43 - AUGUSTO SPERANZI

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Só o que me faltava agora era isso. Testar um carro cheio de defeitos e ao chegar à oficina ver Adams Hills ajoelhado aos pés da minha mulher, beijando a sua barriga, onde meu filho ou filha cresce.

É muita coisa para administrar no mesmo dia. Faço como Amapola, vou entregando luvas, touca, capacete, chaves para um Alex assustado.

— É hoje que eu vou matar um. — Piso duro em direção à cena tão tocante. Ela sorri para ele, tão enlevada, que nem me vê espumando de raiva.

— Posso saber o que esse piloto está fazendo com as mãos na sua barriga, mais especificamente no meu filho, Amapola querida? — O que eu gosto nela é que não se intimida, ao contrário do borra-botas que fica em pé e alerta instantaneamente.

— Eu contei para ele sobre o meu bebê, piloto. — Usa da minha fala de horas atrás para me fazer sentir culpado.

— Parabéns aos dois pela gravidez. Eu não sabia que eram um casal. — Ela ameaça falar alguma coisa, mas eu não dou espaço.

— Preciso falar com você, chefa. É sobre o carro que acabei de testar. — Amapola fica em uma saia justa, sabendo que uma negativa pode desencadear uma discussão sem precedentes.

— Tudo bem, vamos até a minha sala. Hills, você me espera que preciso conversar com você.

— Vai lá, Ama. Espero o tempo que for preciso. — Ela vai na minha frente e ver sua bunda rebolando acorda meu corpo tarado. A cada dia o seu corpo está mais desejável e eu achei que isso não era possível. Minha mulher entra na sala, eu entro e tranco a porta. Olho o sofá e lembro de estar dentro da sua boceta gostosa há horas. Esse tesão não deve ser normal.

— Pode falar, piloto. — Ela senta na cadeira e cruza as pernas sedutoramente. Filha da mãe, descobriu mais um ponto fraco.

— Que história é essa do cara estar quase enfiando a cara nos seus seios, fingindo beijar a sua barriga?

— É que eles cresceram, você sabe. — Pega com as duas mãos e os apalpam. — Entram na conversa sem serem convidados. Ele estava beijando meu bebê. Estava feliz por mim.

— Você tem intimidade demais com esse cara, eu não gosto disso. Ele te olha diferente.

— Ahh... isso eu percebi. Talvez ele me olhe assim, porque eu sou da família. Hills é meu primo, crescemos juntos e corremos juntos por aí desde pequenos. — Quero esganá-la por essa omissão. Amapola gosta do perigo.

— Você faz de propósito, não é? Fica me testando o tempo todo.

— Você queria falar do carro ou é só uma desculpa para esconder seu ciúme? — Eu não aguento mais ficar calado.

— Amapola Fischer, é o seguinte. Foi mesmo um ataque de ciúme. Admito. Fiquei louco quando o vi colocando as mãos em você, no entanto, é mais do que isso. Eu não estou suportando ficar longe de você. Quero estar todos os dias ao seu lado, quero fazer parte da sua vida, ver a sua barriga crescer dia a dia. Eu não estou dormindo nos dias que não está ao meu lado. — Levanto-me e apoio as mãos na mesa.

— Você está me excluindo da vida do nosso bebê, entendeu, nosso bebê. Está fazendo os exames e os acompanhamentos sem a minha presença. Eu não quero ficar longe disso. Eu não quero ficar longe de você. Eu te amo, porra...

— Eu estou com medo, Guto. Estou com medo de decepcionar você, decepcionar meu pai. — Eu vou até ela e viro a sua cadeira para mim.

— Você tem que superar isso. Agora somos nós três. — Ajoelho-me aos seus pés.

— A verdade, Amapola, é que eu quero você de corpo e alma. Não há nenhuma possibilidade de viver sem você. Eu quero dividir todos os momentos da minha vida com você e quero viver todos os momentos da sua vida. Eu te amo, Amapola Fischer. A mulher, a chefa e a mãe que eu sei que você será. Você quer se casar comigo?

— Já não era sem tempo, piloto. Há três meses que eu espero essa declaração de amor. Quanto ao sexo do bebê...

— Agora somos só nós três, amor. Esqueça seu pai e o que ele pensa. Eu até prefiro uma menina, você é tão forte e tão poderosa e eu sou só um idiota sem noção.

— Sabe que eu te amo, Guto Speranzi. Amo tudo em você, os erros, os acertos, sua integridade. Só tenho mais um pedido antes de você me beijar. — Eu dou vários selinhos nela.

— Você manda, chefa.

— Amei seu lado bruto hoje. Eu desejo que esse homem me possua algumas vezes.

— Com certeza ele vai aparecer, Ama. Você é uma mulher incrível, mas sabe provocar a minha ira. — Eu a coloco sentada na mesa.

Ahh... agora você vai descer na oficina e pedir desculpas para o Hills. Meu primo não merece esse seu destempero, mesmo porque ele vai correr no meu lugar na escuderia.

— Faço o que quiser, depois que eu beijar essa sua boca gostosa. É um fato mesmo que você manda em mim. — Quando minha boca se une a dela, nem sei expressar o que sinto. É tão impactante amar e ser correspondido que as palavras até perdem o sentido. Tê-la em meus braços totalmente minha, é algo que não é palpável, é intangível, é muito maior que qualquer palavra possa descrever.

— Eu te amo, Amapola. Você nem imagina o quanto. — Ela chora.

— Não chore, chefa. O que os seus colaboradores vão achar que eu te fiz?

— Pode deixar, amor. Eu digo que é o efeito Speranzi. — Voltamos à oficina, o lugar onde nos completamos.


PAIXÃO NO RETROVISOROnde histórias criam vida. Descubra agora