Como esperado, detetives vieram me interrogar sobre Luigi. Continuo meu café da manhã como se a polícia bater na minha porta fosse rotineiro. Já estou maquiada, escondendo qualquer vestígio do crime. Josephina os atende.
"Café? Pãozinho?" ofereço aos dois detetives, que ficam parados na entrada da sala de jantar. "Cuscuz do nordeste brasileiro?"
"A senhorita não sabe por que estamos aqui?"
"Luigi Ferrari," respondo após tomar um gole do meu cappuccino.
"Você não parece afetada," o mesmo detetive observa.
Não quero atuar como preocupada, pois soaria falso, já que é de conhecimento público que nosso relacionamento era horrível. "Se espera que eu desabe em lágrimas porque meu ex-namorado abusivo desapareceu, pode ter sua suspeita bem aqui."
"Não há evidências para acusá-la, srta. Delacorte," o detetive falante se aproxima de uma cadeira. "Apenas estamos investigando pessoas conhecidas da vítima, para encontrar seu possível paradeiro."
Deslize que não posso cometer: mencionar Luigi no passado. Tenho que mencioná-lo sempre no presente.
"Francamente, detetives, Luigi tem dinheiro; ele deve ter apenas viajado por um tempo. Depois que ele finalmente foi exposto, a maioria da universidade parou de convidá-lo a festas. Conhecendo esse mimadinho como eu conheço, saberiam que isso murchou seu ego inflado. Além de que seus pais foram assassinados. Presenciei seu terror." Ahh, aquela foi uma noite boa.
"E ainda assim não sente empatia por ele?"
"Quer que eu dê detalhes de como Luigi me tratava?" rebato.
Os detetives ficam com lábios tensos.
"Não me importo onde ele esteja, detetives. Contanto que seja longe de mim, ficarei tranquila. Não o convidei para meu evento por motivos óbvios," não deixo de incluir a mentira de que Luigi não esteve no meu iate.
"Saberia nos informar locais em que ele poderia se isolar?"
"Luigi não é romântico, então não me levava a cantos especiais. Nunca comentou coisas emotivas comigo, portanto, não sei dizer se ele possui algum esconderijo ou sequer se tem uma pousada que gosta de frequentar." Tudo isso é verdade.
"Certo... Obrigado pelo seu tempo, srta. Delacorte. Tenha um bom dia."
"Igualmente, detetives."
Em paz, tomo outro gole do meu cappuccino.
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MAGMA
RomanceSerial killer de políticos sujos e corruptos, o maior desejo de Ettore D'Angelo é eliminar a filha do magnata que assassinou sua mãe. Magdala Delacorte é a peça essencial para desestabilizar seu inimigo neste jogo mortal de vingança. Mas quanto mais...