14 |ʝαzz ∂υο

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ᴀʟᴇx ᴍᴀɴᴅᴏɴ

sɪx ʏᴇᴀʀs ᴀɢᴏ, ᴍᴀʏ 16ᴛʜ, 07:58ᴘᴍ.

Eu e Sofya nos entreolhamos chocados, após nossa professora de jazz executar o passo a passo da coreografia com o seu marido — que também era dançarino —, coreografia na qual iríamos apresentar no Festival de Dança de Fontana, como duo solo, apenas nós dois.

Primeiro, estávamos tentando raciocinar que iríamos fazer um solo em um dos maiores festivais de dança da Califórnia, e segundo que faríamos uma coreografia que exigisse química e seriedade da nossa parte.

Sra. Kelly nos olhava, aguardando por uma reação, qualquer expressão facial ou comentário que fosse.

Anna Kelly era nossa professora de jazz desde os nossos quase treze anos, quando começamos a fazer a modalidade — e curiosamente, ela tinha apenas vinte e quatro anos —, acompanhando nossa evolução, indo de jazz iniciante para intermediário, até chegar no juvenil, onde as coreografias começavam a ser executadas em casal, na maioria dos festivais e espetáculos de fim de ano.

— Gente, falem alguma coisa! — pediu, ansiosa — Pela cara que vocês dois estão, parece que não gostaram!

— Não, nós gostamos muito, mas... — Sofya pigarreou — Nós vamos ter que dançar essa coreografia, com esses passos meio... Sabe?

Nossa professora e amiga gargalhou, sendo acompanhada pelo homem ao seu lado.

Logo, vão entender a razão da nossa vergonha, prometo.

— Ora, pequenos gafanhotos, vocês terão que se acostumar com esse tipo de coreografia mais "uau", afinal, isso é jazz juvenil! — declarou, com o sotaque irlandês se mostrando presente — Mas, se vocês não quiserem fazer essa coreografia, acho que a Eillee e o Isaac não se importam de fazer no lugar de vocês. Quero que estejam confortáveis — disse, e logo negamos.

— Um duo solo fora algo que nós sempre quisemos, Sra... — Sra. Kelly me olhou feio, por eu chamá-la de senhora, ao invés do seu primeiro nome — Anna, e aceitamos fazer essa coreografia. Eu gostei muito, mas é só que nunca nos passaram uma coreografia de casal, e que exigisse tanto da nossa atuação na dança.

— Muchacho, o jazz juvenil foi um poço de primeiras vezes para mim também, e no meu primeiro duo de casal, quase desisti — Juan, o marido de Anna, alegou, me olhando. — Mas, antes de desistir, pensei que estaria desistindo de fazer o que eu mais amava: dançar jazz. Sei a sensação que se passa dentro de vocês, e lhes digo que é normal, mas não deixe ela comandar vocês para o lado negativo. Vocês gostam de dançar, certo? — assentimos ao mesmo tempo — Então, pensem que vão fazer o que mais gostam, juntos!

Notei a russa desviar o olhar do meu, olhando para baixo. Olhei pela janela, e suspirei.

Estendi minha mão para Sofya, que não entendeu de início a minha pretensão.

— Nós não vamos desistir do nosso sonho de solar em um evento gigantesco como o FDF, apenas por vergonha de dançarmos juntos, não é? — perguntei.

— Não é do nosso feitio — ela sorriu e agarrou minha mão, ajudando-me a ficar de pé.

— É assim que se fala! Agora, vamos ao trabalho! Vocês tem muito o que dançar hoje — Anna bateu palmas, nos apressando.

[...]

08:14ᴘᴍ.

Eu particularmente, estava um pouco nervoso. Não que não houvesse razões, mas de qualquer forma, tinha medo.

𝐁𝐄𝐒𝐓 𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃 • ꜱᴏꜰʟᴇxOnde histórias criam vida. Descubra agora