Kindness and Courage- a Cinderella story

Internal scars

Oi oi gente, antes de vocês lerem esse capítulo alguns avisos:
— Pode conter alguns temas um pouco pesados, como violência e abuso psicológico, não aprofundei muito nesses temas, pois não me senti preparada para escrever coisas tão sensíveis, porém mesmo sendo superficial pode ser um gatilho para alguém, leiam com cuidado.
— Ele se passa no tempo das buscas pela princesa, ao mesmo tempo que os capítulos anteriores.
Eram só isso, espero que gostem
Boa leitura

Enquanto as buscas pela dona do sapatinho continuavam, após o acordo do príncipe Sirius com o Grão Duque, longe do castelo, bem afastado do reino, Lily vivia como uma prisioneira de sua própria família. Apesar de sua vida após a morte de seus pai ter sido infeliz e bem diferente de sua infância amorosa, agora poderia ser comparada ao próprio inferno.

Após sua briga com a madrasta, aquela em que a mais velha quebrara seu sapatinho de cristal e uma das únicas provas concretas da sua noite no baile, a vida da ruiva se tornou muito pior. Obviamente o tratamento que as postiças tinham com ela piorou exponencialmente, mas dessa vez era pior porque ela havia tido uma prova da liberdade, do que era ser amada novamente tão plenamente como James lhe amou naquela noite, e ter o conhecimento da existência de fadas lhe fez acreditar muito mais que sim, havia uma vida fora daquela casa e não precisava ficar naquele lugar que tanto lhe fazia mal, não precisava continuar ali mesmo sendo a casa de sua família, sempre levaria seus pais consigo não importa para onde fosse.

Por isso pela primeira vez em sua vida, ela tentou algo que nunca havia feito antes "fugir de casa", pra valer dessa vez, não como as caminhadas que ela constantemente dava para fugir um pouco daquele ambiente horrível em que lhe colocaram. Iria ser algo definitivo, seu plano era chegar a cidade e nunca mais voltar naquela casa novamente, arrumou uma bolsa com algumas roupas, e panos que lhe serviriam de cobertores a noite, agradecendo por ser primavera e o frio não estar tão presente e as chuvas não haviam começado ainda, e algumas frutas para se alimentar na caminhada de pelo menos dois dias até o centro da cidade. Levaria menos se utilizasse um dos cavalos, mas não podia correr o risco de despertar as postiças com o som do curral se abrindo.

Por isso na noite escolhida, pouco mais de duas semanas após o anúncio das buscas pela princesa misteriosa, ela abriu a porta de seu sótão, utilizando um grampo de cabelo em truque que Remus havia lhe ensinado anos antes, e fez o máximo para não fazer nenhum barulho enquanto descia aquela escada de madeira circular. Foi difícil, a cada degrau ela rangia um pouco mais e fazia a ruiva ter medo de acordar sua madrasta ou as duas meio-irmãs.

Quando seus pés encontraram o chão da sala de entrada da casa, respirou aliviada, arrumando sua bolsa em seu ombro e andando rápido, pronta para fugir daquele lugar que lhe tanto fez mal e finalmente viver sua vida como uma pessoa de verdade, sem precisar servir alguém de graça ou sofrer nas mãos de Tremaine e suas filhas.

Não iria sair pela entrada principal, aquela porta normalmente fazia barulho ao ser aberta e não podia arriscar naquele momento, então a porta dos fundos foi a escolhida. Andou na ponta dos pés até lá, comemorando internamente quando chegou na cozinha escura com sucesso, mais alguns passos e poderia sair de casa para sempre. Porém quando suas mãos quase tocaram a maçaneta da porta, sentiu tudo dar errado quando ouviu uma risada no escuro do cômodo, reconheceria aquele som odioso em qualquer lugar e era a última coisa que queria ouvir naquele momento.

— E eu pensando que você nunca fosse tentar escapar Cinderela- A madrasta falou se levantando da cadeira onde estava, acendendo a vela ao seu lado. Mesmo se sentindo encurralada, Lily ainda tentou abrir a porta, somente para encontrar Dolores do outro lado segurando um punhal e parecendo se divertir com a situação.

Antes que pudesse pensar muito, sentiu algo se prendendo em seu pulso. Não teve tempo de reagir quando suas mãos foram presas em suas costas por Petúnia. As risadas das mulheres perfuraram seus ouvidos e lhe deu vontade de chorar ao mesmo que lhe deixou um pouco tonta, mas não iria dar esse gostinho a elas, por isso ergueu o queixo olhando no fundo dos olhos daquela mulher em sua frente, tentando focar no que acontecia em sua frente.