Último capítulo

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Nos casamos em segredo. Rita ainda lutava contra o câncer, e nós não podíamos confiar totalmente na sorte. James e eu nos casamos em frente a cabana onde eu o arrastei e salvei a vida dele. E acho que foi lá onde descobri que o amaria para sempre.

Me casei com um vestido simples, sem véu ou muitos adornos, e James quis que os homens ficassem descalços, o único que não gostou foi Ben que era atacado por formigas invisíveis a toda hora. Helen se alistou para o programa onde os médicos davam assistência em outros países de baixo desenvolvimento e não foi no nosso casamento, mas ligou e conversou bastante com James.

A cabana estava toda adornada com flores que ele cultivava na fazenda, James tinha colocado pequenas luzes em toda a entrada, foi melhor do que pensei, porque ao contrário de muitas mulheres, nunca quis ser uma noiva cansada e estressada rodeada de convidados.
Dançamos nossa música.

Passamos mais quatro dias na cabana. Fizemos amor á luz do luar e das estrelas, brigamos porque vi uma aranha e ele jurava que eu estava louca. Enfim, estava feliz. Nosso retorno para a casa dele que agora seria definitivamente minha também seria na manhã seguinte.

- Quero fazer isso mais vezes. - Ele beijou meu ombro nu. - Descobri que ainda gosto dessa cabana.

- Não gostava? - Virei de lado na cama. 

- Claro que não. Quase morri aqui, e depois tive que correr feito louco até o outro lado da fazenda.

- Falando em correr, Quem era Jessica?

James virou de lado e ergueu a cabeça com o cotovelo. 

- Fomos noivos na época da faculdade, eu um advogado e ela uma modelado. Um dia eu a trouxe para conhecer Helen. Jessica era Escocesa, o cabelo ruivo cacheado chamava a atenção de muitos. E chamou a atenção de um cliente do Andreas, que estava na casa. Jessica também tinha o péssimo hábito de mentir e acho que deve ter se envolvido com o cara. Uma noite ela mandou uma mensagem estranha pedindo socorro. O celular foi achado no lixo da boate onde ela foi vista uma última vez com um cara tatuado. - Ele passava o dedo no meu queixo. - O que ninguém sabe é que o cara que a comprou foi responsável pela morte dela, eu soube e jurei segredo. Desde esse dia fui atrás deles com tudo o que pode. Nadja era amiga dela. Eu sempre estive perto. Acho que nunca encontrei de fato porque Andreas tinha um sobrenome falso, assim como Joseph.

- Sinto muito. - Disse. - Você devia ama-la muito.

- O pior de tudo é que eu não amava mais. Estava pensando em uma forma de acabar sem ferir nenhum de nós.

James beijou meus lábios, passei os braços pelo pescoço dele  aproveitando nossa intimidade. Gostava de sentir o cheiro dele, de ouvi-lo falar meu nome ou pronunciar palavras em português. Ele se colocou entre minhas pernas, quando me penetrou foi mais intenso, gemeu enquanto afundava o rosto no meu pescoço. Não demorei muito, James tinha rsse poder sobre mim. Eu sempre chegava ao ápice primeiro, e ele logo depois se derramou em mim. Quando os movimentos acabaram precisamos de uns minutos para nos recompor. Tomamos banho juntos e dormimos agarradinhos.

No dia seguinte as nove horas estavamos voltando para casa. A viagem demorou duas horas, e quando chegamos soubemos da presença de um advogado, que meu pai conduziu até o escritório do Juiz James.

Nicolas me recebeu na porta do escritório, ficamos abraçados um longo tempo, ele passou o abraço para James. Fechamos a porta e cada um se sentou no seu lugar. Nicolas ao meu lado.

- Senhor e senhora O'Hare. Orlando Vilas Boas era seu padrinho. - Confirmei e ele continuou abrindo a pasta. - Ele deixou um testamento para você. Se não se importa vou ler.

