XXI

395 30 1
                                    

Passei quase toda a viagem de olhos fechados, só quando meu pai precisou sair e outra pessoa sentou no lugar dele abri um olho e depois fechei de novo.

-Não precisa fingir comigo pequena, sei muito bem que está acordada.-Benjamin deu um tapa na minha perna.

- Ben, não precisava ser tão chato. - Censurei ele.

-Só queria dizer que senti muito medo de te perder Marjorie, dei um tempo pra você, eu estava em choque.- Benjamin aperta o banco. -Queria ter ido, mas sou tão fraco...

-Não Ben, você não é fraco. Eu teria morrido se você fosse e eles tivessem atirado em você. -Agora eu tive toda a tenção dele.

-Pequena. -Benjamin me olhava com aqueles olhos grandes e verdes.

-Onde está o James, não agradeci, se eu tivesse...

-Achei que gostaria de saber que ele está na cabine desde quando saímos de lá. -Benjamin chega mais perto.- Helen me disse que eles estão saindo.

-Oi? -Tentei disfarçar. -À quanto tempo? -Segurei a respiração.

-Porque? Não está caindo na dele, esta?-Neguei com um aceno de mão. - Uns meses, acho que dois ou três meses. Na verdade desde quando ele chegou em Londres.

-Bom pra ele.- Infeliz, filho de uma mãe, minha mente montava a cena em que eu estava dando um tiro nele, ou na hora que tive a chance de salvar a sua vida, entrei no carro e arranquei, seria bem melhor. Dei meu melhor sorriso e peguei na mão dele. - Ainda bem que tenho você aqui Ben.

Não soei muito convincente, mas peguei na mão dele e entrelacei nossos dedos e desejei de toda a minha alma transferir todo o sentimento que eu tinha pelo James e passar para o Benjamin. Seria bem melhor, mais fácil.

Benjamin ficou falando sobre todos os assuntos possíveis, mas notei que o nome Helen estava em todos eles, e ela também não tirava os olhos da nossa direção, até que mexeu em alguma coisa e Benjamin foi correndo ajudar a pobre moça.

Apesar dos pesares me senti feliz por ele, meu amigo merecia ser feliz, o problema era meu se não tive cabeça para parar de pensar em juízes safados, e agora tenho que ver todos felizes.
Me revirei no acento e busquei uma revista antiga, folheei sem muita vontade, até me deter em uma foto de uma mãe amamentado um bebê, senti vergonha por não ter amamentado meu filho o tempo suficiente.
Fiquei alerta quando a porta da cabine abriu e James saiu por ela, joguei a revista de lado e fingi dormir de novo. Se ele viesse até mim, teria que ouvir meus roncos poderosos.
Só que não aconteceu, ele ao que tudo indica, foi pegar alguma bebida e voltou para perto da boneca Barbie da índia. Mas, isso não me fazia mal, tinha a minha carreira, amigo pai que me amavam, com certeza.

Continuei de olhos fechados, até pegar no sono e ter sonhos inquietos...

********
-Marjorie. Marjorie. -Alguém me sacudiu de leve.

-Pai. Só mais um pouco. -Empurrei a mão de volta, mas ela tornou a me tocar e dessa vez no rosto.

Abri os olhos esperando ver meu pai bravo ou até mesmo o Ben sorrindo, mas fui surpreendida pelo James com um olhar estranho, parecia ter medo da minha reação.

-Você dormiu de mais, estão todos te esperando lá fora.

-Obrigado James. -Levantei sentindo a boca amarga. -Meu pai?

-Já disse. Esta lá fora. -Ele me segurou quando tentei passar, -O que está acontecendo? Você está estranha.

-Não! Estou normal, só passei por algumas coisas. -Tentei levantar de novo.

Meritíssimo Juiz  @PremioshakeOnde histórias criam vida. Descubra agora