Pela assessoria do meu pai, foi ordenado que eu ficasse calada sobre a polêmica. Ainda bem, pois seria bem idiota eu me desculpar. O público mesmo reviraria os olhos se eu tivesse soltado uma nota. A mídia-política que é dramática em me criticar, como se eu tivesse quebrado alguma etiqueta social só porque me aborreci com um cara numa boate. Passei meu sábado e domingo sem poder postar nada nas redes sociais, o que não foi um sacrifício que meus pais acharam que seria para mim.
Quando minha aula termina, me encosto na Ferrari do meu namorado, esperando-o aparecer. Estudo Matemática e ele estuda Contabilidade.
Esta segunda-feira está com bastante sol, fazendo me arrepender de esperar no estacionamento aberto, porém com preguiça de sair daqui. Prendo meu cabelo comprido num coque para não me causar tanto calor. Nem a sombra da árvore ajuda. O clima da cidade de Ivas é inconsistente.
Quem aparece é Ettore. Fico meio rígida ao vê-lo se aproximar. Mas visualizo que o herdeiro tem muitas tatuagens de flores. Os botões abertos de sua camisa me permitem isso.
"Magnólia," ele sorri, como se desafiando eu me irritar com o apelido. "Vendo algo que gosta?"
Esse cara está querendo alguma coisa. Sexo, provavelmente. Porque popularidade ele já tem; não precisa de mim pra isso. Pra ser honesta, eu transaria com ele. Pessoas independentemente de gênero confirmaram que Ettore é um deus na cama.
"Tô esperando pelo meu namorado."
"É, a cara do Ferrari ter uma Ferrari."
Pelo tom e expressão entediada, Ettore parece não gostar do Luigi. Mas não ligo pra isso. Tenho consciência de que meu namorado é... complicado para ter amigos verdadeiros.
"Faz Ciências, né?" pergunto já sabendo que sim, pois ouvi alguém mencionar por aí. Fofocas, rumores e fake news sobre Ettore sempre circulam pela faculdade e em outros lugares.
"Finalmente puxando assunto comigo. Fico lisonjeado." Não tem nada de lisonjeiro na sua voz ou expressão.
"Bebêzinha, já te pedi várias vezes pra não se encostar nela, pois tua roupa pode ter algum botão que arranhe o carro," Luigi chega.
É mais fácil ignorar esse jeito dele do que prolongar a discussão. "Eu só estava cansada e precisei me apoiar."
Luigi não pergunta se estou passando mal. Ele se direciona a Ettore, "D'Angelo, o que tá fazendo aqui?"
"Indo pro meu carro. Parei só pra perguntar a Magdala se ela podia me emprestar um isqueiro. Tchau tchau, pombinhos."
Me forço a não assistir Ettore indo embora. Foco em olhar para o meu namorado: branco sem pele bronzeada, cabelo curto, loiro de olhos azuis, lábios finos, barba por fazer, sem maquiagem e só um Rolex no pulso como acessório, roupa cara, porém sem graça, é egocêntrico, um pouco bom de cama...
"É verdade?"
"O quê?"
"Sobre o isqueiro."
Luigi é ciumento. Isso me traz problemas.
"É claro, mô," enrolo meus braços ao redor de seu pescoço. "Eu só não quis emprestar pra ele," falo na sua boca antes de beijá-lo, sabendo que o convenci.
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MAGMA
RomanceSerial killer de políticos sujos e corruptos, o maior desejo de Ettore D'Angelo é eliminar a filha do magnata que assassinou sua mãe. Magdala Delacorte é a peça essencial para desestabilizar seu inimigo neste jogo mortal de vingança. Mas quanto mais...