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Hela e Forkas se esgueiravam pelos corredores até enfim chegar a uma porta de ferro cheia de ferrugem, aquela porta levava até as celas onde as crianças estariam e era um grande problema já que a tal porta não seria aberta silenciosamente, o barulho das dobradiças e do peso da maldita iria acordar qualquer um e alertar quem quer que estivesse ali dentro. Ela sabia que não haveriam muitos do soro negro ali, que a maioria estaria disposta no acampamento dos Maiorais sendo as armas que foram criados para ser, o que não significava nada, um barulho suspeito dentro do castelo e eles escutariam, de onde quer que estivessem. Hela xingou ao se ver sem opção alguma, a porta era sua única entrada para as celas. Fazendo sinal para que Forkas permanecesse em silêncio ela levou as mãos a tranca de ferro pesada e a girou fazendo com que o barulho das engrenagens rangesse alto, se tivesse sorte achariam que era apenas um guarda entrando ali. Hela empurrou a porta fazendo um barulho alto quando essa se arrastou e quando bateu na parede, dali do portal ela e Forkas podiam ver a escada que sumia em espiral entre as paredes iluminadas por tochas de fogo azul, descia até as celas.

Hela deu um passo para descer, suas pernas tremiam, não, era não estava com medo, mas seu corpo se lembrava de tudo, se lembrava da noite em que os guardas foram até sua cela e a arrastaram dali, subiram essas escadas e a levou até o laboratório onde tudo o que era foi mudado. A mestiça engoliu em seco e firmou os joelhos, não deixaria aquele lugar lhe arrancar mais nenhum sentindo pavoroso, não mais.

— Forkas, vigie as minhas costas — ordenou ela enquanto descia os degraus com Forkas ao seu encalço. O pequeno nada respondeu, apenas assentiu com a cabeça e ficou mais atento, em prontidão para avisar sobre qualquer perigo. Virando e virando até enfim chegar a um corredor largo onde várias portas de ferros inteiriças estavam fechadas, cada uma tinha apenas uma portinhola bem quase rente ao chão por onde as refeições eram dadas as crianças, Hela fechou os olhos e respirou fundo, se concentrou o bastante para perceber que pelo menos metade das celas estavam ocupadas e que haviam pelo menos seis guardas na sala da guarda, pareciam discutir sobre quem iria ver quem havia aberto a porta.

— Hel...

— Se esconda — disse Hela num sinal para o pigga se esconder e esse se enfiou numa sombra quase desaparecendo. Hela movimentou as mãos fazendo com que os anéis de seus dedos indicadores se tornassem as adagas prateadas e manteve as mãos ao lado do corpo, aguardou pacientemente até escutar os passos das botas de um dos guardas e os resmungos repletos de palavrões, quando esse virou para o corredor onde Hela estava e a viu travou no lugar. A fêmea deu um pequeno sorriso ao ver a face encoberta por um elmo preto e manobrou as duas adagas nas mãos, talvez fosse tarde para se vingar de alguém e era claro que aqueles guardas comuns não eram os mesmos de quando era criança há mais de cento e dez anos atrás, mas, poderia imaginar que eram os mesmos.

O guarda abriu a boca para alertar os demais, mas numa questão de segundos Hela já estava em sua frente, ela era rápida demais para os olhos humanos que viram apenas o brilhar dourado da lâmina iluminada pelas tochas. Hela enfiou a adaga na lateral do pescoço do guarda depois a tirou rapidamente, ele não teve chance de revidar, o som do corpo sem vida caindo como um saco de babatas ecoou pelos corredores das celas, as crianças estavam dormindo e provavelmente fracas demais para se importar com aquele barulho, mas os guardas saíram de sua sala de descanso e logo encontraram Hela limpando a lamina da adaga nas roupas do homem morto ao chão, ela olhou para os outro cinco com os olhos cinza esverdeados reluzindo a pouca luz das tochas. Um dos homens xingou dando as costas parta fugir correndo, mas uma das adagas voou e o acertou bem no meio das costas, ele caiu morto e seus companheiros olhavam do corpo para Hela que estendeu a mão chamando a adaga para ali, a arma se desprendeu das costas do guarda e retornou para a mão da dona. Os guardas levavam as mãos aos punhos das espadas ao lado do corpo, mãos tremulas envoltas por luvas de couro, aquelas malditas mãos com luvas de couro que bateram centenas de vezes em Hela, que a pregaram contra uma parede.

Corte de Asas Perdidas. CONCLUÍDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora