Ian García
Os carros estacionam e saio com calma, paro na frente do portão e observo atentamente os caras com armas por baixo dos casacos e atrás de si. Não preciso nem abrir a boca quando a porta da casa abre e vejo Izzy sair ajeitando o óculos escuro.
Me afasto quando abrem o portão e ela sai com um meio sorriso, respiro fundo e ela olha para mim, parada na frente da porta esperando que eu abra. Travo o maxilar e abro a porta a força, ela entra e dou a volta no carro antes que o motorista entre.
-Vá para outro carro.- peço abrindo a porta.
Ele obedece e eu entro, coloco o cinto e vejo Izzy mexendo no celular enquanto ligo o carro e espero os dois da frente começarem a andar. Dou um solavanco e ela grita de raiva quando o celular dela cai no chão.
-Que merda, Ian.- ela bufa.- Você fez isso de propósito...
-Acho que você também faz isso de propósito.- falo com raiva.
-A vida é minha...
-A vida é sua, mas sou eu quem vou me foder com essas sua crises de rebeldia!- perco a paciência.- Andrew vai perder a paciência comigo e vai me matar por perder a filha dele tantas vezes.
-Meu pai não faria isso.- fala baixo.
-Eu não quero arriscar.- aperto o volante.- Eu não pedi para estar aqui! Esse era o último lugar em que eu estaria se pudesse escolher!
-Então pede uma transferência para o meu pai!- ela tira o cinto.- Fala com ele no mesmo tom que você tá falando comigo!
-Sabe por que eu falo assim com você?- olho para o retrovisor e a vejo abaixada para pegar o celular.- Porque você me dá motivos para que eu não respeite você!
-Ah, quanta merda!- ela reclama.
-Você não parece mais aquela Izzy que atirou aquela flecha no pescoço daquele cara...
-Ah, verdade, desculpa, mas eu meio que perdi uma pessoa importante!- ela grita e consegue pegar o celular.- Vai se foder, Ian, que tal ser um bom segurança e ficar caladinho fazendo o seu trabalho?
Freio o carro e ela precisa se segurar nos bancos, olho por cima do ombro e a encaro mesmo com os óculos escuros no rosto, então arranco aqueles óculos e ela arregala os olhos. Ao mesmo tempo agarra meu pulso e torce, mas não me importo.
-Se olha no espelho e vê o que você se tornou, Isabella.- falo baixo.- Acho que vai sentir nojo do que encontrar, porque eu sinto.
-Com você não é diferente.- ela sussurra.
Abro a mão e os óculos dela caem entre nós, Izzy solta minha mão e volto a dirigir com mais pressa. Vou deixar ela no condomínio e acabar meu turno, não me importa com quem ela esteja ou em que situação esteja, só quero ficar longe dela.
❁
Izzy Ballard-Hunt
Coloco a taça na minha frente e abro o vinho novo que comprei, engulo em seco e ergo o olhar para ver meu rosto no espelho da sala de jantar. Está mais magro, mais pálido, mais....esquisito.
Claro que eu consigo cobrir com maquiagem e um sorriso, mas eu não quero fazer nada disso há um tempo. Talvez nem precisasse se comesse melhor ou se parasse de beber tanto invés de beber quando estivesse com fome.
Começo a encher a taça de vinho e meus lábios tremem quando lembro de Kira rindo por que minhas taças de vinho eram estranhas, por não terem o cabo. Paro de encher o copo e fico encarando aquela taça de vinho meio cheia.
Uma lágrima cai dentro do vinho e grito de raiva agarrando a taça e atirando no espelho. Logo depois atiro a garrafa e solto mais um grito de raiva, passo as mãos pelo rosto e caminho até uma cristaleira que tem no canto da sala.
Abro as portas e pego uma outra taça daquelas, atiro no mesmo lugar e quebrando o espelho. Minhas lágrimas caem enquanto eu acabado com todas aquelas taças que faziam Kira rir, encosto meu corpo na parede e vou deslizando até o chão.
Cubro meu rosto com as mãos e respiro fundo tentando me acalmar, tentando parar de sentir a risada de Kira fazendo cócegas na minha orelha. Solto um gemido de dor, como se eu tivesse me machucado ou me cortado com algum daqueles vidros.
Me levanto como se eu fosse um zumbi e começo a subir as escadas no piloto, viro a direita e entro no meu quarto, vou até a escrivaninha e abro a última gaveta. Pego a pasta que está escondida lá dentro, sento no tapete felpudo enorme que tenho em frente a cama e abro a pasta.
Começo a distribuir as imagens lentamente para formarem um quadro e minhas lágrimas descem mais rápido ao ver as imagens. Tentei montar esse quebra cabeça tantas vezes que já conhecia tudo.
Passo o dedo pela cama ensanguentada de Kira e reconheço a imagem toda, tentei resolver aquilo todos os dias e nunca consegui. Talvez por que eu não tinha sido criada dentro da máfia espanhola de verdade.
Uma pessoa normal criada dentro da máfia saberia se tinha um tipo de padrão, mas eu só via cortes sem sentido. Passo a mão pelo rosto e uma lágrima cai bem em cima de uma foto, bem em cima do rosto morto de Kira.
-Merda.- viro o rosto e alcanço o lixo antes de vomitar.
Lágrimas saem junto com o vômito e tudo que eu consigo fazer e deitar no chão depois disso. Afasto os cabelos do rosto e respiro fundo encarando o teto, vou pegar os caras que fizeram isso com Kira, e sei exatamente por onde começar.
❁
Ian García
Seco meus cabelos com a toalha e jogo na cama antes de abrir a porta do apartamento pequeno e descer as escadas até o bar. Meu pai está dormindo na mesa dos fundos e começo a colocar as bebidas nas prateleiras.
-Ian?- alguém abre a porta.
-Abrimos em uma hora.- falo sério.
-Sou eu.- se aproxima mais.
Olho por cima do ombro e vejo Tatiana, ela sorri lentamente para mim e senta em um banquinho, então respiro fundo e apoio minhas mãos no balcão enquanto a observo abrir um dos botões da camisa já apertada dela para mostrar a lingerie vermelha.
-Você disse que abre em uma hora?- levanta as sobrancelhas.
-Da última vez, eu falei que ia ser a última vez.- explico.
-Isso só por que você ficou culpado por não ter falado o nome certo.- ela respira fundo.- Olha, eu não ligo se falou o nome errado.
-Mas eu ligo.- encosto meu corpo no balcão.- Então pode ir embora...
-Quero que você repense.- ela abre outro botão e atrai meus olhos.- Pode até me chamar com aquele nome.
-Tatiana...
-Eu não me importo, sério.- ela levanta e abre a tábua do bar.- Sou quem você quiser que eu seja.
-Eu não tô no clima.- invento.- De verdade.
-Você sempre tá no clima.- ela sussurra tocando meu peito.- É só provocar do jeito certo.
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O Protetor - 4° Geração
RomanceIzzy é a mais nova de todos os primos, ela que sempre acharam ser delicada e inocente agora tinha um segurança acompanhando todos os passos que ela dava, acompanhando todos os seus movimentos. Mas ele nunca falava direito com ela, e isso a irritou...