XLVII

316 27 1
                                    

Quando acordei estava de volta as docas, meu peito todo doía, mesmo no escuro vi um hematoma enorme ali, meu rosto também doía pra caramba. Passei a língua, meus dentes embora doloridos estavam todos no lugar.

— Você me deformou. – Escutei a voz do velho. Não o via.

— Pensei que sua mãe tinha feito isso quando você nasceu. – Me apoiei na parede gelada.

— Você não colabora Marjorie, podia te fazer minha coelhinha pelo tempo que eu quisesse, ia te mimar. Mas você é um animal.

— Não preciso do seu dinheiro Joseph, eu  estudei para ter meu dinheiro de forma digna. E não curto entorpecentes, se é isso que quer saber.

Ele se mexeu, se aproximou e então eu vi, ele tinha um curativo enorme na orelha direita. Joseph estava de camisa sem manga o que me deu a visão de dois braços tatuados. Como ninguém nunca notou isso? Como James deixou passar essa informação? Helen foi casada com o filho do homem mais perigoso de Londres.

— Você não vai me dar as provas. – Ele limpou a unha com uma adaga. — Vou apagar seu pai.  Matou meu filho com sua curiosidade.  Matarei o seu.

Senti meu coração disparar, se ele desse uma ordem Nicolas pagaria pelo que ele não fez. Meu pai nunca quis se meter em coisa seria.

— Não! – Gritei. — Eles não tem culpa de nada. Se for para matar, que seja eu. Por favor. – Engatinhei até as correntes me deter dolorosamente.

Joseph era mal, pior que o filho ou qualquer outra pessoa. Mas ele queria alguma coisa, e não deu meias respostas.

— Então será sua vida pela deles. E vou fazer de você o que eu quiser. – Joseph veio até mim e se abaixou, tocando meu rosto. — Vou te quebrar, até você pedir para morrer.

*****

{James}

Mais um dia olhando para o celular, ele daria as ordens e todos nós esperávamos. Ben e Helen haviam trazido Nicolas, porque hoje seria a cirurgia da Rita, e o Eduardo estaria com ela. Marjorie estaria orgulhosa, e com certeza seria alvo do Minecraft enferrujado metido a besta. Mas ficaria com ela a todo o momento.

As coisas estavam andando e ela não estava ali. Respirei fundo e me mantive calmo, resignado, consegui me afastar por um tempo do tribunal, se tudo desse certo e ela voltasse para mim, a facção pelo menos aqui estaria quebrada e eu daria um tempo nessa loucura toda.

— Nada ainda? – Ben jogou o celular na mesa.

Estávamos na sala da minha casa, Nicolas se distraia como podia, no meio de adultos ele só tinha caneta e papel, pedi para ele escrever alguns parágrafos como podia. Até que uma coisa chamou a antenção dele e Nicolas ficou em pé e correu para fora.

— Hei! – Corri atrás dele.

Nicolas já estava no meio do gramado, rodeado dos agentes da Nadja e agarrado ao pescoço do Harry.

Harry havia voltado, muito mais magro, machucado e triste. Ele não levantou a cabeça nem quando o chamei, nem mesmo quando Helen foi até ele chorando. Ele continuou com a cabeça apoiada em Nicolas. Senti que se não tivesse Marjorie na minha vida, perderia Harry também.

— Ele voltou. – Nicolas passava o rostinho bochechudo nele. — Está fedendo muito Harry. Mas você voltou garoto.

— Helen, ligue para a veterinária dele, Harry voltou. Precisamos cuidar dele. Ao que tudo indica removeram o chip mesmo, ele está muito ferido.

Meritíssimo Juiz  @PremioshakeOnde histórias criam vida. Descubra agora