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Lucas colocou um cotovelo na mesa e apoiou o queixo em seu punho. Renjun estava rabiscando algo em seu caderno.

-Vai demorar mais quanto tempo? - Perguntou Lucas.

-Já tá quase acabando.- Sussurrou o menor e Lucas bufou se mexendo na cadeira. Sem pensar muito, pegou seu celular para se distrair, mas Renjun o repreendeu.- Eu te falei que não era pra usar o celular.

-Mas você tá demorando muito.

-Olha, tá pronto.- Renjun estendeu o caderno. Ele havia feito uma tabela com os pronomes em inglês.

Lucas pegou o caderno e tentou pronunciá-los. Sua pronúncia era péssima e ele se deu conta disso, já que deixou de lê-los e jogou o caderno na mesa com raiva.

-Por que parou? Você tava indo bem.

-Bem? Minha pronúncia é horrível.

-Você tá apenas começando, é normal ter erros...

Renjun ficou quieto ao ver um corpo familiar ao longe. Este estava sendo levado à força pelos seguranças até a saída, enquanto ele parecia estar articulando as palavras com timidez.

-Espera um segundo.- Renjun pediu enquanto se levantava e corria até a cena.

Jaemin sequer parecia como se quisesse impedir, somente tratava de explicar a situação. Entretanto, quando ele viu Renjun, começou a fazer força para ir até ele.

-Desculpe, espera, calma.- Renjun disse, se colocando na frente do segurança.

-Você conhece ele? - Indagou o segurança.

-Infelizmente.- Contestou.

-Então vou te pedir que por favor tire seu amigo daqui. Ele estava fazendo um escândalo.

-Escândalo? - Renjun perguntou observando Jaemin.- Olha, provavelmente foi algum mal entendido e...

O segurança o ignorou e seguiu arrastando Jaemin até tirá-lo da biblioteca. Surpreso, Renjun o seguiu até a saída. Ao chegar do lado de fora, o segurança soltou Jaemin e depois alertou que se ele voltasse a perturbar as pessoas, então teria seu acesso ao local negado.

-O que tu fez?! - Gritou Renjun sem entender.- Só te deixei sozinho por vinte minutos!

-Eu ia comprar algo para você comer, mas sem querer trombei com alguém e derrubei o café dele.

-Perfeito, perfeito.- Renjun exclamou sarcástico.- Supostamente você não é um robô? Você não deveria, supostamente, fazer tudo de maneira perfeita?

-Tenho algumas falhas...

-Como você vai ter fal...?!

-Como isso é divertido.- Quando Renjun escutou a voz de Lucas atrás de si, ele se virou.- É nossa primeira aula e já te expulsaram... Junto com seu amiguinho.

Renjun abriu a boca, mas as palavras não saíram. Não queria que ele ficasse bravo e fosse embora. Lucas o fuzilou com o olhar.

-Que ótimo, me fez perder tempo. Falarei pra a minha mãe pra que ela te pague a metade do valor, já que nem ficamos uma hora. Nos vemos no sábado, te mandarei a localização logo.

Lucas jogou as coisas que Renjun havia levado consigo e ele, de forma desajeitada, as pegou com dificuldade. Sem mais, Lucas foi embora.

O mais velho praguejou baixinho e depois olhou Jaemin com ódio.

-Eu sinto muito.

-Claro que você não sente, você é um...- Renjun mordeu a língua, já que não queria sequer pronunciar essa palavra.- Você não tem sentimentos, claro que você não sente muito. Deveria ter chamado a polícia desde o começo, assim você iria com eles ao invés de me arruinar.

Renjun voltou a praguejar para depois começar a afastar-se dele. Jaemin, por sua vez, o seguiu por todo o caminho, mantendo uma grande distância entre eles.

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O único som que se podia escutar no quarto era dos pequenos bips provenientes do monitor cardíaco. Ele abriu os olhos lentamente ao despertar da sua pequena soneca. Sentou-se na cama e depois observou seu braço, onde estava conectado o soro.

Deduziu que era de manhã, já que podia avistar o sol entrando pela janela, iluminando o quarto. Sempre fechava as cortinas, já que preferia estar na escuridão total, mas as pessoas que faziam a limpeza sempre as abriam, pelo seu bem e porque, basicamente, eram ordenadas.

Ele afundou a cabeça em suas mãos, evitando a vontade de chorar. Tinha sonhado com ele de novo.

Doía ter que encontrá-lo em seus sonhos. O pior de tudo, era que ele atuava como se nada tivesse acontecido. Se fossem anos atrás, esses sonhos seriam encantadores, mas agora, somente pareciam pesadelos.

Algumas batidas na porta fizeram com que ele imediatamente levantasse o olhar, passando seus punhos em seus olhos, limpando algum rastro das lágrimas.

-O que está acontecendo? - Ele perguntou ao observar a senhora mais velha, que usava uniforme, entrar no quarto.

-O jovem Mark Lee chegou faz uns dias e deseja vê-lo. Quer que eu o deixe entrar?

Haechan assentiu sem muita animação.

-Quer que eu prepare seu café da manhã favorito?

-Não. Não estou com fome.

-Mas o seu médico disse...

-Eu disse que não.- Ele a deteve levantando sua mão, indicando que ela se calasse.

A senhora assentiu tristemente e fechou a porta. Segundos depois a porta foi aberta novamente, deixando Mark entrar com uma roupa casual e mais confortável. Seu visual se constituía de uma camiseta básica com algo estampado e jeans totalmente pretos.

-Por que você continua usando essa roupa? Se supõe que você é o CEO e não um adolescente.

Mark forçou um sorriso, seria engraçado se fosse outra situação. Ele se sentou na pequena cadeira ao lado da cama.

-Falei com Jeno.

Haechan ficou atento de imediato. Mark limpou sua garganta para depois segurar a mão dele e deixar um beijinho terno nos nós de seus dedos.

-Ele não aceitou.

Haechan puxou sua mão. Era evidente que não aceitaria, já que ele o odiava, mas também ele odiava a si mesmo. Se pudesse, agora mesmo se desconectaria da máquina e se daria por morto.

Mas ele não queria ir embora desse mundo sem antes voltar a ver o Jaemin. Sem antes pedir perdão a ele.

-Por que ele fez isso? - Perguntou Haechan.- Por que ele nos maltrata dessa maneira criando ele?

-Ele está ferido.

-Mas... Por que só não deixa ele ir? - A voz de Haechan começou a soar fraca.- Como pôde criar ele?

-Não se preocupe. Tenho algo debaixo da manga para que ele aceite. Poderia arruinar ele se quiser.

-Não.- Haechan pegou sua mão em um ato reflexo. Seu olhar dava a entender que tinha medo dele.- Se você o deixar fora do caminho, ele irá se vingar. Na verdade, ele poderá se vingar de mim.

-Isso não vai acontecer.- Mark prometeu.- Ele não vai te machucar.

Haechan abaixou o olhar e começou a soluçar em silêncio. No mesmo instante, Mark sentou-se ao seu lado para consolá-lo.

-Pare de pensar nisso. Eu te prometo que você vai ver ele antes de ir embora.  

Second Life (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora