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Ian García

Os gritos e tiros estão mais altos e logo me afasto da porta, respiro fundo e junto força para chutar a porta com tudo. Ela treme, mas não acontece nada, então faço de novo, uma terceira vez, quarta, quinta, sexta vez.

Chuto uma última vez e então a porta abre, bato meu corpo contra uma parede e respiro fundo sentindo o cheiro de fogo. Olho para os lados e está tudo vazio, começo a andar rapidamente tentando achar qualquer coisa que possa me ajudar.

Vejo um cara caído e me agacho para ver se tem algo, encontro uma arma e um pente cheio. Então guardo no bolso e levanto a arma para continuar, engulo em seco e vou na direção dos tiros, aquele lugar parece um labirinto e só tem luz elétrica.

-Não!- alguém grita.- Não, por favor, não!- grita aparecendo no corredor.

Uma flecha é disparada e sorrio lentamente quando ele desliza pela parede. Abaixo a arma e fico surpreso quando Izzy aparece, ela está com o arco e uma aljava cheia de flechas em suas costas, tem duas armas presas nas coxas e está cheia de sangue.

-Iz.- chamo e ela olha para mim.

Não aquele olhar doce, não o olhar triste, mas aquele olhar que parece me matar apenas dela estar apontando para mim. Engulo em seco e ela ergue o arco e puxa uma flecha em uma rapidez impressionante.

Fico completamente parado quando ela solta a flecha e passa ao lado da minha orelha, olho por cima do ombro e vejo o homem caído. Então ela pega as duas flechas e passa por mim com um andar decidido.

-O que você está fazendo aqui?- pergunto a seguindo.

-Garantindo que o que ia sair daqui, vai ficar aqui.- ela coloca uma flecha no arco.- Não vou arriscar minha família.

-Você entrou aqui sozinha?- pergunto e um cara chega ao nosso lado. Estendo o braço e atiro.

-Sim.- assente e olha para mim.- Você está com eles ou...

-Estou com você, Iz.- falo sério e ela mexe a cabeça.- Quantos já foram?

-Trinta e nove.- ela olha para o cara que acabei de matar.- Quarenta agora.

-Precisamos sair.- explico segurando seu braço.

-Não, Ian, eu tenho que matar todos.- ela tenta se soltar e seguro mais forte.- Ian!

-Vamos matar, mas você tem que confiar em mim.- entramos em uma sala e paramos lado a lado.- Puta merda.

-Puta merda.- ela repete sorrindo.

-O que?- percebo que ela tem um plano.- O que foi, Iz?

-Não precisamos nem nos esforçar.- ela corre até uma caixa de detonadores e abre.

-O que você tá fazendo?- a sigo e olho por cima do ombro para ver se alguém entra.

-Vou programar os detonadores.- ela pega quatro e os coloca em cima da mesa.

-Como descobriu onde era a base deles?- pergunto enquanto ela conecta os fios.

-Eu torturei um dos caras que eu achei.- ela fala simples e o cronômetro começa a rodar no visor.

-Cinco minutos?- arregalo os olhos.

-Vamos sair antes disso.- ela os pega de novo e começa a andar com eles.

Minha garganta fica seca e me apresso para alcançar Izzy enquanto ela corre pelos corredores. Ergo o braço e atiro em um cara que está correndo na nossa direção, então Izzy para e prende um dos explosivos na parede enquanto pego a metralhadora dele.

Toco a cintura dela para continuarmos e Izzy joga dois dos explosivos em alguns corredores. Vejo no cronômetro que faltam três minutos e ainda estamos correndo por aí, Izzy aponta para a saída e eu pego um dos detonadores da mão dela.

-Ian.- ela para e eu estico o braço para prender no teto.- Ian!

-Atrás de você.- a empurro pelo corredor até a porta.

Toco a porta de metal e ouço a explosão atrás de mim, cubro Izzy com meu corpo e caímos no chão, ela segura meu rosto com as duas mãos e afasta algumas mechas de cabelo da minha testa. Sorrio fraco quando percebo que ela está vendo se eu estou bem.

-Se feriu?- pergunta baixo.

-Não, eu tô bem.- beijo a testa dela.- Eu tô bem.

-Por alguns segundos achei que você tivesse indo embora.- ela informa e a observo.- Achei que tivesse me deixado.

-Falei que não ia fazer isso.- acaricio a bochecha dela.

-Eu sei.- ela fecha os olhos quando passo os dedos pelo seu queixo.- Agora eu sei.

-Temos que sair daqui.- informo.- Trazer mais gente para eliminar quem tenha sobrado.

-Ok.- ela espera que eu levante para puxar ela.

Izzy afasta os cabelos do rosto e me puxa para um dos carros, ouvimos um barulho na porta e paramos na mesma hora. Ao mesmo tempo que eu ergo a arma, Izzy ergue o arco e engata uma flecha na direção do barulho.

-Abaixa a arma!- ela grita para meu pai.

-Olha o que você fez.- ele parece meio atingido pela explosão.- Olha a merda que você fez, sua vadia burra!

-Mais um passo e eu atiro em você.- entro entre ele e Izzy.

-Por causa dessa garota?- ele aponta para Izzy.- Eu sou seu pai.

-Só quando é conveniente para você.- digo e ele arregala os olhos.- Larga a arma e deixo você vivo até chegar no armazém.

-Não era assim que era para acontecer.- ele sussurra.- Deveríamos sem reis nesse território. Não aquela família de imbecis...

-Cuidado como fala.- Izzy avisa.

-Vocês não são nada.- ele olha para ela e sua arma aponta para ela.- Vocês só roubam e matam das pessoas que tem algo.

-Abaixa a arma.- repito.

-Espero que se arrependa de ter escolhido um rabo de saia do que seu próprio pessoal, Ian.- ele olha para mim e seu dedo se mexe.

-Último aviso.- travo o maxilar.- Abaixa a arma.

Ele engole em seco e seu dedo toca o gatilho, aperto o gatilho da minha arma e meu pai cai no chão já morto. Ouço uma respiração pesada atrás de mim e duas mãos acariciam minhas costas, então Izzy me vira e segura meu rosto.

-Sinto muito.- ela sussurra me abraçando.- Desculpa, Ian.- seu corpo treme e eu a seguro com força.

-Ele queria machucar você.- falo baixo e afundo meu rosto nos cabelos dela.

-Temos que ir.- ela se afasta e me puxa.- Ou pelo menos chamar o pessoal...

-Para que a pressa?- alguém pergunta e fico completamente parado quando agarram Izzy.

Ela grita e um dos dois a joga no chão enquanto o outro coloca o joelho em cima das costas dela, começo a avançar neles quando alguém soca meu rosto e caio no chão. Sangue suja minha boca e sinto um chute no meu abdômen, então nas minhas costas, e continua acontecendo.

-Ian!- Izzy grita, mas parece tão longe.- Seu filho da puta! Deixa ele em paz! Deixa ele em paz!- ela fala chorando e meu coração se parte.- Ian!

Os chutes não param, então tudo fica confuso quando sinto um dos pés se chocar contra meu rosto. De repente fica tudo preto e a única coisa que consigo fazer é pensar em Izzy, e pensar que eu tinha que proteger ela a todo custo.

Mas já tinha desmaiado.

O Protetor - 4° GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora