiver escuta aqui dentro ela morre. - Ele apontou para Helen. - E depois mato todos que ama.

- Faz o quê quiser. Só te entreguei as provas para sumir daqui com seu esquadrão suicida. - Fechei as mãos em punho.

Ele olhou da Helen para mim, deu uma risadinha sarcástica e me virou as costas.

- Ei! Deixa ela em paz! Helen já está em outra! - Corajosa bati nas costas dura dele.

Andreas parou de andar, olhou por cima do ombro e sorriu, um sorriso diabólico.

- Não está em condições de exigir nada. Senhorita Raoni.

Antes dele chegar ao furgão, vários carros fecharam a rua, parecia cena de filme de ação. Andreas nesse momento era o único para fora, e ele foi o alvo. Consternada vi a camisa impecável dele ser furada várias vezes e Nadja digna de uma heroína da Marvel vinha atirando com duas armas na mão, pernas flexionadas, ela tinha um olhar de fúria. Fiquei surda, sei que fui atingida na perna por ela, não ouvia mas sabia que Helen me pedia para deitar no chão. Ela desceu do furgão apressada mas não veio até mim, foi até o ex marido. Ele também dava ordens e mesmo ali derrubou um bom número de agentes. Percebi tarde de mais que as ordens dele era para me levar com eles.

Meritíssimo Juiz  @PremioshakeOnde histórias criam vida. Descubra agora