James estava sentado na cadeira atrás da mesa com o cotovelo apoiado na mesa, como ficava no tribunal, fez um sinal com a mão e o homem entendeu e prosseguiu.

No testamento ele deixava tudo para mim, a empresa, as ações, as casas, os carros,o dinheiro da conta pessoal dele. Ou seja, toda a fortuna, e pediu para que eu cuidasse dos funcionários, pois não queria deixar nenhum deles desempregados. Meu padrinho passou tudo para mim. James pegou os papéis e leu atentamente, quando acabou devolveu ao homem.

- Se você quiser assinar, tem meu apoio pequena. - ele cruzou as mãos. — O dinheiro será todo seu, fará com ele o que quiser. Se não quiser, sabe que podemos nos manter muito bem.

Como advogada eu sabia que se negasse o dinheiro ia para o governo, já que Orlando nunca foi casado, e não teve filhos, mas ele disse sobre os funcionários e eu sabia que ele levava a sério o bem estar deles, assim como fez comigo e meu pai. Então assinei e devolvi para o advogado e fiquei com uma cópia. 

- Eu vim aqui quando estavam em lua de mel. - Adam disse. Eu li nos papéis, odeio não saber os nomes das pessoas. - E tive um encontro interessante com seu filho.

Nicolas tinha um sorrisinho banguela bem grande.

- Ele pode se tornar um advogado de sucesso...

- Juiz. - James cortou o homem. - Estamos estudando para isso não é Nicolas?

- O pequeno juiz me pediu uma coisa.

Mais uma vez Adam tirou um envelope da maleta, mas esse era simples. Nicolas foi até ele e o pegou, tirou do envelope e foi até onde James estava. Meu pai de cara já começou a chorar.

- Esse é para você.

James pegou o papel sorridente e enquanto lia o sorriso sumiu. Ele leu e releu, o papel tremia levemente na mão dele. 

- É... É um documento onde ele quer ser adotado por mim. - James falou baixo. - Ele quer que eu seja o pai dele.

Nicolas rodeou a mesa e o abraçou. Eu me desmanchei em lágrimas, Adam chorou mais que todos no escritório. 

- Quero poder te chamar de pai. - Nicolas limpou o rostinho. - Vai assinar ou não?

James assinou e deu para Nicolas assinar com a letra grande de um menino de nove anos, Nicolas agora também teria o sobrenome dele. Meu filho assinou Nicolas Raoni O'Hare.

 Adam foi embora limpando ás lágrimas. James ficou calado por um tempo enquanto Nicolas brincava com Harry na sala. Meu pai tinha gravado tudo, e foi correndo mostrar para Rita.

- Eu te amo. - abracei meu Juiz.

- Eu amo Vocês. Minha família. Meu filho.

James entrou na nossa vida e poderia muito bem ficar no lugar de padrasto, longe do meu filho, mas não quis. Aos poucos preencheu o vazio que Davi fez questão de deixar.

****

Nos dias que se seguiram foram de total correria, Nicolas voltou á escola, James ao tribunal. Meu pai e Rita saíram em viagem para a casa que meu padrinho deixou em Orlando. Precisei levar vários clientes ao tribunal, Ben era bom no que fazia e ganhávamos vários casos. Naquela manhã passei pelo meu marido no corredor do tribunal. James ostentava a aliança bem grossinha no dedo anelar enquanto voltava a carranca de sempre, que ele jurava ser profissionalismo. Ninguém sabia que era um ursinho em casa.

O tribunal estava cheio, vários policiais espalhados em pontos estratégicos esperando o réu. Ben se sentou bem atrás de mim.

- Caso Michele Blair.

Levantei confiante, no meu terninho preto e salto fino, ao lado da minha cliente mais cara. A mulher era uma testemunha chave do assassinato da sogra.

- Advogada O'Hare. - James disse sério.

- Meritíssimo Juiz.

Eu estava de volta, fazendo o que gostava, com meu amigo fazendo minha segurança logo atrás... 

Meritíssimo Juiz  @PremioshakeOnde histórias criam vida. Descubra agora