Tomo o café enquanto estou sentada na cadeira gelada da casa que Lizzie afirmou ser dela. Bato dedo após dedo na mesa impaciente, depois de alguns instante noto que Liz fica incomodada com o som e se pronuncia:
— olha, eu não sou a melhor pessoa pra te ajudar com tudo o que está acontecendo com você agora, mas posso te levar pra conversar com algum dos seus irmãos ou seu pai.
— eles ainda moram na mansão?
— não mais, todos seguiram seus caminhos inclusive você.
— quem eu sou?
— você é professora de tecido acrobático e eu sou sua aluna e melhor amiga.
— eu não sei nem o que é isso.
— posso te levar ver mais tarde.
— eu ficaria grata Liz, também aceito ver meu pai agora se você puder.
— claro, coloque sua roupa que está na mesinha perto da cama, vou ligar o carro e já vamos.
Volto ao quarto para trocar de roupa, tiro o pijama de Lizzie e coloco uma calça jeans e uma regata preta; me olho no espelho analisando o quanto meu corpo mudou, meu rosto e tudo em mim agora são de uma adulta, viro de costas olhando meus glúteos firmes e coxas grossas imaginando quantas horas devo ter passado em academias para estar tão malhada. A sensação de estar tão diferente me causa uma certa repulsa, pois essa não sou a eu de horas atrás, quantos anos perdidos que não me lembro…
Vou atrás de Lizzie e saímos a caminho da mansão, durante o trajeto trocamos poucas frases, mas noto que Lizzie me olha frequentemente preocupada e um pouco assustada, estou tão atordoada que não sou capaz de pensar em qualquer frase aleatória pra quebrar o silêncio constrangedor.
Chegando na mansão agradeço Liz por ter me levado até ali, ela se oferece para me acompanhar, mas recuso sua oferta seguindo sozinha para dentro, tudo continua como me lembro apenas com pouco desgaste do tempo, mas mantendo o mesmo ar caótico de sempre. Avisto Grace sentada observando os quadros da parede e não consigo evitar correr para um abraço.— que saudade mãe.
— olá querida, que surpresa agradável.
— você poderia me dizer onde papai está?
— ele está no escritório ocupado, mas posso fazer bacon e ovos para você o que acha?
— papai sempre está ocupado, vou invadir a sala dele mesmo.
Saio dali apressada e entro dentro do escritório onde o velho está lendo alguns papéis que quando entro ele guarda rapidamente e me questiona:
— o que está fazendo aqui número 8?!
— eu não lembro de absolutamente nada dos últimos anos e você vai me contar. — falo sentando na poltrona não demonstrando nenhuma vontade de sair dali sem explicações.
— se está com problemas de memória procure um médico, não tenho nada do que procura.
— o engraçado é que uma das últimas coisas que me lembro é você com uma foice tentando matar meus irmãos. — ergo uma sobrancelha em tom de ameaça para ele.
— você devia estar drogada, pois nada disso faz sentido, procure um psiquiatra. — ele fala calmamente, mas consigo ver preocupação nos seus olhos.
Nervosa pela falta de empatia já esperada da parte dele saio da mansão brava, bato a porta de vidro que acaba trincando, mas não me importo. Andando apressada pela rua vejo que algumas lojas são novas ali, mas ainda há o melhor lugar que vende rosquinhas na cidade inteira: Griddy's Donut. Entro e me sento aguardando a atendente atenciosa que pega meu pedido e se retira para a parte de trás, fico distraída olhando os donuts quando de repente uma mão gelada toca meu ombro e minha espinha estremece.
— eu estava com saudades, garotinha.
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Uɴғᴏʀᴇsᴇᴇɴ || Five Hargreeves
Hayran Kurgu"inebriante" assim s/n deve o descrever. Não sabe ao certo sobre o que sente ou se sente, Five a corresponde? O desejo de poder insaciável de uma gestora ardilosa e cruel, até onde ela será capaz de ir para conseguir o que tanto almeja? Seria um amo...