Fairy godmother;

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O capítulo acabou ficando maior do que eu esperava, então eu precisei dividir em dois, para ficar mais confortável a leitura. Espero que gostem.
Boa leitura! 📖



O som reverberou pela casa vazia, assustando Lily que não esperava ninguém naquele momento, possivelmente eram as postiças que esqueceram algo, pensou consigo mesma. Não teve pressa para abrir a porta, parando alguns minutos na frente do espelho para se recompor e poder encarar aquelas três mulheres que lhe odiavam sem nenhuma razão. Abriu a porta com o queixo erguido após respirar fundo, se preparando para ter que falar com sua madrasta, porém se surpreendeu quando encontrou suas duas amigas costureiras do outro lado do objeto de madeira.

— O que fazem aqui? - Perguntou Evans enquanto enxugava seu rosto com as costas da mão, se sentiu mal quando falou daquela forma, não queria parecer mal educada, mas as amigas não pareceram se importar com isso, já que o sorriso de ambas não vacilou por um momento sequer.

— Viemos te arrumar para o baile oras- respondeu Marlene como se isso explicasse tudo, o que deixou Lily ainda mais confusa. Apesar da confusão em sua mente, deixou as amigas entrarem, notando que Lily trazia consigo uma caixa de sapatos clara.

— Eu não entendo- Falou a ruiva parada no meio da sala de estar de sua casa, encarando às duas amigas que sorriam entre si, trocando olhares animados. Lily notou que Dorcas e Marlene estavam bem felizes e animadas, mais do que eram normalmente. Elas pareceram conversar por olhares e logo se viraram para a mais nova que permanecia no mesmo lugar. - Como vocês poderiam fazer isso?

— Somos suas fadas madrinhas- Declarou Dorcas sorrindo mais aberto, sua fala surpreendeu Lily de todas as formas possíveis. Os olhos das duas mulheres a sua frente pareciam brilhar como estrelas, foi o que notou a ruiva.

— Isso é impossível, elas não existem- Foi a vez de Lily surpreender às duas costureiras, a ruiva sempre foi a pessoa mais crédula que elas tinham conhecido, pensavam que ela iria acreditar no que falavam. Porém ao analisarem com mais calma a amiga, notaram as lágrimas secas pelo rosto dela e o coração quase despedaçado em seu peito, refletidos na face incrédula da outra e em seu tom de voz descrente- São mentiras, histórias criadas para enganar crianças.

— Sua mãe não acreditava nelas? - Falou Marlene confusa, tinha certeza de que a outra iria acreditar quando lhe dissessem a verdade, mas ela parecia duvidar com todas as forças. A fala da loira pareceu surtir algum efeito em Lily que se lembrou de sua mãe, uma linda lembrança que mantia seu coração quente nas noites frias em que passava no sótão frio. - Não diga que não pois eu a ouvi dizer.

— A ouviu dizer? - Indagou Lily desacreditada, às duas mulheres a sua frente nunca tinham conhecido sua mãe, já que quando se mudaram para a cidade a matriarca da ruiva já tinha falecido, aquela conversa confundia cada vez mais Lily.

— Deixe para lá, temos muito o que fazer- Falou Dorcas olhando no relógio na parede da sala, precisavam fazer tudo bem rápido para que sua amiga pudesse ir para a festa.

— Claro, claro, mas primeiro vamos vestir algo mais confortável- Exclamou a loira pegando duas agulhas no bolso de seu longo vestido, entregando um para a namorada. Lily iria indagar novamente sobre a situação inusitada, mas foi interrompida pelas amigas que jogaram em sincronia as pequenas agulhas para cima, a ruiva colocou os braços em cima da cabeça para se proteger caso caíssem nela, porém não foi preciso, já que em poucos segundos os palitinhos de metal se transformaram no ar e caíram nas mãos de suas donas.

Agora suas amigas seguravam duas varinhas que pareciam feitas de cristal e emitiam uma luz própria. Às duas fadas olharam para os objetos em suas mãos e soltaram uma exclamação de surpresa, tinham trocado as agulhas e consequentemente as varinhas. Rapidamente destrocaram os objetos mágicos sorrindo uma para a outra durante o pequeno processo, os olhos claros de Marlene se desviaram por alguns segundos para o corpo de Dorcas e ela pareceu notar algo, olhando para si mesma e percebendo que ainda vestia as roupas comuns de camponesa. Não demorou muito para que a de cabelos castanhos percebesse a mesma coisa e em um piscar de olhos apontaram suas respectivas varinhas para a companheira.

Lily, que ainda estava confusa, porém maravilhada com o que acontecia na sua frente, viu filetes de luz saírem das pontas das hastes de cristal que seguravam, continuou olhando para a cena, não querendo perder aquele momento tão fantástico. Os filetes de luz amarelo-claro que saíam da varinha de Dorcas eram agitados e precisos, como se tivessem uma missão e precisassem cumprir naquele momento o mais rápido possível, mas ainda tinham uma leveza predominante. Da varinha de Marlene saíam fios iluminados turquesa, e, diferente da companheira, os seus não eram agitados ou rápidos, eram leves e faziam tudo com calma e delicadeza. Evans achou interessante o fato de suas magias serem tão diferentes das personalidades de suas portadoras, quase como se fossem opostas.

Tão logo começara o brilho e magia na sala da casa da família Evans, logo terminou, deixando somente às três mulheres no local, e é claro as varinhas ainda permaneciam nas mãos de suas donas. Se antes a ruiva duvidara do que suas amigas tinham falado, agora não lhe restavam dúvidas de que elas estavam falando a verdade. Se a demonstração de magia anteriormente não tivesse sido o suficiente para a mente crédula de Lily voltar a acreditar, o resultado da magia com toda certeza iria.

Os tecidos que envolviam os corpos de das mulheres a sua frente pareciam quase etéreos, mesmo com a meia luz que as velas acesas nos cantos do cômodo lançavam sobre elas, era possível ver com clareza cada detalhe da roupa delas, que pareciam brilhar a noite estrelada, era tão bonito que Lily poderia chorar e quase o fez, se não tivesse sido surpreendida pelo suspiro de satisfação que saiu dos lábios de ambas as fadas a sua frente.

— Bem melhor- Exclamou Dorcas passando as mãos pela saia do vestido que usava. Era longo, a saia translúcida chegava até os pés descalços da mulher, sua saia era coberta de borboletas que pareciam ter pousado ali por livre e espontânea vontade tão leve era sua costura. A cor clara parecia destacar ainda mais a pele negra dela, os longos cabelos castanhos cacheados estavam presos em um lindo coque frouxo, deixando seu colo amostra, já que a peça não possuía alças. Ela estava estonteante.

— Incrível - Disse Lily maravilhada com as duas mulheres a sua frente. Marlene usava um vestido semelhante ao da companheira, se diferindo somente na cor, já que diferente do rosa-claro que cobria o vestido de Meadowes, o da loira era um azul suave como as flores da primavera. Seus fios loiros estavam soltos pelo colo desnudo da mais velha, escondendo as finas alças do vestido de McKinnon. A loira sorriu quando notou a expressão no rosto de sua afilhada, uma verdadeira crédula nunca deixa de acreditar, não importava a situação.

— Bem, vamos começar, você tem que chegar no castelo o mais rápido possível- Bateu palmas rápidas para chamar a atenção de todas, tinham um tempo limitado para trabalhar, mas conseguiriam custe o que custar. Marlene deixou a caixa que trouxera em cima da mesa de centro enquanto Dorcas saía do cômodo em direção aos fundos da casa.

— Lene vai te ajudar com o vestido, e eu vou lá fora terminar alguns detalhes- Lily ficou confusa com que a amiga dissera, porém não questionou, viu a outra sair pela porta da sala. Marlene a ajudou a subir em um pequeno banco que Evans não sabia de onde tinha saído e começou a medir a cintura da ruiva. A cabeça de sua outra amiga apareceu na porta parecendo um pouco confusa- Uma perguntinha... Vocês cultivam melancias? - Lily acenou negativamente em resposta a pergunta de Dorcas- Cantalupo?

— Eu nem sei o que é isso- Respondeu rindo ao sentir as mãos de Marlene lhe fazerem um pouco de cócegas ao levantar seus braços, a outra mulher parecia pensativa e Evans queria a ajudar no que pudesse- Temos abóboras.

— Abóboras? Interessante, nunca trabalhei com cucurbitáceas, são muito moles, bem vai ter que servir- Disse Dorcas e Lily não soube distinguir se ela estava falando com a ruiva ou consigo mesma, de qualquer forma ela saiu logo após terminar de falar, parecendo muito determinada.

— O que ela vai fazer? - Indagou Evans para a sua amiga que continuava na sala e media o comprimento de seus braços bem concentrada.

— Uma carruagem é claro! - Respondeu Marlene sorrindo para a ruiva que continuava confusa, mas não teve tempo de perguntar nada, pois alguns segundos depois elas escutaram um barulho muito alto vindo da horta da família Evans e correram na direção do som.


Gostaram das fadas-madrinhas? Eu ia deixar elas como pessoas comuns, mas não resisto em escrever um pouco de magia e fantasia e acabei gostando do resultado.

Espero que tenham gostado. Me deixem saber sua opinião sobre o andamento da história, qualquer crítica ou elogio, podem usar a caixinha de comentários se quiserem.
Até a próxima!

Kindness and Courage- a Cinderella storyOnde histórias criam vida. Descubra agora