Veio jogar mais alguma coisa em mim?

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Demoro alguns minutos para decidir voltar até o banheiro da Murta que geme. Harvey insiste em ir comigo, dizendo que está curioso para saber mais, embora eu diga várias vezes que não havia mais nada além do que contei, pelo menos não que eu saiba.

Mas então, enquanto subimos a escada para o andar abaixo do banheiro, encontramos com Harry, Rony e Hermione em... uma mistura de ser humano e gato, se é que isso é possível. Ela tenta esconder o rosto com as mãos, mas não adianta, já que elas estão... peludas.

— Meu Deus...

— Enfermaria.

Concordo com Rony, que olha com certa irritação para Harvey, que embora faça um esforço para não dar risada da situação, não é exatamente vitorioso nisso. Quando olho para Harry, ele parece perdido. E eu entendo perfeitamente o porquê.

— Eu sumo por minutos e isso acontece?

— Pra você ver... — murmura. — Como você tá, aliás?

— Melhor... — dou de ombros, sentindo certa vergonha ao lembrar que saí correndo. — Ele disse alguma coisa depois que saí? Harvey já sabe o que fizemos... — aviso antes que ele mesmo faça essa pergunta.

— Não, a gente foi embora um pouco depois... — respondeu. — Escuta, Draco é um idiota... Um completo idiota.

— Eu sei... — respondo. — Só... é estranho.

Harry balançou a cabeça, porém parece até um pouco perdido. É, ninguém sabe como reagir quando sua amiga ouve que ela deve morrer simplesmente por existir...

— Mas vai ficar tudo bem. — continuou, por fim. — Não vai acontecer nada com você.

Tenho a impressão de que ele iria falar mais alguma coisa, porém não diz, e nós continuamos andando até a ala hospitalar em silêncio. Não sei que justificativa dar à Madame Pomfrey sobre minha amiga ter virado um gato, mas duvido que dê para consertar a situação sem ela. E eu preciso ter minha melhor amiga inteira de volta.

[...]

Hermione teve de ficar na ala hospitalar por várias semanas, então quando os alunos voltaram do Natal, não demorou nada para que os comentários sobre ela ter sido petrificada começassem, o que começou a colocar em xeque a hipótese de que Harry era o herdeiro, embora Ernie Macmillan continuasse defendendo essa ideia com unhas e dentes... Cara insuportável.

Quando voltávamos da última visita, com Rony resmungando sobre o cartão de melhoras que Hermione havia recebido de Lockhart, ouvimos Filch resmungar sobre a bagunça que Murta havia feito no banheiro dela, ao ponto de inundar todo o corredor mais uma vez. Harry sugeriu que a gente fosse até lá, e embora eu não quisesse, aqui estamos.

— Que é? — Murta perguntou, tentando soar ríspida. — Veio jogar mais alguma coisa em mim?!

— Por que faríamos isso? — perguntei, confusa.

O problema com Murta é que até as coisas mais banais se tornam... Problemas, pra dizer o mínimo.

— É a mim que você pergunta! — gritou. Uma onda de água caiu no chão já inundado. — Estou aqui, cuidando da minha... Da minha vida, e então alguém decide jogar qualquer droga em mim! Um livro, a droga de um livro!

— Mas ele não deve machucar você, né?

Dei um tapa no braço de Harry, achando que ele não poderia ter feito pior comentário, mas já era tarde.

— CLARO! Vamos todos jogar livros na Murta, porque ela não sente! Dez pontos se acertarem na barriga, quinze nos braços, cinquenta na cabeça! Que ótimo jogo, pois eu não acho!

A Garota dos Cabelos de Fogo • HPOnde histórias criam vida. Descubra agora