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Fazem anos desde o meu último velório, eu já tinha me esquecido de como era triste e melancólico, no enterro do meu pai fui muito poupada por todos, a final uma criança não deveria passar por essas coisas

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Fazem anos desde o meu último velório, eu já tinha me esquecido de como era triste e melancólico, no enterro do meu pai fui muito poupada por todos, a final uma criança não deveria passar por essas coisas. "Ninguém deveria".
Mas infelizmente a morte não pensava assim, ela levava quem queria independente do nosso apego ou desejo e agora ela decidiu levar minha sogra, essa que eu nem conheci, mas sinto pela perda.
Uma semana tinha se passado desde o anúncio do acidente, Bran e Dr Caleb se recusavam a aceitar a perda dela,  e hoje durante o velório não diferiu, ambos estavam inconsoláveis.
Ainda mais por ser um velório simbólico e sem corpo já que esse desapareceu nas águas do oceano junto com o avião, o caixão a nossa frente nada tinha, e eu não sabia se dessa forma era melhor ou se de fato ter alguém para enterrar aliviaria a dor da perda e confortaria o coração dos dois.
Passei toda essa semana junto a ele, tentando de alguma forma o consolar, mas não tinham palavras que amenizassem o que ele sentia, e eu sabia o que ele sentia, me lembro de como foi duro e difícil para mim aos 9 anos perder meu pai, sei que a dor é a mesma para ele, independente ao pouco convívio que tinham ainda eram mãe e filho.
A mídia insensível, pouco se importava com a perda tentaram de todas as formas (acessar) os dois pouco se importando que eles perderam uma esposa e uma mãe, o que importava era noticiar o acontecimento, ser o primeiro a entregar a matéria, as páginas de todo o mundo tentaram das formas mais absurdas e inconvenientes possível e o fato de o velório e sepultamento ser fechado somente aos familiares os deixou ainda mais determinados e conseguir o que fosse da família, isso chega a ser cruel na verdade.
Chegamos a pior parte do enterro que é de fato quando o caixão vai entrando na terra e é nesse momento que temos certeza que vai ser um adeus definitivo.
Mantive-me forte por Brandon a todo o instante sentia que a qualquer momento ele fraquejaria, ver ele chorar e estar tão debilitado doía meu coração, mas a perda é exatamente assim, ela é dura aguda, quase incurável e a cima de tudo a dor precisa ser sentida e absorvida, e não ela não passa em alguns dias ou meses, porque a dor da perda é substituída pela dor da saudade e essa nos acompanha até o final da vida.
Enquanto o caixão ia descendo Bran se afastou de mim e seguiu para mais perto do local simbólico de descanso eterno da mãe, carregando uma rosa nas mãos ela a beijou e jogou para dento do buraco, como se fosse eu ultimo presente a ela voltando para mim que o acolhi em meus braços.
— Sinto muito!
Sussurrei em seu ouvido, sentindo suas lagrimas molharem minha roupa de luto. Eu queria ter outra coisa para dizer, ou palavras melhores de consolo, mas nesse momento onde a dor ainda é tão latente, não existem palavras que conforte melhor que o silêncio e o calor de um abraço sincero.
Com a descida total do caixão Dr. Caleb foi em direção ao tumulo jogando um punhado de terra no lugar, o homem tinha a aparência horrível, não dormia e nem comia a dias, ele de todos ali era o que mais estava sofrendo e sua imagem era de longe somente um flagelo do que se via de costume, o homem bem-apessoado, arrumado com porte de galã.
O restante do enterro foi deprimente e derradeiro, sentindo somente a dor de cada um ali presente, Leonor, Caleb, Noah, Bran e o restante da família que eu não conhecia, o sentimento de luto era gritante e se seguiu até que o caixão estivesse totalmente soterrado pela terra.
Saímos do lugar para sermos abordados por uma avalanche de jornalistas que fecharam um cerco ao nosso redor.

