Meu pai está me ligando desde ontem à noite. Não respondi nem mesmo meus amigos ainda. Após ter deixado Magdala em casa, quis me desligar do mundo. Pensei em ir aos Pratas, mas a polícia poderia estar de olho em mim, me seguindo. Não foi paranoia, só precaução.
Atendo meu pai para me livrar logo dele.
"Espero que você não seja interrogado, senão quem vai acabar com uma garganta perfurada é você," ele já começa o dia sendo um pai exemplar. Meu humor está impaciente.
"O senhor não cansa de ser assim não? Só sabe falar com o filho se for ameaçando ele," critico enquanto preparo um café na máquina.
Ele prossegue, "Onde você estava quando o assassinato aconteceu? Não quero polícia batendo na minha porta para me interrogar sobre meu filho, mas caso aconteça, me dê informações, Ettore."
A polícia pode pegar filmagens do meu prédio, descobrir que, no horário do assassinato, eu não havia chegado em casa ainda (pedirei para que os Pratas apaguem essas evidências). Além de que tenho hematomas nos dedos devido as porradas que dei no político (esconderei com maquiagem). No entanto, não serei investigado a fundo por ser filho do Salvatore D'Angelo. Mas o que realmente me salvou foi estar com Magdala Delacorte, a própria assassina do senador.
"Eu estava me pegando com a Magdala, então saímos pra continuar a pegação no meu apartamento," minto tranquilamente.
"Isso pode me trazer problemas com o Tiberius."
Faço biquinho de choro, zombando. Eu receberia um tapa na boca se ele estivesse me vendo.
"Você é um grande fodido, não é, Ettore? Se relaciona com a filha do homem que assassinou sua mãe. Uma vergonha. Sua mãe sentiria repulsa," ele tenta me ferir.
Estou cansado demais pra sequer ser atingido. Por hoje, meu pai perdeu.
"Tire a mamãe da sua boca imunda. A única coisa repulsiva na vida dela era você e Tiberius."
O café fica pronto e eu desligo na cara dele.
Eu não estava disposta ontem e não me sinto disposta hoje, mas combinei de vir para a casa da minha prima nesta tarde. Sentada na sua cama e com voz trêmula, conto o que Lúcio fez comigo. Meus olhos enchem d'água, meu nariz entope, minha cabeça dói.
Antonella me abraça, e revela, "Aquele homem me assediou uns anos atrás, mas não contei pra ninguém, nem pra você, pois fiquei com vergonha e medo."
Ela passou por esse trauma sozinha. Abraço-a mais apertado.
"Ele está morto agora," conforto nós duas.
Antonella se afasta um pouco e segura minhas mãos. Ela está hesitante, como se tivesse um questionamento a fazer.
"Dala... Você tem envolvimento com a morte dele?"
Meu corpo fica rígido.
"Por que você desconfiaria de mim?" minha voz é fraca e não consigo olhar nos seus olhos por insegurança.
"Porque eu não te condenaria," ela aperta minhas mãos. "Você disse que Ettore te salvou e que então foram pro apartamento dele. Não estou julgando vocês dois. Ficarei em silêncio se eu for interrogada. Quando vi a notícia que Lúcio foi assassinato... Senti alívio."
Antonella está comigo em tudo. Não tenho mais como esconder dela que Ettore está envolvido, mas posso manter a promessa de não revelar que ele é um serial killer.
Revelo, "Ettore quase o matou com as próprias mãos e eu finalizei perfurando a garganta dele."
Ficamos em silêncio, permanecendo de mãos dadas.
"Olha, não vou avaliar nossa moral agora," Antonella começa. "O cara era um estuprador. Não me importo que ele morreu e ponto."
"Não foi autodefesa, Tônia," insisto em ela ver problema em mim. Como pode não ter problema comigo? "Poderíamos ter deixado ele vivo lá no piso do banheiro, mas quisemos matá-lo."
"E eu estou dizendo que não me importo," minha prima insiste. "Eu te conheço, Dala. Você é ferrada da cabeça, eu sei, mas também sei que não é mau-caráter e sei que tem um bom coração."
Estou chorando. Secretamente, passei todos esses anos da minha vida me achando errada, então ser vista como uma boa pessoa é tirar um peso das minhas costas.
Na festa que quase tive uma overdose, Ettore deu seu número de celular. Como não posso ir ao seu apartamento e por mensagem não é seguro, ligo para ele. Fico dentro do meu carro para não correr risco de alguém me ouvir.
"Dagma me ligando. Que honra," o herdeiro atende.
Sem perder tempo, conto a ele que reservei um quarto para nós dois em um luxuoso hotel 5 estrelas e que ele tem que comparecer amanhã às 15:00. Dou o nome do hotel, o endereço e o número do quarto.
"Virei seu garoto de programa?"
"Apenas saí do meu 'faz de conta'." Agora que voltei pra minha realidade, tenho muito oque questionar sobre Ettore D'Angelo.
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MAGMA
RomanceSerial killer de políticos sujos e corruptos, o maior desejo de Ettore D'Angelo é eliminar a filha do magnata que assassinou sua mãe. Magdala Delacorte é a peça essencial para desestabilizar seu inimigo neste jogo mortal de vingança. Mas quanto mais...