10 - GUTO SPERANZI

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Quando o senhor Fischer falou que seria um jantar de negócios em sua casa achei estranho, mas os ricos são meio excêntricos mesmo.

Nem em sonho imaginei que veria Amapola com um biquíni enlouquecedor e muito menos encontrar seu noivo ou ex-noivo no mesmo lugar.

— Que bom que chegaram juntos, assim não tenho trabalho em lhes apresentar. Enrico, esse é Guto Speranzi, novo piloto da XFI e Guto, esse é o noivo da Amapola, Enrico Freire. Filha, ajuda seu velho pai a sair daqui. — Enrico toma a frente e ajuda o senhor Fischer a sair da hidromassagem. Eu não consigo tirar os olhos dela. Olho desde os pés pequenos e delicados e vou subindo pelas pernas torneadas, a barriga linda com um piercing no umbigo. Seus seios que já me atraem, são mesmo do meu número. Encontro o seu rosto tão harmonioso, tão perfeitinho e ela está corada e parece chateada com algo. Nem sei como agir.

Enrico, depois de acomodar o Robert, a abraça e beija o seu rosto. A separação parece verdade. Estão tensos. Faço a mesma coisa. Vou até o pai e o cumprimento com um aperto de mão e vou até ela, beijando seu rosto. Sinto a maciez da sua pele úmida.

Ela entrega o copo de água que ainda está em suas mãos e diz algo no ouvido do pai. Ele fala alto.

— Desculpe, filha. Acho que esqueci de dizer que convidei seu noivo e o Guto para jantar. Eu falei para ela agora há pouco, que estou mesmo ficando velho. — Ela sorri sem graça.

— Se eu não te conhecesse, senhor Fischer, podia acreditar nisso, mas sei bem com quem estou lidando. — Vai até uma cadeira e veste um vestido por cima do biquíni. Pega uma toalha e seca seu pai antes de fazê-lo vestir uma camisa.

Apesar da visível saia justa, Robert sabe encantar os convidados. Quando sentamos à mesa para jantar, a conversa gira em torno de diversos assuntos e eu vejo que há um entrosamento entre eles. O tal Enrico é muito inteligente e quer impressionar. Percebo seus olhares para Amapola que manteve distante dos assuntos em que o pai tentou abordar sobre casamento e filhos.

— Depois desse jantar agradável, preciso me recolher, mas não sem antes mostrar a minha sala de troféu para o piloto.

— Nada me faria mais feliz, Robert. — Ele se levanta e eu também o acompanho.

— Eu não vou, pai. Conheço essa sala e esses troféus de cor e salteado.

— Tudo bem, querida. Aproveite para noivar um pouco, vocês estiveram muito distantes a noite toda. — Troco um olhar com ela, peço licença para o ex e acompanho seu pai.

A sala de troféu é imensa e eu sou um fã de carteirinha do automobilismo. Acredito que ficamos ali por muito tempo, trocando lembranças de fatos e corridas do passado.

— Sua filha é muito boa na direção, Robert. Ela pilota com algo que a faz ser diferente, inspiradora.

— Você está falando da corredora, essa é imbatível. E a chefa?

— Porra, a chefa é foda. Eu achei que era conversa dos rapazes acerca da sua competência, paguei a língua. Ela sabe o que faz. Estou impressionado. — Ele sorri para mim.

— O problema dela é o lado mulher. Ela esquece que existe esse lado para equilibrar a balança. Viu como agiu no jantar? Nem chegou perto do noivo. Pareciam dois estranhos. Como vão fazer filhos desse jeito?

— Desculpe falar, Robert. Talvez não exista amor nessa relação, por isso essa demora para acontecer. — Ele bate nas minhas costas.

— Pode ser que você esteja certo, meu jovem. Ela precisa encontrar esse amor. Não pode ficar se escondendo atrás do Enrico, de um noivado tão frio como esse. — Esse é exatamente o ponto. Ela estava acomodada nessa relação e eu mexi com essa tranquilidade.

Quando saímos da sala, Amapola está sentada no sofá, bebericando um cálice de licor, com um vestido até mais atraente que o seu corpo exposto nos trajes de banho. Minha boca se enche de água e essa sensação de falta de ar me invade novamente.

— Onde está Enrico, filha?

— Ele já foi embora, pai. Vai para Nova Iorque amanhã cedo.

— Não acha que ele está viajando demais? — Ela se arruma no sofá, incomodada.

— É o trabalho dele. Querem um licor?

— Eu já vou subir. Sirva um para o Guto antes de ele ir embora. — Estica a mão para mim. — Boa noite, filho. Você foi de longe o cara mais empolgado na minha sala de troféus. Isso fez você subir alguns degraus no meu conceito. Tchau, filha. Fique por aqui. Amanhã é sábado. — Ela caminha até ele e o beija.

— Não sei ainda, pai. Dorme bem, te amo. — Sinto uma insegurança nessa declaração.

— Também te amo, querida. — Ela vai até o minibar e coloca um cálice para mim. Decido me sentar na poltrona de frente para ela.

— Até agora eu não entendi a do meu pai.

— Você acha que ele fez tudo de caso pensado?

— Ele não ia armar algo assim se não tivesse um objetivo. Eu só não sei qual é.

— Para mim ele só queria que eu conhecesse seu noivo. Você sabe qual é a minha função na empresa. Te tirar dela.

— Não me provoca, piloto.

— Ele quer que você seja mais ativa sexualmente. Seu pai é moderninho, Ama. A maioria prende os filhos.

— Você é engraçadinho. Gosta de viver perigosamente.

— Eu sempre fui assim, inconsequente. Descobri da pior maneira que isso é muito arriscado, precisei mudar e ser mais ajuizado. Só que agora, aqui com você, meu corpo quer que eu aja como no passado. — Levanto-me do sofá, coloco meu copo na mesinha de canto. — Preciso ir, Amapola. Está ficando tarde. — Ela se levanta do sofá e coloca seu copo na mesinha.

— Antes de ir embora, o que faria o Guto inconsequente agora? — Fecho os olhos tentando me controlar absurdamente. Quando abro, vejo Amapola soltar os cabelos, passar a língua nos lábios e de quebra seus seios furam o vestido fino. Já não consigo mais me conter.

Pego-a pelo braço e só paro dentro do único cômodo da casa que conheço. Colo seu corpo na parede e seguro seus braços para cima. Seu peito sobe e desce e sua boca entreaberta me seduz. Beijo sua boca com sofreguidão. Ela abre, me deixando invadir. É muito melhor do que eu imaginei... muito melhor.

É bem inconsequente afastar suas pernas, alisar suas coxas e brincar com seu clitóris. Amapola puxa minha nuca quando solto sua mão. Eu penetro meus dedos na sua boceta e a masturbo vigorosamente. Não largo sua boca, é ali que eu me controlo para não fazer tudo que vai em meu íntimo. Só quando ela explode na minha mão, e só no fim do seu êxtase é que largo sua boca e sinto o gosto do seu sexo nos meus dedos.

Ela está apoiada na parede, com os olhos fechados, a boca inchada e sua respiração vai se recuperando. Quando abre os olhos, tenho medo do que vejo dentro deles.

— Melhor você ir embora agora, Speranzi.

— Estou indo. Não esqueça de que você pediu para conhecer o Guto inconsequente.

— Vá, Guto. — Saio bem rápido de lá, com o gosto dela na minha boca. Eu devia ter controlado esse meu lado vadio, afinal eu sei que ela ainda tem um compromisso.

Você já viu esse filme, piloto. Já se queimou feio no passado

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