Vai ficar tudo bem

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─ Mãe... É sério, vai ficar tudo bem!

Eu conseguia entender o motivo do nervosismo dela, afinal até alguns meses atrás, o que estava acontecendo agora era inimaginável. De repente, uma senhora apareceu na minha casa dizendo "Hey, você é uma bruxa, parabéns!".

Não foi exatamente assim, mas em um grande resumo...

─ Eu só tenho medo de que isso seja uma pegadinha, que te façam mal...

─ Querida, eu também estou assustado, mas tem literalmente um trem atrás da April, além de todo o resto... Eu acho que não tem mais como ser mentira.

Tive que concordar com o meu pai, que trouxe o argumento irrefutável. Imagino que não seja fácil ver a filhinha deles indo para um internato mágico que até pouco tempo atrás nem conhecíamos, mas... Parece uma oportunidade boa. Ótima, na verdade.

Depois que a professora McGonagall, vulgo senhora que me contou o que eu era, perguntou se nunca houveram momentos em que fiz algo normalmente impossível, lembrei-me do dia em que eu estava discutindo com meu irmão mais novo pela última bolacha do pacote e quando ele conseguiu, a bolacha se esfarelou totalmente na mão do garoto, embora até então ela estivesse inteira. Minha mãe dissera que a gente deve ter visto mal, mas agora sei que não.

E bom, mesmo depois de dois meses, Harvey se lembrou perfeitamente do ocorrido, e posso garantir que ficou tão irritado como se tivesse sido ontem, ao ponto de rasgar minha carta de Hogwarts depois. Ele disse que foi sem querer, mas tenho sérias dúvidas. Felizmente, consegui passar uma fita nela, caso precisasse.

─ É, você tá certo... ─ Mamãe concordou, desviando rapidamente o olhar do trem vermelho e preto atrás de mim. ─ Fique bem querida... Se precisar, tente mandar uma carta com a sua coruja e eu te tiro dali nem que tenha que ir andando.

Soltei uma risadinha, imaginando como seria a cena. Espero que não seja necessário, pois Hogwarts parece simplesmente maravilhosa...

Peguei minha mala e a gaiola com minha coruja recém-comprada no mundo da magia. Vega é um bichinho extremamente fofo, seus olhos são mais escuros quanto suas penas, porém elas são cinzas também, já suas patinhas e seu bico são amarelos. Ela é o animal mais fofo que já vi, amor a primeira vista!

Infelizmente, tive que me despedir dos meus pais, afinal não poderiam ir a escola. Me despedi também de Harvey, que fez questão de dizer que ano que vem iria comigo. Pela paz da família, espero que sim, e que minha mãe me perdoe por isso.

[...]

─ Posso me sentar aqui?

Desviei o olhar da janela e passei a olhar a menina que estava na porta da cabine. Seu sorriso inseguro me conquistou logo de cara. Ela também estava com o uniforme da escola, porém diferente da maioria dos alunos que eu vi, o dela não tinha nenhuma cor se destacando em meio ao preto, o que me fez suspeitar que ela fosse do primeiro ano que nem eu.

─ Claro! ─ Respondi, batendo levemente no banco ao meu lado.

Uma nova amiga, espero. Rapidamente, ela fechou a cabine e se sentou onde indiquei, claramente nervosa.

─ Qual o seu nome? ─ Ela perguntou, passando a mão em seus cabelos volumosos.

─ Ahn... April. April Williams. ─ Respondi, estendendo a minha mão que foi aceita rapidamente pela castanha. ─ E você?

─ Hermione Granger. Escuta... Seus pais são bruxos também?

Deixei uma risadinha escapar só de ouvir a hipótese.

A Garota dos Cabelos de Fogo • HPOnde histórias criam vida. Descubra agora