Se você olhar nos olhos dela, morre.

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No dia seguinte, como Harry teria jogo de quadribol, queria parecer animada, e até me sentia mais tranquila quanto a conversa que tive com a Hermione, desde que não pensasse muito no assunto. Minhas pálpebras estavam inchadas, mas felizmente ninguém chegou a reparar nesse detalhe, ou então não disseram nada.

Conversamos pouco durante o café. Vi que Harry olhava muito para a mesa da grifinória, e não sei se é por causa do jogo ou do diário que provavelmente alguém tá segurando. Hermione mencionou a ideia de contar para alguém sobre o que fizeram, mas Harry ficou quieto. Pelo menos ele não expôs Hagrid ainda mais...

Logo saímos do salão para acompanharmos Harry até o equipamento. Íamos em silêncio, até que de repente Harry gritou. Dei um pulo junto com os outros dois.

— A voz! — Harry falou, segurando no corrimão da escadaria. — De novo! Não ouviram?

Ouvi apenas as vozes ao fundo dos alunos no salão. Era como se ninguém mais... Ninguém mais ouvia exceto Harry.

Merda, merda, merda...

— É claro... — Hermione murmurou. Olhei em sua direção. — Você pensou igual, não?

— Espero que não, porque eu não quero tá certa. — respondi.

Mas fazia sentido, ainda mais... Ainda mais que Hermione concordou, concluo com certo pesar, mas ignoro como confio pouco em mim mesma agora. Harry ouve cobras, Harry ouve esse bicho... E eu, como tenho muita boa sorte, tenho medo de cobras. Que são o símbolo de Salazar, para fechar.

Como foi que a gente não pensou nisso antes?!

— Do que é que vocês duas estão falando?

— Nós vamos pra biblioteca! — Hermione interrompeu. — Logo voltamos, até mais meninos!

Hermione me puxou pelo braço e saímos correndo para lá. Ouvi Harry perguntar para Rony o que íamos fazer, mas não ouvi a resposta. Sinceramente, duvido que qualquer um deles tenha entendido o que foi isso. Quem sou eu pra culpar?

Quando entramos no local, só vi uma garota, Penélope Clearwater. Ela acenou para Hermione, que ignorou, mas acabei acenando em seu lugar, recebendo um cumprimento enfim. Alguém pode ser educado, pelo menos...

— O.k. Vamos ver todos os livros com cobras que existem aqui, se precisar. Você vai pra aquele corredor, eu vou pro outro. O.k.? Qualquer livro que pareça ter algo perigoso e capaz de fazer isso, pega. O.k?

Assenti, e então nos separamos. Fui para o corredor dito e comecei a olhar para os títulos dos livros, ignorando os que falavam de outros bichos como aves e até cães. Não era como se fosse precisar disso, né?

Havia um sobre animagos. Não tinha a menor ideia do que era, então folheei. Pessoas viram animais, ok... Será que alguém vira uma cobra? Foi o primeiro livro que peguei, então. Vai que se trata disso, no final. Quem sabe o herdeiro é um animago? Talvez ele só consiga petrificar enquanto animal...

Olhei os outros títulos com atenção, não achando nada. De repente, Hermione gritou:

— Achei!

Ergo a cabeça e, ao me dar conta do que significo, deixo os dois livros que peguei na mesa de frente para a estante e sigo a direção de sua voz. Ao fundo, ouço uma cadeira cair. Dou um pulo. Não vi que tinha mais alguém próximo ao banheiro, mas pelo visto tem, e muito desastrado.

Continuo andando, buscando Hermione, mas ela não está no corredor combinado. Ué?

— April?

Noto como sua voz muda, e então franzo o cenho. Tem alguma coisa errada...

A Garota dos Cabelos de Fogo • HPOnde histórias criam vida. Descubra agora