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Renjun correu até a universidade o mais rápido que pode, já que era extremamente tarde. De todos os dias possíveis, teve que chegar quinze minutos tarde justamente quando era semana de provas. Uma semana cansativa para todos.

Este seguia correndo por todo o campus universitário. No momento em que viu a sala de aula imediatamente bateu na porta e pediu desculpa por chegar tarde, recebendo todos os olhares dos alunos da sala. O professor lhe advertiu para que isso não voltasse a acontecer e Renjun assentiu envergonhado enquanto ia até o seu assento.

-Por que chegou só agora? - Perguntou Chenle, seu amigo.

-Meu despertador não tocou. - Sussurrou Renjun deixando suas coisas ao seu lado.

-Por que? Você não o ligou?

-Não, ontem fiquei procurando algumas vagas de trabalho pela internet e não liguei.

-Ah, me conta isso mais tarde. - Sussurrou Chenle ao receber a prova.

A prova foi entregue e Renjun agradeceu porque estava fácil. Nesses dias ele havia estudado tanto a ponto de sequer ter tempo para dormir ou sair. Ele normalmente não estava acostumado a estudar e deixava por conta da sorte, mas quando entrou na universidade tudo isso mudou drasticamente.

Quando ele terminou o exame, entregou-o para o professor para depois sair da classe já que a aula havia terminado. Recostou seu corpo na parede para esperar seu amigo, respirando fundo enquanto ficava feliz por ter ido bem.

-Se chegasse dois minutos mais tarde iria perder a prova.- Disse Chenle saindo da sala para aproximar-se dele.- Teve sorte.

-Não é algo que me dá orgulho.

-Você me falou sobre o trabalho. Não está interessado em trabalhar na biblioteca daqui?

-O salário é péssimo.

-Mas a comida compensa. Por que você está tão desesperado por um trabalho? Desde ontem você está assim, achava que seus pais te ajudavam com os gastos.

-Por isso mesmo. Estou com quase vinte e quatro anos e meus pais me ajudam...Eu não deveria ter vergonha?

-Não, é normal. Muitas pessoas gostariam de ter a ajuda dos pais na sua idade. - Ambos começaram a caminhar até a próxima sala. - Quais trabalhos você encontrou?

-Mandei meu currículo para algumas empresas vinculadas a universidade e nenhuma me contatou... Bom, na realidade, apenas uma, mas não tinha nada em comum. É uma escola de idiomas.

-Pelo menos te aceitaram em algo. - Disse seu amigo. - O que você vai fazer hoje de noite?

-Acho que vou estudar ou ver algum filme.

-Perfeito, me unirei a você.

-Por que? - Perguntou Renjun confuso. Ele não se surpreendeu, já que algumas vezes ambos se juntavam na sua casa, já que ele vivia sozinho, e Chenle gostava de aproveitar disso para estar longe de seus pais.

-Meu irmão acabou de chegar de viagem e vai ficar em casa. Não quero ter que aguentar ele. Brigamos sempre e meus pais ficam me incomodando dizendo que somos uma família e blá blá. É horrível ter que aguentar eles.

O mais velho negou com a cabeça sorrindo. Mas depois sussurrou um "claro".

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Renjun olhou a hora em seu celular e notou que estava quase escurecendo. O garoto vivia em uma das pequenas casas de baixo custo em uma linda vizinhança. Não eram de luxo, contudo também não eram ruins. Ele era muito organizado e tratava de fazer com que sua casa tivesse um toque seu para que qualquer convidado se sentisse acolhido.

Cumprimentou seu vizinho de forma amável ao chegar em sua casa. O que lhe agradava era que quase metade das pessoas que viviam ali estavam em sua velhice e era uma vizinhança silenciosa. Ele odiaria ter vizinhos adolescentes que queriam fazer festas todas as noites ou que fizessem muito barulho. Sua cabeça doía só de pensar.

Ele subiu as escadas e se surpreendeu ao ver uma caixa de papelão em frente a sua casa, provavelmente algum entregador havia deixado ali após ele sair de manhã. Renjun se abaixou para observá-la com atenção e sequer foi delicado ao arrancar seu laço até poder abri-la. A primeira coisa que se pode ver foi uma folha com algo escrito, ele a pegou.

"Olá filho, sei que as provas podem te deixar cansado e você deve estar muito estressado. Fiz algo para você comer e também te dei dinheiro. Por favor me ligue quando isto chegar. Te amo bebê."

Era da sua mãe, ele conhecia sua letra. Renjun sorriu e segurou a caixa com as mãos para levantar-se depois e pegar as chaves de casa. Estava a ponto de abrir a porta, mas um miado o deteve.

-Oh, Mimi. O que está fazendo aqui tão tarde? - Perguntou ao ver a gatinha pulando uma pequena cerca e parar na sua frente. - Veio jantar? Só um segundo.

Mimi era uma gata de rua que sempre vagava pela vizinhança. Normalmente ela só visitava Renjun para ser alimentada e depois ia embora.

Ele deixou a caixa na mesa e buscou comida para a gata. Saiu minutos depois

e entregou-lhe a lata de comida para gatos que sempre comprava para ela. Mimi imediatamente começou a comer enquanto Renjun se agachou para acariciá-la.

-Mimi, amanhã não vou poder te alimentar. Tenho que ir cedo ao restaurante, é meu último dia. - Contou enquanto acariciava sua cabecinha. - Deve ser ótimo ser um gato. Você apenas come, explora o mundo e dorme.

A gata miou como se queixasse e continuou comendo. Renjun soltou um riso com ternura.

-Desculpa, não deveria julgar a sua vida. Até os animais devem ter uma vida difícil...

Sem mais, deixou a gata comer sozinha e entrou em sua casa para depois guardar a comida que sua mãe lhe enviou. A mãe de Renjun vivia em um pequeno vilarejo em Boseong. De vez em quando ela mandava dinheiro e comida, mesmo que seu filho sempre reclamasse dizendo que não era necessário.

Renjun ligou para sua mãe, onde eles conversaram um pouco, para depois ir tomar banho e esperar por Chenle. Enquanto isso, passou a estudar por horas até que seu cérebro e sua energia se esgotassem.

Ele acabou dormindo no seu escritório. 

Second Life (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora