Caindo em cilada

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Meu pai não estava me olhando nos olhos desde o fracasso do seu empreendimento com a família Maddox, e não só me ignorava, como também fazia questão de se manter o mais afastado possível

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Meu pai não estava me olhando nos olhos desde o fracasso do seu empreendimento com a família Maddox, e não só me ignorava, como também fazia questão de se manter o mais afastado possível.

Se estivesse em um cômodo da casa e eu me aproximasse, então ele simplesmente saia andando, como se respirar o mesmo ar que o meu fosse algo insuportável.

Tudo o que minha mãe diz sobre isso é que eu devo "acalmar os ânimos e esperar passar". Como se fosse só uma crise temporária, quando na verdade nada nunca passou.

Ela está afundando em remédios e álcool, às vezes não sei se escuta quando estou falando, parece que sua alma está o tempo todo muito longe do corpo e por mais que se esforce, não consegue cuidar de mim como gostaria, porque está ocupada demais tentando sobreviver.

"Dementadores se alimentam de felicidade humana e, assim, causam depressão e desespero para qualquer um perto deles".

Meu pai é um dementador.

- Você está tão calado. - Melissa disse, a expressão preocupada.

- O mesmo de sempre. - falei, baixando a cabeça e tentando evitar o assunto.

Tinha dias em que eu me sentia tão sozinho que simplesmente pegava minha lição de casa ou algum livro qualquer, sentava na poltrona ao lado da cama de Melissa e ficava lá em silêncio, enquanto só a respiração dela acalmava meus gritos mentais.

Ficava vigiando o momento certo em que Jacob saia, só para garantir que ele não entraria lá e surtaria comigo. No fundo, eu prezava pela admiração que Melissa nutria por mim, e morria de medo das coisas que o filho podia contar para ela.

Enfim, eu não estava muito orgulhoso das minhas atitudes ultimamente, mas quando se tem um destino, você deve abraçá-lo.

O meu é ser como o meu pai.

- Peter? - Melissa chamou novamente, me fazendo erguer a cabeça para olhar em seu rosto cansado. - Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe?

- Eu sei. - sorri fraco, a angústia me corroendo por dentro. - Depois conversamos, só não hoje.

Ela não insistiu mais, só ligou a televisão e ficou entretida em sua novela turca.

Aquela era uma tarde nublada e triste, talvez só para combinar com a minha família, quem sabe. Não demorou muito e recebi uma mensagem de texto da minha mãe, pedindo para que eu fosse até o jardim.

Meu pulso acelerou na hora e minha garganta começou a se fechar, no entanto, tentei agir o mais naturalmente possível para não preocupar Melissa.

- Vou preparar algum lanche. - falei com um sorriso doce para ela, que apenas acenou com a mão.

Ótimo, a novela estava tomando toda sua atenção.

Desci as escadas correndo e quando cheguei no jardim, minha respiração estava totalmente ofegante.

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