VI

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- Deixa eu ver se entendi. Você está sendo investigada por um caso que te deram? Marjorie, eu acho...

- Também acho que armaram pra mim, mas quem? Eu não tenho amizade com ninguém, a não ser você, já saí com um cara, mas ele foi mandado embora no dia seguinte. - Senti meu estômago embrulhar.

- Sabe o que eu acho. Que você foi usada pela esposa dele, a polícia se dividiu, metade para um irmão metade pro outro, e você foi escolhida para ser a boba. - Ele parou de andar e virou para me olhar. - Ainda tem as provas? Ou deixou na sua sala?

- Tenho outra coisa pra contar. - Ele esticou o pescoço na minha direção.- James me pediu para guardar as provas comigo, era como se ele soubesse que alguma coisa ia dar errado.

- E se ele sabe? Se foi avisado, ou ameaçado sei lá. Eu acho estranho não te fornecerem segurança, mesmo que você foi declarada suspeita, - Mais uma vez Ben parou de falar. - Tem alguém aí.

- Como sabe? - Ele fez sinal para eu ficar quieta. - Hum?

Um carro estava parado na frente da minha casa, e para o meu espanto era o mesmo que andava rondando por aqui. Tinha gente andando no jardim, pela sombra eram altos, aliás a grande maioria dos ingleses eram altos. Minha casa funcionava da seguinte maneira, vidro a prova de balas, e um sistema estranho que fazia a pessoa de dentro ver tudo, ao passo que a de fora só via um grande espelho. E nós estávamos de frente com um dos homens. Ele se aproximou e colou as duas mãos no vidro, bem na minha frente, meu coração deu um pulo tão grande que fiquei com medo do homem ouvir, então ele fez um som estranho com a língua e o outro se aproximou.

- Não tem ninguém aqui, talvez essa não fosse a casa. - O outro murmurou e juntos entraram no carro e partiram.

Senti uma coisa gélida entrar pelo meu nariz e reparei e tinha prendido o ar, só Deus sabe por quanto tempo. Benjamin tinha pontinhos de suor na testa e tremia visivelmente.

- A gente precisa dar o fora agora mesmo. - Ele tentava pegar em mim com os olhos grudados lá fora.

- Tá louco? Eu nem paguei a metade ainda? fora a reforma que planejei. - Ele me olhou incrédulo, como se eu fosse um monstro.

- Louca é você se ficar aqui, não tá vendo que eles querem você? Droga Marjorie. - Ben estava quase implorando.

- Se quiser pode ir para casa, eu fico onde estou. Essa é a primeira de muitas na minha carreira.

- Se continuar assim será a última. - Ele estava mesmo nervoso comigo.

- Vamos fazer assim, a gente sai pra comer hoje a noite, esfria a cabeça e depois vejamos o que faremos, já que estou fora daquela porcaria. - Tentei soar positiva. - A gente sempre sai quando você ganha alguma causa. Vamos lá Ben.

- Não pode fugir dos problemas a vida toda sabia? - Ben já estava relaxando. -Tá bom, vamos lá, não posso te negar nada.

******

- Tem certeza? Aqui parece tão chato. - Desci do carro. - Nem vim com roupa apropriada.

- Não, claro que não. Ficar uma hora e meia dentro de um quarto escolhendo roupas e acessórios? - Ben passou na minha frente e estendeu o braço.


Até que não era de todo modo um lugar chato. Tinha pessoas importantes, filhos de gente grande, mas era um lugar legal pra quem gosta de curtir a noite, sem problemas com vândalos, ou bêbados safados.
Ben me deixou na entrada e foi atrás de alguma coisa pra beber, enquanto eu deveria ir até alguma mesa vazia e esperar até ele me achar, isso se não fosse atrás de alguma garota primeiro.

Meritíssimo Juiz  @PremioshakeOnde histórias criam vida. Descubra agora