Seu coração batia rápido com o possível reencontro, já haviam se passado duas semanas desde o baile, desde seu encontro com Remus, e desde que dividiram uma cama pela primeira vez. Se fechasse os olhos, ainda conseguia sentir os beijos do homem por seu corpo e a sensação de seus lábios em volta de seu pênis, que já começava a se animar pela lembrança. Tratou de pensar em outras coisas, iria para lá com o intuito de conversarem e não poderia se distrair com aquelas lembranças, mesmo que fossem deliciosas.
Avistou a casa e a oficina da Família Lupin e sorriu ao ver seu amado pela janela aberta, costurando algo com a ajuda de sua mãe. Sentiu o estômago gelado ao pensar que iria conhecer os pais de Remus, mesmo que não soubessem do relacionamento dos dois, ainda seria seu primeiro encontro com seus, se tudo corresse bem com aquela conversa, sogros. Fez o cavalo diminuir a cavalgada e trotou lentamente até a praça onde iria amarrar seu cavalo, desceu de sua sela recebendo alguns olhares dos camponeses. Sabia que após o baile de seu irmão, seu rosto se tornara conhecido, já que após a saída repentina de Remus, fora obrigado por seus pais a permanecer no baile e dançar com várias garotas, após tomar um banho é claro.
Arrepiou quando viu, pela janela que servia de "vitrine" para o local, o pai de Remus entrar na oficina e conversar algo com o filho que acenou positivamente e saiu do cômodo. Estava cogitando a possibilidade de ir embora e deixar essa conversa para outro dia, quando observou o olhar do casal mais velho focar em sua figura, era tarde demais para ir embora.
O sino soou pela loja quando abriu a porta de madeira, tudo parecia exatamente do mesmo jeito de quando visitou Remus e o convidado para ser seu par no baile. A única diferença gritante era o casal parado no meio do local, perto da mesa de desenho onde criavam os modelos novos de calçados. Presto um pouco mais de atenção nos pais de seu amado quando entrou totalmente na oficina.
A mãe dele parecia doce, tinha os olhos gentis e um sorriso doce ao fitar Sirius, os cabelos eram mais claros que os de Remus e caiam soltos pelas costas vestidas com um vestido simples. Ela era bonita, pensou Black. Era uma mãe, isso era bem óbvio, mas diferia de sua mãe adotiva que apesar de gentil era severa e tinha um ar que preenchia o ambiente, talvez por ser rainha. Sirius gostou dela.
O pai de Remus era como uma cópia mais velha do filho, e isso era assustador. O mesmo cabelo castanho alourado, o mesmo nariz e até mesmo suas maçãs do rosto eram parecidas. A única diferença gritante talvez sejam os olhos, os de Remus eram gentis e calorosos, pareciam prontos para ajudar qualquer pessoa e não levar nenhum crédito por isso. Já os do homem a sua frente, eram severos, irritados e ele conseguia perceber a mente fechada dele só pela forma que lhe olhava. Sirius sabia estar longe dos padrões de masculinidade da sociedade, gostava de manter o cabelo longo e até mesmo havia furado sua orelha para colocar o brinco de diamante que ganhou de sua mãe em seu aniversário, era, na verdade um broche, mas ele gostou muito da ideia de poder usar brincos e juntou o útil ao agradável. E pela forma com a qual o mais velho lhe olhava, deixava bem claro que não gostava do estilo alternativo do Black. Sirius não gostou muito dele.
— Olá senhor — Quem falou foi a mãe de Remus, não se lembrava de um dia o mais novo ter falado o nome de seus pais, perguntaria depois. Ela sorria amistosa, provavelmente pensando que ele estava perdido ou coisa assim, já que suas roupas eram destoantes demais para o lugar — Sou a Hope e esse é meu marido Lyall, bem-vindo a nossa loja, no que posso lhe ajudar?
— Olá, eu sou Sirius Black, procuro o Remus Lupin, ele está? — Perguntou mesmo que soubesse a resposta, já que havia visto o homem ali dentro antes, não perdeu a chance de observar os rostos surpresos dos pais ao ouvirem o que ele procurava. As sobrancelhas de Lyall se franziram e fez uma careta de desagrado que lembrou muito Sirius das caretas que seu pai biológico fazia quando o menino de 9 anos errava o talher de comer camarão durante os banquetes nobres. O casal trocou um olhar e ele não conseguiu ver a mesma centelha de paixão e respeito que acometia seus pais quando se olhavam dessa forma.
— Vou chamá-lo querido, sinta-se a vontade — falou Hope saindo pela porta lateral logo em seguida. Sirius desejou ter trazido Frank consigo e não ter obrigado o homem a esperar na praça com os cavalos, pelo menos teria algo para se distrair e não iria se sentir tão pequeno sob o olhar de Lyall. Ele parecia irritado e o Black não conseguia entender o motivo, talvez ele fosse uma daquelas pessoas que estão sempre irritadas não importa a ocasião.
