Capítulo 21

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CAPÍTULO 21
"FULL HOUSE"
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HARRY

Não foi como eu imaginei. Não mesmo. Para ser sincero, eu estava esperando ser recebido com gritos e alguns tapas, quem sabe até mesmo um olhar de desprezo. Foi por isso que os atos das duas me deixaram tão surpreso. Elas não pareciam com raiva, não pareciam que me odiavam como eu achei.

O clima na cozinha era bom, mamãe e Gemma me ajudavam com o almoço enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias sobre o tempo que ficamos separados. Entretanto, não havíamos tocado naquele assunto ainda... Não consegui descobrir se isso me deixava tranquilo ou ainda mais nervoso.

As duas também tinham conhecido Safira, que incrivelmente parecia tímida demais, mas é aquele tipo de gata que quando pega certa intimidade, muda sua personalidade para uma totalmente diferente. Minha gatinha estava sendo muito mimada por Gemma em especial, que parecia determinada a agir como se ela fosse sua tia. Bom, eu não poderia contradizê–la, já que não está errada.

Agora nós falávamos sobre como Gemma revelou sua sexualidade para mamãe, tentando a todo custo dizer que sua forma de contar havia sido bastante criativa.

— Criativa? — mamãe questionou com deboche, o cabo da frigideira sendo segurado enquanto ela gesticulava. — Você simplesmente criou um grupo no whatsapp com o nome "Quem sair do grupo é bi", e saiu. É isso que você chama de criatividade?

— Fui mais criativa que o Harry. — Gemma deu de ombros, fazendo um carinho na barriguinha de Safira, que se contorcia alegre.

— Ei — resmunguei, fazendo bico. — Eu não estava tentando ser criativo.

— Não mesmo, até porque gritar que era gay e sair correndo para se trancar no quarto não foi nada criativo. — Gemma riu.

Bufei e cruzei os braços contra o peito. Ora essa, eu tinha apenas quatorze anos na época e tinha medo de ser rejeitado!

— Pelo menos ele teve coragem de falar na minha cara. — Anne disse divertida, me ajudando a cortar os legumes para a salada.

— Bleh — Gemms resmungou, colocando a língua para fora.

— Coloca essa língua para dentro antes que eu corte fora. — Anne ameaçou, apontando a faca que cortava os legumes para Gemma.

Eu tentei segurar a riso, mas foi em vão. Embora a risada tenha saído baixinha, minha mãe olhou para mim com os olhos brilhando. Eu tinha sentido tanta falta dessas coisas, dessas conversas aleatórias e engraçadas, do clima bom quando estávamos juntos. Como eu tinha conseguido passar tanto tempo sem isso? Como pude ser tão burro assim? Eu sou maduro para algumas coisas, mas para outras eu me sinto uma criança ingênua, e odeio isso.

— Senti falta desse sorrisinho de coelho. — mamãe falou baixinho e levou os dedos até minha bochecha, percorrendo a covinha que afundava ali.

Eu também havia sentindo falta dela. Nas vezes em que Nick me falava coisas ruins ou me batia, eu só desejava poder correr para os braços da minha mãe e sentir seu carinho. Queria que ela me aconchegasse em seu colo, como só ela sabe; que enxugasse minhas lágrimas, me dizendo que tudo ficaria bem e me cantasse uma canção, como fazia antigamente. Isso só me fazia chorar ainda mais, porque eu caía na real e me lembrava que o motivo pelo qual ela não estava lá, era porque eu tinha ferrado tudo.

— Ei, meu amor, não chore. — ela disse, contornando o balcão e parando na minha frente.

Eu nem percebia que chorava até ela falar, então não tentei evitar as lágrimas de caírem quando ela me abraçou. Eu estava sentado na cadeira, agarrado a sua cintura, soluçando como um bebê. Eu só queria que todos aqueles sentimentos pesados saíssem de meus ombros e que ela me perdoasse. Só isso.

SEX STAR| larryOnde histórias criam vida. Descubra agora