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Jeno abriu o frigobar que se encontrava ao seu lado e pegou uma bebida energética. Ele tinha perdido a noção do tempo e seus dedos doíam de tanto digitar. Seu cabelo estava um desastre e seus olhos estavam avermelhados de tanto forçar a vista.

Jeno deixou o teclado de lado e esfregou os olhos, bocejando. Ele olhou para o lado esquerdo e lá estava um quadro negro com todo o conteúdo de JAE01, desde os aparatos mecânicos usados, até as partes de seu corpo, além das falhas que teve no começo e suas características. Todas as fotos e escritos feitos por ele. De alguma forma, parecia um jogo complicado de se resolver.

Ele ainda se lembra de quando teve a ideia de criá-lo. Jeno tinha passado por tanta coisa que foi a única saída que ocorreu a ele. Seu pai, desde quando ele era pequeno, tinha lhe ensinado tudo sobre robótica e Jeno escolheu seu curso na faculdade se baseando nisso. No final, ele se tornou mais esperto que seu pai. Tanto que Jeno havia tomado o lugar do seu pai na empresa. Agora a empresa pertencia a Jeno.

Era um péssimo filho? Provavelmente. Jeno se importava com isso? Não. De qualquer forma, seu pai não estava mais vivo. Mas, talvez, seu pai ainda se revirasse no túmulo de raiva.

-Onde você está...? - Jeno questionou, sussurrando, ao observar a fotografia do Jaemin robô. Ele a pegou, para depois sentar-se novamente, admirando a foto com calma, como se ela fosse dar a localização dele só de olhá-la. Sua preocupação aumentava à medida que as semanas se passavam.

Um som provindo do computador chamou a atenção de Jeno instantaneamente. Um texto vermelho tremeluzente apareceu na tela.

Ele se endireitou e começou a digitar desesperadamente. No momento que uma nova janela se abriu na tela, seu coração parou por um momento

"Localização encontrada"

Jeno, imediatamente, clicou na janela e analisou o mapa de uma pequena vizinhança em Seul, vendo um círculo azul que tremeluzia indicando a localização atual.

-Mas... como assim? - Jeno murmurou ao ler o nome da rua. Parecia familiar.

Sua mandíbula ficou tensa ao se dar conta do que se tratava e sentiu o medo correr por suas veias. Passou as coordenadas para o celular e imediatamente ligou para Jisung. Isto não poderia estar acontecendo. A situação atual era péssima.

Com as mãos trêmulas, ele buscou o contato do seu assistente.

-O que aconteceu? - Jisung perguntou, ao atender a ligação.- Está tarde, por que está me...?

-Eu encontrei o JAE01.

-Onde ele está?!

Jeno sentiu um nó em sua garganta, sequer podia falar. Ele abria a boca, mas suas palavras não saíam, como se fossem uma lâmina passando lentamente por sua garganta, machucando-o.

-Jeno? Onde ele está?

-Ele... está na sua casa.

-Oi? - Jisung indagou sem entender. - Como que ele está em casa?

-JAE01 está na antiga casa de Jaemin.

Jisung quase deixou o celular cair no chão quando escutou essas palavras. Ele agarrou o aparelho com força e tentou se acalmar.

-Como ele sabe onde é esta casa? Você adicionou essa informação nele?

-Não. Não. Merda. Por que eu faria isso? Só ia me machucar mais.

-Então como o JAE01 saberia disso? Ele não tem como saber.

-E-eu não-o sei...

-Você tá em casa?

-Sim.

-Estou indo aí. Agora.

Jisung desligou a chamada e Jeno desmoronou. Deixou sua cabeça cair em seus braços, escondendo seu rosto, enquanto apertava seus lábios. As lágrimas estavam ameaçando sair.

Ele não queria ir até a antiga casa de Jaemin. Jeno se negava. Ele teria que enfrentar os momentos que insistiam em ficar em suas memórias.  

Second Life (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora