Quando teve um ataque cardíaco

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Eu cheguei a pensar que não teria como a situação piorar ainda mais, mas... É lógico que tinha como. Afinal, a gata petrificada tem dono... E ele acabou de chegar.

— Minha gata! Minha gata! Que fizeram com a minha gata?! — perguntou em um grito.

Engoli seco. Ele não tinha muitas pessoas próximas a ele, a gata era tudo, e agora... Não tem mais nada, minha nossa...

Vi seus olhos pousarem em Harry, e então sua tristeza pareceu sumir para dar espaço para a raiva.

— Você! Você matou a minha gata! Vou matá-lo! Eu vou...

— Argo.

Para nossa sorte, Dumbledore chegou no corredor, junto com vários professores, como Lockhart, Snape e McGonagall. Em segundos, passou por nós, praticamente nos ignorando, e tirou a gata do lugar onde ela estava.

— Venha comigo, Argo. Vocês também, senhor Potter, senhor Weasley, senhorita Williams e senhorita Granger.

— A minha sala fica mais próxima, diretor. — Lockhart interrompeu, forçando um sorriso. — Pode usá-la.

Se não fosse por toda a ocasião ser pior do que isso, eu diria que é a cereja do bolo...

Fomos até a sala dele, infelizmente, junto com os três professores. Quando entramos, ouvimos uma movimentação que logo descobri ser por causa dos quadros dele mesmo, alguns até com rolinhos no cabelo... Meu Deus.

Dumbledore colocou a gata na mesa polida e começou a examiná-la, colocando os óculos meia-lua na ponta do nariz, silencioso. Nós quatro nos entreolhamos, todos tensos, e assistimos tudo em total silêncio. Junto ao diretor, a professora McGonagall parecia tão interessada quanto, já Snape... Ele parecia estar se esforçando muito para não sorrir. Por quê? O estado da gata, e... Ele sorriria? Estou imaginando coisas? Porque isso explicaria...

Lockhart começou a dar algumas sugestões do que teria matado a gata, mas Dumbledore parecia nem mesmo ouvi-lo, o que provavelmente era algo sábio, já que...

— A gata não está morta, Argo.

Não preciso dizer que nunca vi o nosso professor de DCAT tão quieto, não é?

— N-não?

— Não. — Dumbledore confirmou. — Petrificada, mas de que forma... Isso já não sei dizer.

— Pergunte a ele! — Filch apontou para Harry, que parecia mais pálido do que todos os fantasmas que vimos hoje.

— Um aluno do segundo ano não seria capaz de tal coisa, Argo. — Dumbledore respondeu, firme. — Seria necessário uma magia das trevas avançadíssima.

— Foi ele, foi ele! — Filch insistiu, o rosto vermelho pelo choro e pelo ódio. — O senhor viu o que ele escreveu na parede! Ele encontrou... no meu escritório... ele sabe que eu sou um... sou um... — O rosto de Filch se contorceu de modo horrendo. — Ele sabe que sou um aborto!

Franzi o cenho. O que é um aborto?

— Eu nunca encostei um dedo na Madame Nor-r-ra! — Harry respondeu. — Nem mesmo sei o que é um aborto.

Ele não é o único...

— Mentira! Ele viu a carta do feiticexpresso!

Snape deu alguns passos à frente, e novamente tive a impressão de que ele segurava o sorriso. Coisa boa não vem, posso apostar...

— Se me permite dizer, diretor... Talvez Potter e seus amigos estivessem simplesmente no lugar errado e na hora errada, mas... Temos um conjunto de circunstâncias suspeitas. Por que estavam naquele corredor? Por que não foram à festa de dia das bruxas?

A Garota dos Cabelos de Fogo • HPOnde histórias criam vida. Descubra agora