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-Me liga em dez minutos.- Jeno disse enquanto prendia o relógio em seu pulso.- Não quero ter que passar todo o jantar com ele.

-Não acha que seria falta de respeito da sua parte ir embora sem mais nem menos? É seu primo...- Perguntou Jisung olhando ele pelo retrovisor do carro.

-Seria mais desrespeitoso ter que escutar suas palavras absurdas para tentar me convencer. Ele está desesperado.

Sem mais, Jeno saiu do carro e caminhou até o luxuoso restaurante. Ele foi guiado por uma garçonete até a mesa que ficava na sacada, que proporcionava uma vista charmosa da cidade. No momento que Jeno avistou Mark, ele mostrou um sorriso amigável, sendo que claramente estava fingindo. Ele odiava ter que vê-lo.

-Fico feliz em te encontrar. -Mark comentou vendo-o se sentar na sua frente.

-Você viajou por tanto tempo apenas por causa da minha conferência. Deveria estar agradecido?

-Você não deveria ser tão egocêntrico, Lee. – Sussurrou Mark enquanto abria o cardápio e começava a ler. – Também tenho outros negócios para supervisionar.

-Claro, vamos fingir que sim.

-Entretanto... O robô me chamou a atenção. Na realidade, todos os acionistas estão interessados, fiquei sabendo que eles entraram em contato contigo. Todos falaram muito bem de você e parece que vão estar ao teu lado.

-Ele ainda está em desenvolvimento, só foi... Uma pequena demonstração, como eu deixei claro no convite. – Disse sem dar muita importância, dando um ar de mistério ao assunto.

-Seu pai estaria tão orgulhoso de ti. - Mark disse com veneno em suas palavras. - Ele te deu a maçã, mas você a mordeu para depois jogar ela no lixo.

-Os negócios não estão associados à família.

-Você sabe que...

-Que será um sucesso e que você quer um pouco disto. É isso que você queria dizer? – Jeno perguntou terminando sua frase. Mark sorriu sem mostrar os dentes. Na verdade, as palavras de ambos soavam frias e secas.

-Não com essas palavras. – Sussurrou Mark enquanto colocava seus cotovelos sobre a mesa e entrelaçava suas mãos. – Sei que a minha companhia não te agrada, então irei ao ponto. Quero que seu robô trabalhe para mim.

-Para você? Ou é para algum dos seus sócios? – Jeno perguntou. – Além disso, eu acabei de dizer que está em desenvolvimento. Qual palavra você não entendeu?

-É para o Haechan.

No mesmo momento Jeno fechou os punhos em um ato reflexo para depois mudar seu semblante sério para um incomodado. O maior engoliu em seco, negando o seu nervosismo.

-Ele... Tem só alguns meses de vida e quer o JAE01.

-Na verdade, você é corajoso por me pedir isso. – Sussurrou quase de maneira raivosa. – Depois de tudo, você só fala comigo por conveniência.

-Não se aplica a nós dois? – Atacou o mais velho. Jeno deu um longo suspiro tratando de se acalmar.

-Você pode esperar que saiam à venda. Mas você realmente sabe que eu não te darei o JAE01. Não para ele.

-É sério que você vai negar ajuda ao Haechan? – Mark perguntou desviando um pouco da formalidade.

-Haechan não precisa de ajuda, ele pode morrer sozinho e todos ficaremos felizes. No final, é o que ele merece.

O mais velho levantou-se do assento para depois negar com a cabeça. Isso era muito estressante.

-Vamos vincular as empresas. – Mark deu a ideia. – Assim a tecnologia da minha empresa no Canadá o ajudaria muito. O protótipo poderia ficar melhor do que já está. Nós dois ganharemos muito dinheiro com isso.

-Por que você continua sendo apegado ao Haechan? Por que você continua do lado dele? – Jeno perguntou sem entender.

-Esse não é o assunto.

"Não novamente" Mark pensou.

-Não, não vou aceitar que o JAE01 fique com Haechan.

-Então você não vai aceitar que a minha empresa poderia melhorar ele? Poderia ser um robô ideal para a sociedade.

-Ele já é.

-Você tem certeza? – Mark perguntou começando a ficar irritado. – Tenho que te lembrar que a minha empresa está mais acima que a sua, nós podemos criar um protótipo igual ao seu e ter mais sucesso que você.

-Se você tivesse me dito que ia me chamar aqui apenas para me ameaçar para aceitar a sua proposta, eu nem tinha me dado o trabalho de vir.

Jeno estava a ponto de ficar em pé, mas o mais velho imediatamente o segurou pelo braço, detendo-o. Nesse mesmo instante o celular do mais novo começou a tocar.

-Tenho uma reunião para ir. Não volte a me chamar se for para falar sobre essa obra de caridade estúpida. – Sem mais, Jeno deixou ele sozinho. Mark revirou os olhos enquanto olhava ele indo embora.

-Maldito...

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-Aqui diz que você fala chinês, japonês, tailandês, espanhol, italiano e inglês perfeitamente.

-Isso mesmo. – Renjun confirmou.

-Pelo o que eu posso ver suas qualidades são adequadas para o que estamos buscando.

De alguma maneira ele havia aceitado a única entrevista que tinha e era algo raro para si.

-Ser tutor para alunos pode ser algo complicado. Alguns pais são muito críticos e querem que seus filhos mostrem suas capacidades de maneira rápida. Poderá lidar com isso? Porque nós não somos responsáveis por isso.

-Claro que posso.

-Perfeito. Então vou te entregar um pequeno contrato e te confirmaremos no site para que eles possam te contratar.

Renjun assentiu e o homem se foi. Ele não pode evitar ficar emocionado. Havia conseguido um trabalho como professor de idiomas.

Ele assinou alguns papéis e leu algumas condições importantes. Também o homem lhe contou algumas experiências de outros tutores e depois disse como tudo funcionava para por fim despedir-se e desejar-lhe boa sorte.

Renjun saiu do escritório e olhou para Chenle que estava sentado em um dos sofás de espera enquanto jogava algum joguinho em seu celular. Ele sentou-se ao seu lado para apoiar sua cabeça no encosto com um sorriso de alívio.

-Já sou oficialmente um tutor. – Renjun disse enquanto estendia seus braços para cima para espreguiçar-se.

-Então? É um professor?

-Não, não sou professor.

-Mas vai ensinar as crianças.

-Não, Chenle, não. Famílias ricas vão me contratar para ensinar algum idioma aos seus filhos.

-Eu odeio famílias ricas. – Chenle disse bloqueando seu celular.

-Você é de uma família rica.

-Por isso mesmo eu odeio. Minha mãe contratou alguém como você para que me ensinasse inglês e ela tratou a pessoa tão mal que ela acabou chorando. E se fizerem isso com você?

-O salário é bom.

-Mas vão te maltratar.

-Não vão.

-E as aulas? Você vai ter tempo? – Perguntou o mais novo com curiosidade.

-Podem ver meus horários no site.

-Bom... Então vamos ter menos tempo para nos vermos.

-Eu te vejo todos os dias nas aulas.

-Certo, isso é o suficiente. – Disse Chenle enquanto se levantava. – Vamos comer porque tô morrendo de fome. Você paga.

-Como quiser. 

Second Life (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora