Briga

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Ian García

Eu não sei qual eu tentava esquecer primeiro. Ou fato de que antes de eu acertar Theo, Izzy tinha falado meu nome enquanto ele a tocava, ou o fato de que eu me exaltei tanto que quase iria sendo morto por um daqueles assassinos.

E agora eu tinha que voltar a trabalhar normalmente e sem nenhuma pista de que me lembrava da noite anterior. Andrew e Sarah ainda estavam em casa e parecia que eles não iam sair hoje, na verdade, todo mundo parecia ter tirado o sábado para descansar.

Mas Izzy, não.

Ergo o olhar e a vejo concentrada enquanto segura o arco, as flechas que ela atira vão exatamente onde ela quer que vá e ainda passam um pouco do boneco de espuma e madeira que ela tem para treinar.

Sua pose é completamente ereta e até parece cena de filme quando ela está se preparando para atirar. Observo a mão dominante dela naquela luva que cobre apenas os dois dedos que seguram a corda e percebo que ela está descontando tudo naquelas flechas.

Izzy estende a não para o monte de flechas que tem na mesa e pega uma das várias, então faz o mesmo processo e começa a morar no alvo do teto. Observo de longe, mas sei exatamente o motivo dela tomar cuidado ao virar o rosto para pegar a flecha e não me olhar.

Penso nela gemendo meu nome e tenho que me controlar para não ter outro contratempo daqueles. Acho que iria ser assombrado para sempre com esse gemido delicado que ela tinha dado ao falar meu nome daquele jeito.

-Ian.- ela chama irritada e percebo que já me chamou.- Água.

Me levanto e saio da sala onde ela treina, pego um copo de plástico e começo a encher, olho para o lado vendo Andrew se aproximar. Ele está com papéis na mão e olha para mim, sei que quer falar algo contigo.

-Aquele cara que você falou morreu.- informa.

-Mas eu...

-Parece que mataram ele por dever.- mexe a cabeça.- Mas acredito em você, então vou começar a rever o pessoal.

-Ok.- seguro o copo.

-Obrigado por dizer a verdade.- ele aperta meu ombro e assinto.

Andrew passa e entro na sala de novo dando o copo para Izzy, ela vira de uma vez e estende o copo para mim sem nem me olhar. Fico parado e ela começa a colocar outra flecha no arco quando percebo que ela não olha para mim por que está com raiva.

Ela cai soltar a flecha e a pego antes de sair, Izzy faz um som frustrado e parece que é como eu soltasse algo dentro dela. Recebo um soco e dou passos para trás largando a flecha, eu a encaro e ela vem para cima de mim.

Bloqueio um dos seus socos e agarro o pulso dela com força quando o outro punho vem nas minhas costelas. Izzy bufa com raiva quando a prendo de costas para mim, sinto sua cabeça se chocar contra meu nariz e bato as costas na parede.

Ela vira e agarra minha camisa para depois passar a perna pela minha, caio no chão e ela me olha de cima, não vou deixar assim e agarro seu pé para puxar. Ela cai do meu lado e quase bate o punho em meu peito antes de eu chutar sua coxa.

Izzy se encolhe e eu dou uma cotovelada em suas costelas, ela faz um som perdendo o ar e gemo de dor quando ela me atinge entre as pernas. Bato o punho no chão e fecho meus olhos com força sentindo uma dor diferente de tudo.

-Não pegue minhas flechas!- ela começa a se levantar.

-Filha da mãe.- continuo deitado.

-Só não mato você por que meu pai me mataria.- ela afasta os cabelos do rosto.

-Me ajuda aqui.- estendo a mão e Izzy me observa.- Ajuda aqui, porra!

Ela estende a mão e segura, a puxo para baixo e subo em cima dela, Izzy grunhe. Prendo ela com meu corpo e nossos narizes se tocam, nossas respirações se misturam e nossos olhos estão conectados.

-Nunca mais me chute assim. Foi sacanagem.- digo.

-Você segurou minha flecha...

-É a porra de uma flecha.- digo.

-São as minhas flechas.- trava o maxilar.

-Só está com raiva por que eu falei de Theo.- digo e ela se remexe.- Você não pode ficar com raiva da verdade, Isabella.

-Cala a boca.- ela fecha os olhos.- Cala a boca, Ian.

-Eu ouvi.- digo e ela abre os olhos rapidamente.- Eu ouvi você gemendo meu nome.

-Não fiz isso.- tenta disfarçar.

-Fez.- assinto.- E eu já chamei você também.- admito e ela fica vermelha.

Izzy fica parada e abre seus lábios, abaixo os olhos para eles e comprimo os meus tentando me negar a fazer isso. Ela parece surpresa demais com o que eu disse e ao mesmo tempo poderia ter se soltado de mim, então não sei o que fazer.

-Já pensou em mim?- sua pergunta sai baixa.

-Sim.- falo a verdade.

-A gente não pode fazer isso.- engole em seco.

-Eu sei.- sinto o corpo dela contra o meu.

-Você deveria me soltar.- mexe as mãos.

-Eu vou.- afrouxo as mãos em seus pulsos.

Ela mexe a cabeça e nossos lábios se tocam, solto as mãos dela e apoio no chão, as mãos de Izzy seguram meu rosto com delicadeza e mexo meus lábios avançando contra os dela. Sinto os lábios dela provocarem os meus e então sua língua tocar meu lábio inferior.

Deixo uma mão apoiada na parede e a portão vai até a cintura dela, puxo ela contra mim e Izzy desliza uma mão até meu peito, sinto as unhas dela arranharem por cima da camisa. Mordo o lábio dela e Izzy geme quando passo a língua para dentro.

Ela chupa minha língua e parece que meu corpo treme com esse contato, ela coloca a mão por dentro da minha camisa e sinto seus dedos me provocando.

-Espera.- digo quando ela vai até meu cinto.- Qualquer um pode entrar aqui.

-Uhum.- ela morde o lábio e me observa sair de cima dela e sentar.

-O que foi?- vejo ela sentar e arrumar os cabelos.

-É que eu fique bem excitada.- ela tenta sorrir e vejo que cruza as pernas.

-Fácil, né?- não sei por que sorrio com isso.

-Nem sempre.- ela levanta.- Eu preciso ir para o shopping.- ela pega a bolsa e o casaco de forma decidida.

-Agora.- me levanto.

-Sim, eu preciso fazer compras para me distrair.- abre a porta.- Vamos.

Tento seguir ela como se estivesse tudo normal, mas o problema é que não está tudo normal, tudo está estranho e eu não sei se isso é bom ou ruim. Mas pela reação do meu corpo, isso é bom, deveria ser bom.

Estou confuso.

O Protetor - 4° GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora