5 - AUGUSTO SPERANZI

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Você é um burro, Guto! Quer perder o emprego logo no primeiro dia?

Tá bom, peguei pesado, eu confesso. A culpa é da senhorita Amapola Fischer. Quem mandou ela ser gostosa para caralho. A culpa também é do seu pai que me deu a incumbência de cuidar para que sua filha foda bastante com seu noivo.

Duvido muito que esse noivo tenha capacidade de fazer filho nessa mulher. Quem dispensa uma maravilha dessa, louca para foder, em uma sexta-feira. Seu corpo parecia estar em brasa e o cheiro que sua pele exalou quando rocei meu corpo nela chegou a me embriagar.

Mas eu não posso melar seu noivado. Sem noivado não há casamento, sem casamento não há sexo e consequentemente não há filhos. Minha missão é facilitar o acasalamento. Talvez tenha sido esse primeiro dia, tudo muito recente, descobrir que minha chefe é mulher. Espero que os próximos dias sejam mais assertivos.

E foram. Os últimos três dias foram exaustivos. Tentativas frustradas para corrigir a falha da suspensão, que teve sim uma melhora, mas não atingiu a perfeição.

— Sander, desculpe perguntar, vocês falaram que a chefa manda em tudo por aqui e nos últimos dias ela nem apareceu. Você pode me explicar?

— Desculpe, Guto. Acho que na correria eu esqueci de te falar que Amapola intercala as pistas de testes daqui com a pista de corrida. Ela está no Velopark, na Copa Brasil.

— Você está dizendo que Amapola Fischer corre profissionalmente?

— Sim, ela corre no profissional apenas por hobby e também para exibir seus brinquedinhos.

— Eu não me lembro de tê-la visto correr, Sander.

Ahh... Guto, você pode não ter visto porque poucas pessoas sabem que é uma mulher, mas já deve ter ouvido falar da Fênix. — Olho para ele totalmente espantado.

— Não acredito que ela é a Fênix? Sempre achei que fosse um homem. Pilota para caralho. Vivo revendo suas voltas nas corridas. Não estou acreditando, Sander.

— Pois pode acreditar. A bonequinha de luxo é uma das melhores da pista nessa temporada.

— Será que ela é páreo para Guto Speranzi?

— Acho que você está aqui para descobrir isso. Vamos voltar as pistas? — Quem diria, a garota é invocada mesmo. Não é à toa que seu pai precisa de uma ajudinha para aumentar a família. Que momento ela vai fazer esse filho?

Se bem que posso pensar em alguns lugares bem interessantes aqui no laboratório de testes. Chacoalho a cabeça, tentando tirar imagens não apropriadas da minha chefe.

Volto para a pista tentando sentir se houve uma mudança significativa no defeito da suspensão. Nada mudou e eu volto frustrado para os boxes. Só não é maior a minha frustação porque Amapola, a chefa, está lá me esperando e sua feição cerrada me parece que não está em um bom momento. Chego bem de mansinho.

— Eu não acredito que fico fora por alguns dias e vocês não resolveram nada sobre o defeito na suspensão do Erus. Isso aqui só funciona sob a minha supervisão, porra. Alex, me dá um macacão. Quero ver como isso está. — Olha para mim — Guto, alguma alteração na última volta?

— Não, chefa. Ainda continua jogando.

— Mas que merda isso. — Ela pega o macacão e vai em direção ao vestiário. Mike diz assim que ela entra.

— Ficou em quarto lugar. O resto da semana vai ser difícil, galera. — Ahh... então é assim? Desconta seu mau humor nos colaboradores que passaram os últimos dias tentando consertar o defeito. Comigo isso não rola. Caminho na mesma direção.

— Se eu fosse você não faria isso. — Mike aconselha.

— Ainda bem que não é. — Entro no vestiário e tranco a porta. Ela me vê pelo espelho.

— Você não viu escrito na porta, banheiro feminino?

— Você não pode descontar suas frustrações em nós, Amapola. Trabalhamos para caralho tentando resolver esse defeito. — Ela encosta na pia e cruza os braços. Seu olhar continua feroz.

— Parece que não foi o suficiente, visto que o defeito continua no carro.

— O problema está mesmo difícil, acompanhei as tentativas sem sucesso da equipe. — Ela anda em minha direção e coloca o dedo no meu peito.

— Você está aqui para me substituir, não é isso? Eu teria resolvido em menos de um dia esse defeitinho de merda. — Eu seguro sua mão.

— O problema então, nessa história toda, sou eu? — Ela puxa a mão e senta no banco, desamarrando as sandálias.

— Achei que você seria mais competente e mais assertivo. — Essa mulher não sabe com quem ela mexeu.

— E eu achei que você não misturasse problemas pessoais com profissionais. — Ela fica com os pés no chão e vai até o armário pegar os seus pertences.

— Quem aqui está com problemas pessoais, Guto?

— Não temos culpa se você não ficou no pódio na corrida.

— Você acha que meu problema é esse? — Ela frisa o problema com as mãos no ar. — Você não sabe nada sobre mim e quer tirar conclusões precipitadas.

— Não fui eu que falei isso, foi sua equipe e eles te conhecem.

— Cansei do teu papinho. Vaza, quero me trocar e resolver essa droga logo de uma vez. — Ela vai até o banco e começa a abrir os botões da camisa. Meus pés não obedecem ao meu comando.

— Vai ficar aí enquanto me troco?

— Não pretendo, mas tenho uma pergunta antes de sair.

— Fala logo, Guto.

— Você encontrou seu noivo depois que ele voltou de viagem? — Ela me olha desacreditada.

— O que isso tem a ver com você?

— Me responde.

— Não, eu não encontrei meu noivo, satisfeito? Agora some.

— Então está explicado sua agressividade. Está sem gozar, sem sexo. Sobe para a cabeça. — Amapola vira de frente para mim, espumando de raiva.

— Você resume todos os problemas em sexo, pelo visto.

— Acredito que parte dos problemas são solucionados na cama. — Ela tira a camisa, mostrando um sutiã branco rendado. Não consigo olhar para nenhum outro lugar senão seus mamilos duros.

— Você é um sem noção mesmo.

— Posso provar que funciona. — Seus olhos escurecem e ela molha os lábios. Está me provocando descaradamente.

— Quer provar sua teoria barata em mim, Guto? — Abre a saia e fica apenas com um conjunto de lingerie branca que acorda meu pau instantaneamente.

— Já que você não saiu, te darei o que quer. — Ela vira trezentos e sessenta graus. — Quer ver o que tem debaixo do uniforme e do macacão? Pronto, já viu, agora me deixa em paz. — Meu Deus, agora que vi, também preciso tocar. Dou alguns passos e ela me olha feio.

— Sem chances, piloto. Se você tocar em mim eu grito. Se gosta de ser voyeur, não ligo. — Decido sair antes que precise mostrar que ela gritaria sim, mas de prazer com meus dedos dentro dela. Nem precisava ser outras partes.

— Realmente ficar aqui te olhando me faz bem, Ama. Me excita, sabe. Porque vejo que seu corpo não é imune a mim. Posso esperar, sou paciente. Estou indo embora triste por não ter ajudado você a relaxar, mas você escolheu assim. Esperarei os seus comandos do lado de fora. — Vou em direção a porta e falo antes de sair.

— Você é mais do que eu imaginei, chefa. — Saio e encontro vários olhares perscrutadores me esperando.

— Acho que o dia vai ser longo mesmo, galera. Vou até tomar um café forte.


PAIXÃO NO RETROVISOROnde histórias criam vida. Descubra agora