21 - AMAPOLA FISCHER

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A distância que criei nos últimos dias não fez o efeito desejado em mim. Preciso dele ao meu lado. Não posso sonhar um sonho alheio. Comprei o design pensando nele e quero-o escolhendo cada detalhe do carro vencedor. Esse carro nasceu para brilhar.

Sei que ele está curioso com a movimentação no estúdio. Vou facilitar o seu acesso. Aviso a todos que após o almoço não quero ninguém retornando nas próximas duas horas. Todos entendem, saem e eu deixo o plano rolar. Fecho a porta e não tranco. Quando passo do seu lado, faço um meneio de cabeça e vou para o elevador. Assim ele pensará que vou almoçar com o papai. Calculo que ele criará coragem em pouco tempo. Vou até o banheiro, lavo as mãos, ajeito os cabelos, chamo o elevador novamente e desço.

Todos foram almoçar e achei que ele também tinha desistido de invadir o estúdio.

Abro a porta bem devagar. Ele nem percebe minha presença. Está riscando com os dedos todas as linhas do desenho, como se estivesse decorando cada traço do carro. Meu coração está tão acelerado que acredito que ele possa ouvir meus batimentos.

Guto já se conectou com o carro, mas até ele aceitar isso vai demorar um tempo.

— O que achou? — Ele tira a mão do papel.

— Entrei porque a porta ficou aberta.

— Eu sei, deixei aberta de propósito. Queria descobrir quem estava curioso para saber o que rolava aqui dentro. Gostou?

— Maneiro. É um super carro.

— Espero que seja um campeão. É por isso que ele estará na minha equipe na próxima temporada. Você pode testá-lo quando estiver pronto para as pistas?

— Você tem outros pilotos aqui.

— Eu quero o melhor, e você é o melhor. — Também passo os dedos nos traçados do carro, chegando bem próximo dele, a ponto de sentir o seu cheiro.

— Eu não sei se estou pronto, Amapola.

— Você já nasceu pronto, Speranzi. Só estou pedindo que você o teste nas nossas pistas. Um passo de cada vez. Escolhi esse carro pensando em você pilotando profissionalmente, mas a sua obrigação com essa empresa é apenas testá-lo.

— Acho que não posso negar isso a você.

— Que bom, pensei que tivesse perdido o medo de mim. — Ele sorri.

— Isso é meio que impossível, chefa.

— Posso pedir uma coisa para você, aproveitando que estamos sozinhos?

— Claro.

— Sinto falta do seu toque. — Ele fecha os olhos e respira fundo. Depois passa a mão em meu rosto. Seguro a respiração. Passa os dedos nos meus lábios sofregamente. Preciso de ar. Guto aperta um seio e depois outro. Minha boca seca. Ele sobe a mão pela minha coxa e aperta minha virilha. Seus olhos não abandonam os meus. Ele não encosta seu corpo em mim. Apenas invade meu sexo com os dedos. Facilito seu acesso. Ele soca os dedos em mim e faz movimentos enlouquecedores.

Na sala, apenas o barulho do ar-condicionado e nossas respirações. Guto fricciona meu clitóris.

— Quero mais.

— Você falou do toque, Amapola. Estou te tocando bem intimamente, por sinal. Estamos no trabalho e se sou pego causando o seu clímax, posso ser mandado embora. Melhor parar. — Sua voz soa enrouquecida.

— Eu te mato, porra — grito, e gozo apertando o seu braço. Ele não tira os dedos até que eu pare de tremer.

— O que é isso que você causa em mim? É uma avalanche de sensações. Eu preciso de mais, Guto. Você não sente nada por mim? Você me odeia, é isso? Fala alguma coisa, merda.

— Eu não quero te magoar, Amapola. Tenho um tesão gigante por você, mas só tenho sexo para oferecer e não acho que você mereça apenas isso.

— Acha que quero mais do que sexo? Acabei de sair de um noivado onde não existia sexo da maneira que você me mostrou. Eu quero mais é explorar essa sexualidade que acabei de conhecer.

— Você é romântica. Uma hora isso não vai te bastar.

— Do que você tem medo? Vive me empurrando para longe quando eu vejo que também me quer.

— Você não é mulher para ficar apenas sendo usada sexualmente. — Saio de perto dele.

— Eu devo ser o problema mesmo. Não inspiro os homens a se jogarem aos meus pés, implorando pelo meu corpo. Deve ser porque ando no meio de vocês, então todos acabam achando que sou assexuada.

— Por que você inverte tudo que eu falo, porra?

— Eu não disse. Sou o problema mesmo. — Abro a porta da sala e dou de cara com meu pai.

— Ahh..., não, papai. Agora eu não tenho saco para te ouvir. Vou sair e não volto mais hoje. Tirarei a tarde para mim. — Saio dali direto para o salão de beleza. Corto o cabelo, faço hidratação, massagem, depilação, as unhas. Passo na loja ao lado e escolho um vestido floral, curtinho, jovial e vou comer o meu hambúrguer de quinta-feira.

Vou passar a ser outra mulher. Quem sabe fico interessante aos olhos dos homens.

PAIXÃO NO RETROVISOROnde histórias criam vida. Descubra agora