29 - AMAPOLA FISCHER

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Conseguimos colocar o protótipo nas ruas apenas após o almoço. Nossa primeira parada será Blumenau. Vamos rodar uns duzentos quilômetros de rodovia intercalando uns cinquenta a cem quilômetros de cidade. Pergunto para o Guto se ele já conhece esses lugares.

— Nunca fui de ficar conhecendo lugares, sempre agi com praticidade. Conheço o mundo todo por causa das corridas, mas nunca passeei nos lugares como um turista normal.

— Então vamos discutir algumas vezes nessa viagem. Eu sou daquelas que gostam de comprar uma lembrancinha em cada lugar.

— Aqui eu sou o seu piloto somente. Vou te seguir. Se achar algo detestável fico no hotel ou mesmo no carro. — Eu disse que começaria a viagem na direção, só que Guto toma à frente e faz o papel de piloto. Sobra para mim as planilhas para alimentar e o caminho escolhido para os testes.

— Eu estou gostando do Erus. É um carro robusto com grande potência, porém, tem uma leveza impressionante. Foi você que escolheu o design?

— Não, não tenho muito talento nessa área. Eu falei para o engenheiro o que eu achava que faltava na linha da XFI, ele foi desenhando e eu colocando um pitaco aqui e ali. Nasceu o Erus. — O trânsito fica intenso e deixo o Guto em paz enquanto não saímos dali. Dou uma verificada nos e-mails e nas mensagens.

— Você vai trabalhar a distância ou vai aproveitar e curtir as férias?

— Acho que vou unir o útil ao agradável. Tenho dois encontros durante a viagem. Um em Blumenau e outro em Gramado.

— Encontro? — Ele me olha de rabo de olho.

— Não é isso que você está deduzindo. Serão encontros de negócios. O senhor Robert que colocou essa incumbência na minha agenda. Até tenho algumas desconfianças sobre o verdadeiro motivo, mas não vou discutir com ele. Faço a minha parte e pronto.

— Confesso que eu não gosto muito dessa pressão que seu pai faz em você.

— Teve um momento que eu achava o máximo ele ficar atrás de mim. Agora acho que ele está exagerando. Bom, pelo menos ele não fica me arrumando homens variados. A não ser que esses dois clientes em potencial me mostrem que ele mudou de tática. — Coloco uma playlist das canções mais tocadas no mês.

— Vamos ouvir o que está rolando nas paradas. — Ficamos em um silêncio bem gostoso, curtindo as músicas. Analiso as planilhas.

— Acho que no consumo, ele vai perder para os outros concorrentes da categoria.

— Eu não penso assim, os abastecimentos é que vão nos dizer.

Quando chegamos em Blumenau, anoto a quilometragem andada em rodovia. Escolho um hotel bom, porém, simples e próximo da festa da cidade. Dessa vez eu fiz reserva de dois quartos.

— Guto, como te disse, terei um jantar hoje então não vou poder ir com você à Oktoberfest. — Ele não gosta, fecha a cara. Ser abandonado na primeira noite não o agradou.

— Tranquilo, Amapola. Qual a sua programação de amanhã?

— Amanhã pela manhã andaremos pela cidade, almoçaremos por aqui e vamos para São José dos Ausentes. Trouxe roupas de frio? Mesmo em outubro, esfria muito para esses lados.

— Sim, chefa. Estou bem equipado.

— Amanhã nos vemos no café. Até. — É interessante ver um homem se sentir deixado de lado. Ele não tem arrumação com as mãos, não sabe o que dizer e nem como agir. Uma ideia começa a tomar forma em minha cabeça e eu nem quero verbalizá-la para que seja só mesmo uma loucura da minha mente.

Tomo um banho e me produzo. Não resisto e visto um traje típico alemão. Escolho uma saia um pouco mais comprida que a tradicional para não ficar parecendo oferecida e harmonizo com uma botinha e tiara de flores.

O cara que me espera na recepção só não é mais bonito por falta de espaço. Um alemão, meio nórdico, forte e másculo. Fico literalmente de boca aberta. Ele elogia meus trajes e seu papo é tão espontâneo que nem vejo a hora passar. Ele acaba me confessando que já fechou parceria com o meu pai, mas com a condição de ser cavalheiro e mostrar as maravilhas da cidade. Esse é o senhor Robert Fischer. Está mais para Santo Antônio Casamenteiro. Karl me convida para conhecer a festa e fico encantada com tudo. A beleza do ambiente, o excesso de alegria causado pelo alto teor de álcool nas pessoas e as músicas típicas. Por volta da meia-noite, ele me acompanha até a recepção do hotel.

Até aí, ele não tinha avançado o sinal.

— Você está bem, Amapola? Quer que eu te acompanhe até o quarto? — É somente nessa hora que compreendo seus olhares. O álcool que eu ingeri não foi muito grande, o homem aguarda ansiosamente minha resposta, só que Guto Speranzi domina meus pensamentos.

— Eu estou bem, Karl. Foi uma noite encantadora. Obrigada e boa noite. — Caminho até o elevador e aperto o botão. Olho para trás e o homem ainda está ali, talvez esperando um arrependimento. A porta abre e o piloto está dentro da caixa metálica, de jeans e camiseta. Guto é um tesão.

— Estava preocupado com você. — Olha por sobre o meu ombro e vê o meu amigo parado observando. Eu entro e a porta fecha. Seu olhar me devora e só com a iminência do que está para acontecer, minha calcinha inunda.

— Estou bem. Bebi um pouco, mas estou bem.

— Porra, Amapola. Você está tão encantadora vestida assim. Eu não consigo controlar o que sinto quando te vejo assim, tão disponível.

— Acha que estou fácil, que vou abrir as pernas se você pedir?

— Você falou que sexo entre nós era um limite rígido.

— Me fode, Speranzi. Bem forte, do jeito que só você sabe.

— Você bebeu, não sabe o que está falando.

— Pode até ser, mas sei o que estou sentindo. — A porta do elevador ameaça fechar e eu dou um passo para trás e ela abre. — Só quero gozar na sua mão ou na sua boca, o que preferir. Depois você vai para o seu quarto. — Ele me pega pela mão e me leva para meu quarto. Pega a chave e abre a porta. Fecha-a com os pés e me empurra na parede.

— O alemão filho da puta te comia com os olhos.

— Você também está me olhando assim.

— Cale a boca, Amapola.

— Vem calar. — Ele vem com tudo. Seu beijo tem urgência. Prende meus braços sobre a cabeça e morde meus lábios.

— Quem manda aqui sou eu. — Morde meus seios por cima da roupa. — Você é uma provocadora nata. E eu um trouxa que caio na sua provocação. Seu castigo é ficar sem gozar. — Ele apalpa minha bunda e esfrega meu clitóris no seu sexo. Eu faço um movimento erótico que me dá prazer, mesmo estando de roupas.

— Se você continuar assim, é... assim. — Ele continua a me apertar no seu pau. — Vou gozar. Tem certeza de que não me quer montada em você? — De repente ele se afasta de mim. Seus olhos estão brilhantes, sua pupila dilatada, a boca borrada de batom.

— Toma um banho, chefa. As regras estabelecidas foram claras. Sem sexo. — Passa as mãos nos cabelos, visivelmente alterado. — Boa noite. — Sai batendo a porta.

Vai ter controle assim na puta que te pariu. Eu me jogo na cama, puxo a calcinha de lado e termino o que ele começou. Gozo em meus dedos, pensando em sua boca me excitando. Arranco as roupas e durmo em um piscar de olhos.

PAIXÃO NO RETROVISOROnde histórias criam vida. Descubra agora