Enquanto a aguardo para o café, me parabenizo por ter tido brio de sair do quarto dela antes que chegássemos aos finalmente.
Não posso tomá-la a cada acesso de ciúmes, a cada provocação dela e nem a cada vez que meu pau quer mandar na minha mente. Foi um tanto quanto difícil deixá-la tão cheia de desejos ontem. Sua pele alva, vestida com aquele vestido indecente com aquela cascata de cabelos negros, deixou o meu corpo incendiado. Conseguir me controlar ali foi uma missão quase impossível, mas eu não queria quebrar as regras da convivência no primeiro dia.
Amapola entra no ambiente do café e não há nenhum homem que não tenha virado a cabeça. Trançou os cabelos, deixando o seu rosto perfeito e bem maquiado à mostra e colocou um conjunto de saia e blusa com uma meia cor da pele embaixo. É demais para a quantidade de testosterona que habita em meu corpo.
— Oi, Guto. Bom dia. — Abaixa-se e beija meu rosto. Seu perfume entra no meu cérebro e provoca um tsunami em mim.
— Bom dia, dorminhoca. Acordou bem? — Ela se senta ao meu lado.
— Podemos dizer que dentre as opções que me sobraram ontem, sim, dormi e acordei bem. — Tudo bem, eu mereci imaginá-la se masturbando.
— Quer que eu pegue um café para você?
— Sabe como eu gosto?
— Claro, com um toque de leite e três gotas de adoçante. Acha que é o Alex que faz isso todos os dias na XFI? — Levanto-me e vou preparar seu café. Quando volto ela agradece e toma um gole.
— Sabe que eu percebi que meu café andava perfeito, até achei que Alex enfim tinha acertado a mão. Obrigada por isso, Guto. Minha vida mudou tanto depois que você entrou no time.
— Confesso que odiei a ideia de ser comandado por uma mulher.
— Todos agem assim. Você não é o primeiro e infelizmente não vai ser o último. Continua odiando?
— Você nasceu para liderar, Amapola. Poucas pessoas têm esse feeling natural. Digo com todas as letras, que tenho orgulho de pertencer a XFI e ser chefiado por você.
— Ei, piloto. Quer me fazer chorar no café da manhã? — Uma lágrima rola em seu rosto, eu enxugo com o dedo e faço um carinho nela. Ela sorri, é a primeira vez que vejo dor em seu olhar. Algo a incomoda nesse assunto e enquanto ela vai pegar seu desjejum fico pensando no que pode ser. Sua vida parece perfeita olhando de fora.
Blumenau é uma cidade bonita, mas tudo gira em torno da Oktoberfest, festival de cerveja que começou na Alemanha e hoje ganhou o mundo, inclusive o Brasil. Sua culinária típica e sua arquitetura tem seu encanto. Ao lado de uma bela mulher, um simples passeio na roça tem sua beleza. Amapola é extrovertida, falante e conhecedora da região. Eu não olharia metade das coisas se ela não estivesse ao meu lado.
Quando chegamos ao topo da Serra do Rio do Rastro, onde será a próxima parada, Amapola me surpreende de novo. Escolhe um Eco Resort, no meio da natureza e sua reserva é de apenas um chalé. Olha-me de soslaio enquanto a recepcionista nos entrega a chave.
Estar no escuro sobre onde andar e aonde ir, me faz ter a sensação de que estou caindo em um abismo e quanto mais caio, mais fundo ele parece ser. Eu não digo nada. Levo o carro até o chalé, abro o porta-malas e pego nossas bagagens.
Quando entramos no chalé, penso em lua de mel e gravidez na mesma frase. Cama enorme, lareira de frente para ela, banheira de hidromassagem com vista para o lago. Meu estômago se contrai.
— É só uma noite, piloto. Eu queria muito conhecer esse lugar e achei desnecessário dois chalés, porque tenho a certeza de que somos adultos e podemos passar uma noite sem brigar. — Aquiesço e coloco as malas em um canto. Depois caminho até a varanda e olho o pôr do sol.
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PAIXÃO NO RETROVISOR
RomanceNunca imaginei que eu, Augusto Speranzi, bicampeão de Fórmula 3, apreciaria ser comandado por uma mulher no meu novo emprego de piloto de testes. Depois de passar três anos sendo pisoteado por uma, as mulheres passaram a ser apenas companhia de uma...