Não quero uma namorada

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Foi um pouco difícil me acostumar com o fato de não poder usar magia e de estar distante dos meus amigos, embora eu já tivesse mandado uma carta para cada um deles quando Harvey não estava brincando com Vega, minha coruja que, segundo ele, eu teria de dividir a partir do ano que vem.

Havia se passado apenas alguns meses desde que eu entrei em Hogwarts, mas parecia que minha vida não poderia ser a mesma nunca mais. Parecia que as coisas trouxas nem tinham a mesma graça, exceto a televisão, claro.

E hoje, dia 22 de dezembro, meus pais decidiram ir para o shopping comprar os presentes de natal, pois não quiseram comprar antes sem mim. Nos dividimos em dois grupos: Papai iria com Harvey e eu com mamãe, e depois nós trocaríamos para poder comprar os presentes da pessoa que estava conosco. Complicadinho, mas geralmente funciona.

― Então, como funciona Hogwarts? ― Minha mãe perguntou logo antes de parar em frente a uma vitrine de uma loja de roupas masculinas. ― Você acha que seu pai vai gostar daquela blusa?

― Qual? ― Pergunte, parando de andar.

― A segunda, vermelha. ― Explicou logo antes de apontar.

Era uma blusa de manga longa, o que é bom pro clima que vai vir. Em um tom vermelho quase vinho, para falar a verdade, e sem estampas. Parecia muito bom.

― Acho que sim, ele gosta de vermelho.

Minha mãe deu um sorriso discreto e uma leve abaixada com a cabeça.

― Ele diz que foi por isso que ele se interessou tanto por mim, sabia? O cabelo chamou a atenção.

Neguei com a cabeça. Meu pai nunca havia contado, mas sempre fez questão de elogiar minha mãe, parecia sempre apaixonado por ela.

― Quando foi isso? ― Perguntei.

― Ah, a gente tinha uns quinze anos, acho. ― Minha mãe contou, porém a cara pensativa dela mostrava que não tinha certeza. ― Ou dezesseis, não sei.

Balancei a cabeça. Fazia tempo, já que minha mãe tinha 38 agora, mas eles continuavam se amando, mesmo em momentos de discussão. E eu não posso negar que acho isso lindo.

― E nenhum garoto apaixonado por ruivas na escola?

Dei uma risadinha. Com tantos ruivos, ali não faltava opção.

― Ali tem quatro ruivos da mesma família, sem contar comigo. Então acho que não chamo a atenção.

Minha mãe arregalou os olhos. Não era comum ver muitos ruivos na escola, eu geralmente era a única, mas quatro da mesma família era realmente chocante.

― Meu Deus, quantos...

― Pois é. ― Dei de ombros. ― Os gêmeos dizem que eu sou a irmãzinha deles.

― Ah, isso é b-... Espera, esses são Fred e George? ― Balancei a cabeça. ― Ah, agora eu fico preocupada...

― Mãe, eles são muito legais. ― Respondi. ― Sério, eles me ajudaram porque o que o Draco fez foi horrível... Até o Rony, que é mais comportado, ameaçou bater no Malfoy.

Ela respirou fundo, parecia não saber bem o que dizer sobre a situação.

― Se foi o que você diz, não acho que está tão errada... Mas tente falar a partir de agora com os professores, OK? Não abaixe a cabeça pra ele ou qualquer um, porém se prejudicar por isso não é certo.

Dei um sorrisinho. A maior preocupação era eu não ser pega pelo que fizesse, e não por fazer o que supostamente é errado.

― Não sorria desse jeito, parece que você vai aprontar.

A Garota dos Cabelos de Fogo • HPOnde histórias criam vida. Descubra agora