XLVIII

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Ao que parece a coruja velha resolveu mesmo me observar o tempo todo. Dei meu show de Samara, deixei o cabelo cair na frente do rosto e fiquei de cabeça baixa.

- Você soltou aquele cachorro. - Joseph virou a cadeira de costas e sentou, deixando o falecido bem evidente entre o vão da cadeira.

- Soltei? - Sorri para ele. - se você diz, eu é que não vou discordar.

- Não ligo para ele Marjorie, só quero as provas, seu padrinho não entraria na sua casa por nada. 

- Olha chefe. Eu não colocaria a vida das pessoas ao meu redor para esconder uma merda de uma prova. Você já ferrou o bastante com a minha vida. Eu só quero que tudo termine, e se não for me deixar, me mata. Mas acaba com isso.

Ele riu, uma risada seca e estranha que só saiu da boca mesmo, os olhos não se moviam. Joseph se levantou e caminhou até parar na minha frente, enfiou a mão no bolso. 

- Você está comigo agora garota, depende do que achar liberdade. Ainda mais depois do nosso passeio.

- Passeio para onde? - encarei o velho.

- Não te interessa. O importante é que você vai pagar pela morte do meu filho, e vai ser lentamente.

Com um movimento rápido ele tirou uma seringa do bolso e enfiou no meu braço. Senti imediatamente meu corpo todo entorpecido, meus pensamentos ficaram bem loucos.

- Desamarre a garota e levem para o carro. Vou desfrutar dela antes. - Ele se afastou com a seringa frouxa na mão velha.

- Seu... desagra... - Minha língua não obedecia. - Desagraçavel.

O grandão que me puxou estava rindo. Eu iria ter problemas.

O frio me atingiu em cheio, meu nariz ficou gelado imediatamente, mas ao invez de falar eu ri, não conseguia parar de rir. Me jogaram no carro e eu simplesmente fiquei.

- Hey! Isso... Não foi ruim... Quer dizer... Bom

- Cala a boca! - Ele me chutou.

Do lado de fora era um breu só, mas eu vi duas silhuetas, eram uma criança e um animal. Só faltava essa, a droga estava tão forte que eu vi Aslan e Susan, jurei que vi até a juba. Apontei com a cabeça.

- Leão. - Falei. - Ali. Aslan... Me ajuuuda!

A pequeno ser fez sinal com os dedos para eu ficar quieta. Era um menino. Mas Susan não é uma garotinha? Enquanto o carro arrancava eu pensei, forcei meus pensamentos até lembrar. Eu tinha um filho, mas o que ele fazia ali? Era para ele estar na cama! Quem estava cuidando dele? Como era o nome dele? Ele saiu mesmo de mim? Por onde?

Nicolas! Nicolas ia levar uns belos petelecos se seu saísse viva dessa loucura toda. Na frente a coruja velha falava ao telefone, ainda bem que pelo menos ele falava em uma língua que eu entendia bem.

- Está comigo.

-...

- Não usa drogas, é limpa e bonita. Quero aquela quantia inteira, ou eu vendo para outro.

-...

- Combinado!

- Como assim me vender corujita? - Meu cabelo entrava na boca, precisei cuspi-lo para fora. - Não vou vendível não! Josephil!

Ele me ignorava como se uma mosca brincasse na orelha que eu mordi. Maldita hora que lembrei da mordida, voltei a rir.

Não sei quanto tempo demoramos, mas o carro parou, fui levada para dentro da mesma casa e amarrada em uma cama de madeira, nem precisava não estava sentindo meus braços, mas não ia falar para ele. Esperei pelo pior, e veio. Joseph trancou a porta atrás de si e tirou a cinta.

Meritíssimo Juiz  @PremioshakeOnde histórias criam vida. Descubra agora