Sonho

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Pov Esme

Deus poderia me castigar por tais pensamentos, poderia me mandar para o inferno depois de morta – se é que um dia eu iria morrer e que eu iria para o céu – por estar sendo tão ingrata pela vida que aquele homem havia me dado.

Não só a vida, mas, a família, o amor, a dedicação como: marido, amante, amigo. Como eu poderia esquecer do homem que me fez mulher? Como poderia esquecer-me do homem que me deu as maiores felicidades que eu poderia ter nesta minha nova vida?

Como eu poderia esquecer o homem que me ensinou o que era amar, me lembrou de me amar todos os dias e me faz ama-lo cada vez mais?

Eu simplesmente não poderia esquecê-lo e levar tudo como uma lembrança ruim, porque nunca foi e nunca serão lembranças ruins. Ele é meu marido, o homem que eu amo e espero amar pra sempre. O marido que me orgulho de ter, o pai maravilhoso que é e sempre foi.

Eu não poderia ignorar todos esses anos de casamento e de amor por um mero beijo, que pra ele não significou nada. Devemos começar de novo, e eu estou disposta a isso... Por mim, por nós e pelos nossos filhos.

Por mais que eu esteja abrindo meus olhos tarde, ainda não é o fim... Nem tudo está perdido. Devemos começar de novo, sim. Devemos voltar a nos conhecer como ninguém, a conhecer um ao outro com apenas um olhar.

Quando reparei os primeiros raios de sol iluminavam a casa. Eu havia passado a noite inteira esperando e pensando em como seria minha vida daqui pra frente. A verdade é que, eu não tinha me preparado para o principal. Como eu iria dizer pra ele que simplesmente estou grávida?

Tenho um pouco de medo da sua reação. Não pelo fato de que ele me force a alguma coisa, mas pelo fato dele não entender, de achar que é uma mentira e que estou ficando maluca.

Sei que ele precisara do tempo dele para digerir a informação e espero que nós não nos afastemos por conta disso.
Que se dane que ele me ache chata!

Eu simplesmente não consigo aguentar mais. Já passei a noite em claro, dias esperando e nada desse homem chegar. Vou ligar e acabou!
Disquei o numero do seu celular e aguardei.

– Alô. – Respirei fundo.

– Onde está?

– Chegando.

– Estou preocupada, você está demorando. – Fui sincera, ouvi-o suspirar.

– Não há nada para se preocupar, em alguns minutos estou chegando.

– Tudo bem, cuide-se.

– Você também, tchau.

A ligação foi encerrada. Algo estava estranho, mas prefiro não ficar imaginando e nem me perguntando o porquê. Talvez fosse impressão, vai saber...

Voltei para o meu quarto e fui tomar um banho. Apesar de tudo, um pouco de cansaço estava impregnado em mim e pisquei pesadamente. Liguei a banheira e deixei encher enquanto me despia.

Somente de lingerie, observei-me. Não havia mudanças tão expressivas que pudesse dizer, mesmo com roupas, que eu estava grávida, mas um leve volume era notado em meu ventre.

Talvez eu tivesse algumas semanas ou quase um mês de gravidez, de acordo com a Lizzie, aconteceu na ultima vez que estivemos juntos e isso foi no mesmo dia em que vim pra cá.

Quando a banheira encheu, despejei alguns sais de banho e entrei. Deixei minha cabeça tombar na borda e fechei os olhos, relaxei por alguns minutos e depois fui para o chuveiro.

Terminei meu banho, me vesti e penteei meus cabelos. Desci as escadas e me direcionei a varanda.

Deitei na espreguiçadeira fechando os olhos e deixando o cansaço me levar.

"Nós estávamos em casa. A primeira que morei com Edward e Carlisle nos meus primeiros anos de vida como vampira. Juntos e felizes novamente. Estávamos sentados no gramado em frente da casa com todos os nossos filhos, eles felizes como nunca. Um pouco mais a frente estava nossa neta empurrando uma menina loira em um balanço e ela sorria. Carlisle acariciava meu rosto e sorria e um menino com os cabelos caramelos vinha na nossa direção engatinhando."

Eu sentia sua mão contra minha pele, acariciando-a e deixando uma trilha de calor por onde passava. Eu sentia ele acariciando minha pele e era tão real.

Eu estava sonhando, sim, estava. Disso eu não tinha dúvidas, mas algo estava diferente. Eu sentia sua presença, sentia o seu toque.

Me movi um pouco na cadeira e a posição que eu estava não agradava, portanto resolvi me levantar e entrar.

Ao abrir meus olhos notei que o meu sonho era parcialmente real e ele estava ali, Carlisle estava ali. Recuei assustada e confusa.

– Oi.

–Oi. – Respondi quase sem palavras.

– Me desculpe se te assustei, eu tive alguns problemas na hora de vir e o voo atrasou. – Vi em seus olhos que ele estava mentindo, eu conhecia o meu marido e sabia certamente quando ele estava mentindo.

– Sem...sem problemas. – Me levantei rápido. – Vamos entrar.

– Espera. – Sua mão segurou a minha e me puxou pra mais perto.

Eu queria naquele momento me jogar em seus braços e ficar neles pra sempre. Me abraçar ao seu corpo e nunca mais largar. Eu não sabia se era o certo, como ele iria reagir.

–Eu senti tanto a sua falta. – Sua mão livre agora estava em meu rosto.

–Carl... – Ele colocou seu dedo indicador sobre meus lábios.

– Shiu, me deixa falar. – Assenti. – Quando você entrou naquele carro e me deixou, uma parte de mim foi embora com você, e quando percebi que você não ia mais voltar preferi acatar sua escolha e lhe deixar ir. No fundo, eu sabia que não era o certo, e não foi. – Ele sorriu amarelo. – Eu ainda te amava e ainda te amo, e foi isso que me fez voltar atrás e te procurar. Eu nunca vou desistir de você, Esme. E é por esse motivo que estou aqui, por mim e por nós.

– Eu te amo e sempre vou amar.... -

Aquelas palavras saíram tão naturalmente dos meus lábios que eu mal senti. Eu pensei e quando vi já estava falando.

Ele quebrou o espaço que havia entre nós e acariciou meus lábios com os seus. Sua boca passeava pelo meu rosto dando leves beijos, enquanto as cegas eu procurava sua boca com a minha. Quando finalmente sua boca encontrou a minha nosso beijo tinha tantos sentimentos... Amor, saudade, desespero, medo, carinho.

– Nunca mais deixe nossa família. Esse tempo longe deixou claro o quanto não sabemos viver sem você. – Ele se afastou para dizer, mas continuou com sua testa colada na minha.

Sorri com suas palavras e ele me segurou pela cintura me beijando mais uma vez.

– Carlisle, vamos conversar... – O afastei levemente e o olhei nos olhos.

Naquele momento eu lembrei do que precisava falar com ele e se tudo que ele acabou de dizer realmente seria posto em prática.

Eu não poderia mais esperar e esconder que ele seria pai de uma criança que sempre desejamos mas nunca imaginamos que poderia acontecer verdadeiramente.

– É importante Carl, mesmo. É sobre nós, nossa família e nosso futuro. – Seu sorriso se desfez. – Há algo que eu preciso lhe contar.

Que nosso amor seja infinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora