30 - AUGUSTO SPERANZI

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Enquanto a aguardo para o café, me parabenizo por ter tido brio de sair do quarto dela antes que chegássemos aos finalmente.

Não posso tomá-la a cada acesso de ciúmes, a cada provocação dela e nem a cada vez que meu pau quer mandar na minha mente. Foi um tanto quanto difícil deixá-la tão cheia de desejos ontem. Sua pele alva, vestida com aquele vestido indecente com aquela cascata de cabelos negros, deixou o meu corpo incendiado. Conseguir me controlar ali foi uma missão quase impossível, mas eu não queria quebrar as regras da convivência no primeiro dia.

Amapola entra no ambiente do café e não há nenhum homem que não tenha virado a cabeça. Trançou os cabelos, deixando o seu rosto perfeito e bem maquiado à mostra e colocou um conjunto de saia e blusa com uma meia cor da pele embaixo. É demais para a quantidade de testosterona que habita em meu corpo.

— Oi, Guto. Bom dia. — Abaixa-se e beija meu rosto. Seu perfume entra no meu cérebro e provoca um tsunami em mim.

— Bom dia, dorminhoca. Acordou bem? — Ela se senta ao meu lado.

— Podemos dizer que dentre as opções que me sobraram ontem, sim, dormi e acordei bem. — Tudo bem, eu mereci imaginá-la se masturbando.

— Quer que eu pegue um café para você?

— Sabe como eu gosto?

— Claro, com um toque de leite e três gotas de adoçante. Acha que é o Alex que faz isso todos os dias na XFI? — Levanto-me e vou preparar seu café. Quando volto ela agradece e toma um gole.

— Sabe que eu percebi que meu café andava perfeito, até achei que Alex enfim tinha acertado a mão. Obrigada por isso, Guto. Minha vida mudou tanto depois que você entrou no time.

— Confesso que odiei a ideia de ser comandado por uma mulher.

— Todos agem assim. Você não é o primeiro e infelizmente não vai ser o último. Continua odiando?

— Você nasceu para liderar, Amapola. Poucas pessoas têm esse feeling natural. Digo com todas as letras, que tenho orgulho de pertencer a XFI e ser chefiado por você.

— Ei, piloto. Quer me fazer chorar no café da manhã? — Uma lágrima rola em seu rosto, eu enxugo com o dedo e faço um carinho nela. Ela sorri, é a primeira vez que vejo dor em seu olhar. Algo a incomoda nesse assunto e enquanto ela vai pegar seu desjejum fico pensando no que pode ser. Sua vida parece perfeita olhando de fora.

Blumenau é uma cidade bonita, mas tudo gira em torno da Oktoberfest, festival de cerveja que começou na Alemanha e hoje ganhou o mundo, inclusive o Brasil. Sua culinária típica e sua arquitetura tem seu encanto. Ao lado de uma bela mulher, um simples passeio na roça tem sua beleza. Amapola é extrovertida, falante e conhecedora da região. Eu não olharia metade das coisas se ela não estivesse ao meu lado.

Quando chegamos ao topo da Serra do Rio do Rastro, onde será a próxima parada, Amapola me surpreende de novo. Escolhe um Eco Resort, no meio da natureza e sua reserva é de apenas um chalé. Olha-me de soslaio enquanto a recepcionista nos entrega a chave.

Estar no escuro sobre onde andar e aonde ir, me faz ter a sensação de que estou caindo em um abismo e quanto mais caio, mais fundo ele parece ser. Eu não digo nada. Levo o carro até o chalé, abro o porta-malas e pego nossas bagagens.

Quando entramos no chalé, penso em lua de mel e gravidez na mesma frase. Cama enorme, lareira de frente para ela, banheira de hidromassagem com vista para o lago. Meu estômago se contrai.

— É só uma noite, piloto. Eu queria muito conhecer esse lugar e achei desnecessário dois chalés, porque tenho a certeza de que somos adultos e podemos passar uma noite sem brigar. — Aquiesço e coloco as malas em um canto. Depois caminho até a varanda e olho o pôr do sol.

PAIXÃO NO RETROVISOROnde histórias criam vida. Descubra agora