Conseguimos colocar o protótipo nas ruas apenas após o almoço. Nossa primeira parada será Blumenau. Vamos rodar uns duzentos quilômetros de rodovia intercalando uns cinquenta a cem quilômetros de cidade. Pergunto para o Guto se ele já conhece esses lugares.
— Nunca fui de ficar conhecendo lugares, sempre agi com praticidade. Conheço o mundo todo por causa das corridas, mas nunca passeei nos lugares como um turista normal.
— Então vamos discutir algumas vezes nessa viagem. Eu sou daquelas que gostam de comprar uma lembrancinha em cada lugar.
— Aqui eu sou o seu piloto somente. Vou te seguir. Se achar algo detestável fico no hotel ou mesmo no carro. — Eu disse que começaria a viagem na direção, só que Guto toma à frente e faz o papel de piloto. Sobra para mim as planilhas para alimentar e o caminho escolhido para os testes.
— Eu estou gostando do Erus. É um carro robusto com grande potência, porém, tem uma leveza impressionante. Foi você que escolheu o design?
— Não, não tenho muito talento nessa área. Eu falei para o engenheiro o que eu achava que faltava na linha da XFI, ele foi desenhando e eu colocando um pitaco aqui e ali. Nasceu o Erus. — O trânsito fica intenso e deixo o Guto em paz enquanto não saímos dali. Dou uma verificada nos e-mails e nas mensagens.
— Você vai trabalhar a distância ou vai aproveitar e curtir as férias?
— Acho que vou unir o útil ao agradável. Tenho dois encontros durante a viagem. Um em Blumenau e outro em Gramado.
— Encontro? — Ele me olha de rabo de olho.
— Não é isso que você está deduzindo. Serão encontros de negócios. O senhor Robert que colocou essa incumbência na minha agenda. Até tenho algumas desconfianças sobre o verdadeiro motivo, mas não vou discutir com ele. Faço a minha parte e pronto.
— Confesso que eu não gosto muito dessa pressão que seu pai faz em você.
— Teve um momento que eu achava o máximo ele ficar atrás de mim. Agora acho que ele está exagerando. Bom, pelo menos ele não fica me arrumando homens variados. A não ser que esses dois clientes em potencial me mostrem que ele mudou de tática. — Coloco uma playlist das canções mais tocadas no mês.
— Vamos ouvir o que está rolando nas paradas. — Ficamos em um silêncio bem gostoso, curtindo as músicas. Analiso as planilhas.
— Acho que no consumo, ele vai perder para os outros concorrentes da categoria.
— Eu não penso assim, os abastecimentos é que vão nos dizer.
Quando chegamos em Blumenau, anoto a quilometragem andada em rodovia. Escolho um hotel bom, porém, simples e próximo da festa da cidade. Dessa vez eu fiz reserva de dois quartos.
— Guto, como te disse, terei um jantar hoje então não vou poder ir com você à Oktoberfest. — Ele não gosta, fecha a cara. Ser abandonado na primeira noite não o agradou.
— Tranquilo, Amapola. Qual a sua programação de amanhã?
— Amanhã pela manhã andaremos pela cidade, almoçaremos por aqui e vamos para São José dos Ausentes. Trouxe roupas de frio? Mesmo em outubro, esfria muito para esses lados.
— Sim, chefa. Estou bem equipado.
— Amanhã nos vemos no café. Até. — É interessante ver um homem se sentir deixado de lado. Ele não tem arrumação com as mãos, não sabe o que dizer e nem como agir. Uma ideia começa a tomar forma em minha cabeça e eu nem quero verbalizá-la para que seja só mesmo uma loucura da minha mente.
Tomo um banho e me produzo. Não resisto e visto um traje típico alemão. Escolho uma saia um pouco mais comprida que a tradicional para não ficar parecendo oferecida e harmonizo com uma botinha e tiara de flores.
O cara que me espera na recepção só não é mais bonito por falta de espaço. Um alemão, meio nórdico, forte e másculo. Fico literalmente de boca aberta. Ele elogia meus trajes e seu papo é tão espontâneo que nem vejo a hora passar. Ele acaba me confessando que já fechou parceria com o meu pai, mas com a condição de ser cavalheiro e mostrar as maravilhas da cidade. Esse é o senhor Robert Fischer. Está mais para Santo Antônio Casamenteiro. Karl me convida para conhecer a festa e fico encantada com tudo. A beleza do ambiente, o excesso de alegria causado pelo alto teor de álcool nas pessoas e as músicas típicas. Por volta da meia-noite, ele me acompanha até a recepção do hotel.
Até aí, ele não tinha avançado o sinal.
— Você está bem, Amapola? Quer que eu te acompanhe até o quarto? — É somente nessa hora que compreendo seus olhares. O álcool que eu ingeri não foi muito grande, o homem aguarda ansiosamente minha resposta, só que Guto Speranzi domina meus pensamentos.
— Eu estou bem, Karl. Foi uma noite encantadora. Obrigada e boa noite. — Caminho até o elevador e aperto o botão. Olho para trás e o homem ainda está ali, talvez esperando um arrependimento. A porta abre e o piloto está dentro da caixa metálica, de jeans e camiseta. Guto é um tesão.
— Estava preocupado com você. — Olha por sobre o meu ombro e vê o meu amigo parado observando. Eu entro e a porta fecha. Seu olhar me devora e só com a iminência do que está para acontecer, minha calcinha inunda.
— Estou bem. Bebi um pouco, mas estou bem.
— Porra, Amapola. Você está tão encantadora vestida assim. Eu não consigo controlar o que sinto quando te vejo assim, tão disponível.
— Acha que estou fácil, que vou abrir as pernas se você pedir?
— Você falou que sexo entre nós era um limite rígido.
— Me fode, Speranzi. Bem forte, do jeito que só você sabe.
— Você bebeu, não sabe o que está falando.
— Pode até ser, mas sei o que estou sentindo. — A porta do elevador ameaça fechar e eu dou um passo para trás e ela abre. — Só quero gozar na sua mão ou na sua boca, o que preferir. Depois você vai para o seu quarto. — Ele me pega pela mão e me leva para meu quarto. Pega a chave e abre a porta. Fecha-a com os pés e me empurra na parede.
— O alemão filho da puta te comia com os olhos.
— Você também está me olhando assim.
— Cale a boca, Amapola.
— Vem calar. — Ele vem com tudo. Seu beijo tem urgência. Prende meus braços sobre a cabeça e morde meus lábios.
— Quem manda aqui sou eu. — Morde meus seios por cima da roupa. — Você é uma provocadora nata. E eu um trouxa que caio na sua provocação. Seu castigo é ficar sem gozar. — Ele apalpa minha bunda e esfrega meu clitóris no seu sexo. Eu faço um movimento erótico que me dá prazer, mesmo estando de roupas.
— Se você continuar assim, é... assim. — Ele continua a me apertar no seu pau. — Vou gozar. Tem certeza de que não me quer montada em você? — De repente ele se afasta de mim. Seus olhos estão brilhantes, sua pupila dilatada, a boca borrada de batom.
— Toma um banho, chefa. As regras estabelecidas foram claras. Sem sexo. — Passa as mãos nos cabelos, visivelmente alterado. — Boa noite. — Sai batendo a porta.
Vai ter controle assim na puta que te pariu. Eu me jogo na cama, puxo a calcinha de lado e termino o que ele começou. Gozo em meus dedos, pensando em sua boca me excitando. Arranco as roupas e durmo em um piscar de olhos.
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PAIXÃO NO RETROVISOR
RomanceNunca imaginei que eu, Augusto Speranzi, bicampeão de Fórmula 3, apreciaria ser comandado por uma mulher no meu novo emprego de piloto de testes. Depois de passar três anos sendo pisoteado por uma, as mulheres passaram a ser apenas companhia de uma...