— O que aquele imprestável fez? Não tenho dinheiro para pagar nenhuma multa por promiscuidade ou algo assim, então se quiser pode leva-lo com você como pagamento — o tom de voz dele era grosso, ele parecia forçar para ter algum comando na voz, como se precisasse sentir aquele gostinho de mandar em alguém. Era inevitável comparar com seu próprio pai, que mesmo acamado possuía uma voz que qualquer pessoa obedeceria, não por ser forte ou algo assim, era só sua aura natural.
O jeito que o pai falou do filho também não agradou nem um pouco Sirius, não só por ser referir ao amor de sua vida e o homem de seus sonhos que planejava se casar um dia, mas, porque era um modo que nenhum pai deveria falar sobre o filho, com tanto rancor e violência.
— Ele não fez nada de errado Sr. Lupin, venho a serviço do príncipe que possuí um recado para ele — O príncipe em questão era ele, então não falou nenhuma mentira, talvez somente uma verdade floreada. Na mesma hora a expressão do homem mudou ao perceber estar diante de um funcionário real, novamente não surpreendeu que o mais velho não tivesse o reconhecido, já que sempre que o homem ia para o castelo para tirar as medidas de seus pais e irmão, ele dava um jeito de ficar sozinho com Remus e passava o dia conversando com ele, sem nem mesmo conhecer o pai do aprendiz de sapateiro.
O sorriso dele era, se Sirius precisasse de uma palavra para descrever, incômodo. O olhava como se fosse um pote de ouro e tratou de gritar a esposa para se apressar ao trazer o filho para a oficina. Logo a mulher voltou com o mais alto em seu encalço, era engraçado ver a mulher que era muitos centímetros mais baixa que o filho, o arrastar pela orelha enquanto dava uma bronca nele.
— O que você aprontou agora menino? Eu juro que se outro pai de uma garota que você rejeitou vier reclamar conosco sobre sua falta de tato eu vou arrancar sua orelha e fazer um broche para mim — mesmo falando daquela forma, Sirius sorriu quando viu que ela estava brava, mas não conseguiria machucar o próprio filho, o puxão de orelha não contava. Remus precisava se curvar para não puxar muito sua orelha do agarre de ferro da mais velha.
— Mãe eu não fiz nada eu juro — falava seguido de várias exclamações de dor. A mulher o soltou ao mesmo tempo que pararam ao lado de Lyall que ainda encarava as roupas e os anéis que Sirius usava. Os olhos caramelos logo encontraram os azuis acinzentados e ambos sorriram instantaneamente, o que despertou a curiosidade dos mais velhos, eles pareciam se conhecer de uma forma bem íntima.
— Remus, esse homem disse que o príncipe tem um recado para você — O pai dele falou, o tom de voz dele novamente irritou Sirius, como se fala com algo descartável, um bicho que você não quer mais em casa.
— Ah sim! Claro, o senhor quer entrar? Posso lhe oferecer alguns biscoitos — Não passou despercebido para o Black a olhada de canto que Remus deu para seus pais, como se avaliasse suas reações, que eram as esperadas aparentemente, a mãe dele ficou encantada pelo fato de Sirius trabalhar no castelo e pela educação do filho ao o convidar sem precisar ser obrigado pela mãe, e Lyall permanecia impassível, avaliando os dois garotos.
— É muita gentileza e se não for incomodar eu aceito uma xícara de café — Fora treinado na corte então não lhe era difícil ser polido. Aquilo pareceu agradar ainda mais a mãe de Remus que sorriu doce para o garoto de cabelos compridos. O Lupin mais novo acenou com a cabeça e guiou Sirius para a cozinha da pequena casa, o Black fez o possível para dar a impressão de que aquela era a primeira vez que entrava ali, já que Hope os seguiu para a cozinha, possivelmente para preparar o café.
Agradeceu internamente quando Lyall não entrou com eles, os poucos minutos com ele não fora muito bons para Sirius. A mãe de Remus era divertida e gentil, muito parecida com o filho, o olhava como se o homem fosse seu bem mais precioso, e isso aqueceu o coração do homem nobre. Sua futura sogra era uma mulher adorável e esperava poder conhecê-la melhor quando assumisse um relacionamento sério com seu filho.
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Kindness and Courage- a Cinderella story
Novela JuvenilLily Evans tinha aprendido com sua mãe a ser sempre gentil e corajosa que as coisas iriam dar certo em sua vida. Mesmo após seu pai se casar novamente após a morte da mãe, com sua madrasta ela continuava sendo tudo aquilo que prometera a mãe. No ent...