 
"Malditos abutres! "

— Dr Caleb por favor pode nos dar uma declaração? — Perguntavam aos montes.
A muito custo o homem que andava a nossa frente parou nos fazendo parar logo atrás, muitos flashs eram disparados de todos os ângulos.
— Prestem atenção pois só falarei sobre isso uma única vez. — Meu sogro se, pois a falar grosseiro.
— Minha esposa foi a pessoa mais incrível que conheci na vida, tive o prazer e privilegio de viver ao seu lado por 25 anos, não parece muito e está longe de ser o suficiente, gostaria de passar o resto da vida com ela, mas os planos de Deus foram outros. Mas nossos anos juntos foram de amor, companheirismo e de apoio mútuo.
Ele mantinha a postura neutra, mas lagrimas solitárias e silenciosas corriam por seu rosto.
— Perder Jocelyn é algo inestimável e insubstituível na minha vida, na vida do meu filho da minha nora e de toda a minha família, ela deixou um vazio em nossas almas, Jocelyn Sempre gostou de ver o melhor das pessoas mesmo quando elas não tivessem, sempre foi justa, honesta, leal, uma mulher, mãe, esposa, amiga, modelo, 'designer', estilista ela foi todas as coisas possíveis mais a cima de tudo foi uma pessoa que deixou sua marca no mundo pelos propósitos certos.
Eu supus que ele iria parar de falar depois disso, mas ele enxugou as lagrima se se colocou a falar outra vez.
— Minha família vai se reestabelecer, pois, sei ser isso que minha esposa gostaria que fosse feito, vamos nos unir como sempre foi e ficaremos mais fortes e bem, sua perda sempre será sentida e sua falta também. Espero depois disso vocês respeitem nosso momento de luto e de perda e parem de nos procurar.

Ele sai andando deixando a todos de boca aberta, e sem palavras nós o seguimos em silêncio e assim foi até a chegada ao apartamento deles onde cada um seguiu para seu quarto para sentir sua dor como melhor lhe confia.
Deitados de frente um para o outro na cama de Bran, eu secava as lagrimas dele que escoriam livres por todo o seu rosto.
— Eu fui um filho de merda pra ela Amor. — Ele soluçou. — nunca fiz questão de estar com ela ou de saber dela até 1 semana antes de perde-la.
— Sua mãe te ama Bran, do jeito dela ela sempre te amou, e tentou saber sobre você, não se culpe. — tentei confortar seu coração partido.
— Eu nunca mostrei amor ou carinho pra ela, sempre fiz questão de ser grosso e agora não posso nem me desculpar, por que ela não está aqui para escutar. — se virou de barriga para cima.
— não importa onde ela esteja, ela vai estar com você, vai te ouvir — Ergui o troco e olhei diretamente para ele. — Quando eu perdi meu pai, parte do meu mundo ruiu com a perda, mas eu aprendi que aqueles que amamos nunca nos deixam de verdade estão sempre juntos com a gente em nossos corações.
Olhei para o teto o encarando pensando no meu pai.
— A dor nunca vai ir totalmente embora, você vai sempre sentir saudade, mas acredite que chega um momento que você segue, não só por você, mas pela pessoa também.
— Acredita que em algum momento vou seguir em frente? — ele me encarou com os olhos inchados do choro.
— Você vai sim, faça algo que você ache que ela gostaria que realizasse vai ser uma forma de se manter ligado a ela. — olhei para ele oferecendo um sorriso sincero e acolhedor.
Voltamos a nos deitar abraçados um no outro nos acolhendo na dor.

 Voltamos a nos deitar abraçados um no outro nos acolhendo na dor

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* SEM REVISÃO *


Cristais do meu coração, é com o coração partido que trago esse capitulo, falar sobre perdas é muito difícil principalmente pelo momento infeliz que vivemos, mas de alguma forma quero deixar claro que nossas perdas nos tornam fortes. 



*Deixem o votinho quem puder*







- Namasté

Repair   - serie vidas - livro 1 [ CONCLUIDO ] -Onde histórias criam vida. Descubra agora