Três dias.Faziam exatamente três dias em que Amber Brown havia decidido se ausentar da minha vida, ou seja, desde que conversamos na sua varanda, ela simplesmente resolveu me dar o espaço que eu tanto quis durante anos.
Não havia mais Amber me esperando para almoçar.
Não havia mais Amber batendo na minha porta com um sorriso largo toda manhã.
Não havia mais Amber me comprando meu doce favorito todos os dias.
Enfim, não havia mais Amber Brown pendurada no meu braço, com um sorriso de mil dentes e roupas masculinas.
- Admita que sente falta do seu monstrinho. - James Thompson sussurrou no meu ouvido, ele era meu parceiro no projeto de ciências.
- Amber já sabe qual é o seu lugar agora, e não gosto que a chame assim. - falei relutante, enquanto observava o vulcão entrando em erupção.
Vulcão em erupção? Sério? Existe trabalho mais previsível? Eu com certeza colocaria a mão na massa e mudaria isso, mas venho me comportando como um velho decrépito nos últimos dias, me falta força e ânimo.
Logo o sinal tocou e James saiu apressado com o nosso projeto em mãos, juro que admiro a sua força de vontade, mas as suas ideias são deprimentes. Suspirei cansado e coloquei a mochila sobre os ombros, para então dar de cara com ela:
Chloe Maddox, eu poderia facilmente recitar um poema sobre sua beleza deslumbrante, mas ela me acharia um louco se tentasse, a questão é que Chloe vem demonstrado um certo interesse em mim, e eu venho fazendo de tudo para não ser esquisito na frente dela.
- Que bom que sua aula acabou, eu tenho um convite para você. - Chloe sussurrou de um jeito meigo e eu já estava pronto para a bomba.
- Que tipo de convite? - perguntei receoso.
Suas mãos alcançaram as minhas e ela girou levemente, como se estivesse me puxando para alguma dança estranha.
- Haverá um concurso de dança anual e você... - Chloe parou de falar por um tempinho e tocou na ponta do meu nariz. - será o meu par!
Dançar?
Esse com certeza era o meu maior ponto fraco, já que tenho duas pernas esquerdas e o corpo duro como uma pedra, acho que seria preciso um milagre para me fazer dançar decentemente, quem dirá então ganhar um concurso.
- Eu realmente não sei dançar. - fui sincero com Chloe, pela primeira vez na vida.
- Temos tempo para ensaiar e você não vai negar um pedido meu, vai? - ela perguntou fazendo um biquinho fofo.
Apenas balancei a cabeça em negação e Chloe pulou no meu pescoço, e eu poderia simplesmente me concentrar no seu abraço, se não estivesse ocupado demais vendo Amber nos encarar pelo corredor, com seus olhos tristes e os lábios trêmulos.
(...)
Assim que as aulas acabaram, senti uma vontade imensa de procurar por Amber e lhe oferecer uma carona, já que eu estava detestando ir para casa sozinho. Suspirei tomando coragem e segui rumo à biblioteca, já que todos os dias após as aulas a Amber ia buscar ou entregar livros.
Cheguei na biblioteca com um certo receio, e se Amber interpretasse mal as coisas e achasse que finalmente despertou meu interesse? Droga, é tão difícil quando você não é apaixonado por uma amiga, mas não quer perder sua amizade.
A bibliotecária fazia sinal de silêncio para alguns alunos travessos, e eu passeio pelos corredores discretamente, como conheço bem, é claro que Amber deve estar no seu cantinho especial, lendo. Cheguei no fim da última estante e tive uma desagradável surpresa, ali estava não só Amber, mas Jacob Tribbiani, sentados sobre o tapete felpudo e rindo como se não houvesse amanhã.
- Uau, vejo que vocês estão cada vez mais próximos. - não consegui disfarçar o tom afetado na voz.
- Peter! - Amber levantou-se rapidamente, me encarando com os olhos esbugalhados.
- E aí cara, o que faz por aqui? - Jacob perguntou naturalmente, sem nem sequer levantar do lugar.
Sínico.
- Vim perguntar para Amber se ela gostaria de uma carona, mas talvez ela prefira ir na sua motocicleta. - falei sem pensar duas vezes, e Jacob revirou os olhos para mim.
- E-eu vou com você, Peter. Aliás, muito obrigada por vim me oferecer carona. - Amber disse com a voz trêmula de nervoso.
- Mais uma vez, eu deixo o casal a sós. - Jacob finalmente se levantou, falando com o tom irritante de sempre.
E assim ele saiu, sem ao menos olhar para trás, Amber ficou parada igual uma múmia observando suas costas, depois virou-se para o lado e colocou o casaco de Jacob sobre seus ombros, é estranho como ambos estão sempre esquecendo algo um com o outro, seja roupas ou diários.
- Vocês estão saindo ou algo do tipo? - tentei perguntar naturalmente, mas saiu como um tom de acusação.
- Não! - Amber negou rapidamente. - Como pode sequer pensar nessa ideia?
- Seria tão absurdo assim? - indaguei a olhando nos olhos e suas bochechas ficaram rosadas.
- Vamos para casa, não estou entendo suas perguntas. - ela disse simplesmente, e saiu andando na frente.
Não sei se Amber estava vermelha por causa do nosso contato visual ou pela insinuação entre ela e Jacob, mas só a simples ideia de que ela estivesse interessada em outra pessoa, já me deixava enjoado, uma sensação ruim que surgia na boca do estômago e subia até a minha garganta.
Não gosto que Amber se envolva com os outros caras, e isso é normal, estou a protegendo como um irmão faria, já que Jacob não a merece, mesmo sendo um amigo incrível e um ótimo aluno, ele nunca ficava muito tempo com alguma mulher, e Amber era frágil demais para ser só mais uma em sua lista.
Embora eu saiba, Amber Brown jamais seria só mais uma.
Para nenhum de nós dois.
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Quem amou?
Essa é a primeira narração de Peter, e como podemos ver, nosso garoto é uma boa pessoa, só está perdido das ideias.
E vamos de perguntas:
- Acham que Peter tem ciúmes de Amber ou é só proteção de "irmão"?
- Amber ficou vermelha: por causa de Peter ou de Jacob?
- E Jacob? Só quer provocar Peter e conquistar mais uma?
Deixem a opinião de vocês, estou muito feliz com os comentários e novos leitores, isso me motiva a continuar 💖
Amo vocês, beijinhos e até breve.
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Doce Desejo
RomanceAmber Brown é a garota mais esquisita de toda Saint Mary's High School, conhecida popularmente como espantalho ruivo, caipira sardenta, megera encalhada e o favorito: espanta assombração. Para desespero de Peter Stewart, a ruiva também é como um ch...