◈ CAPÍTULO 7 ◈

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"Magdala, endireite sua postura," minha mãe manda enquanto almoçamos na sala de jantar neste sábado nublado

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"Magdala, endireite sua postura," minha mãe manda enquanto almoçamos na sala de jantar neste sábado nublado.

"Eu tô em casa, mamãe," recuso, cansada de seguir etiquetas até dentro de casa.

"Meu bem, deixe ela ficar à vontade na própria casa," meu pai me defende. Ele sempre faz isso quando envolve a esposa.

"Os modos em casa acabam sendo levados para fora, Tiberius. Inconscientemente, ela pode dar um deslize e parecer mal-educada. Não lembra do incidente das colheres?"

Sim, eu errei qual colher era pra usar numa sopa em um evento, o anfitrião notou e fez gracinha comigo. Na verdade, ele foi simpático. Ainda assim, minha mãe morreu de vergonha e me deu um sermão dentro do carro no caminho de volta para casa. Eu quis abrir a porta e me jogar.

"Ela nunca mais repetiu o incidente, Betta," meu pai está cansando.

Minha mãe se chama Elisabetta. Por todos esses meus 20 anos, sempre achei fofo meu pai chamar a esposa de Betta. Hoje em dia, eu não escuto mais o carinho no apelido. Pra mim, passou a soar como se ele estivesse chamando-a de beta e ele de alpha.

"Espero que não," minha mãe encerra a discussão por causa do marido.

Não temos mais assunto. Mastigo a refeição enquanto olho o ambiente. Nossa mansão é como um palácio modernizado. Tem uma aparência antiga em certos detalhes, porém tudo com muito luxo. Meu pai já era bilionário antes de entrar para a política, dono de empresas. Minha mãe é de família milionária.

Falando em família... "Como está a senhora Francine?" Seu marido, um político do partido do meu pai, foi assassinado no próprio quarto na quinta-feira à noite.

"Este não é lugar para o assunto, Magdala," meu pai me repreende.

Nunca é lugar para o assunto. Eu sei que existem gangues que assassinam políticos, pois já ouvi meu pai falando com alguém no celular sobre isso. Mas é só isso o que sei. Ele não toca no assunto com a gente. Ou só não comigo.

"Mas devemos nos preocupar?" Nunca sei se estamos em perigo ou não. Acredito que estamos e é por isso que o papai não conta pra gente: para nos proteger. É como prefiro ver.

"Não. E não é para você se envolver nesse assunto, Magdala," sua voz e expressão demonstram uma paciência controlada.

Não compareci ao velório ontem, porque embora seja importante eu acompanhar meus pais, eles mandaram eu ir para a faculdade normalmente e atender ao evento beneficente com Antonella.

"Irei à missa do sétimo dia?"

Meu pai bate os punhos na mesa e eu e mamãe pulamos com o susto. Sua futura candidatura está mudando ele, de fato.

"É um assusto sério, Magdala," minha mãe me adverte. "Pare de insistir."

Você realmente faz tudo o que papai manda, né?, lembro das palavras de Ettore que me incomodaram. Porque são metade verdade, metade mentira. É difícil analisar a relação com meus pais, pois tem coisas que não quero aceitar.

Não sei as sujeiras que meu pai faz. Só sei que ele não é limpo e que não é um santo. Contudo, uma parte de mim ainda quer sentir o pai que eu conhecia. Ou que eu achei que conhecesse.

Não quero encarar a realidade, mas estou sentindo o fogo que queima dentro de mim por anos.

A reunião com os Pratas sobre o próximo assassinato termina e eu fico fumando um cigarro enquanto a chuva forte desta noite escorre pela janela de vidro da residência da gangue

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A reunião com os Pratas sobre o próximo assassinato termina e eu fico fumando um cigarro enquanto a chuva forte desta noite escorre pela janela de vidro da residência da gangue. O casarão contém cinco andares, a decoração é com cores cinzas e sofisticada. É aqui onde ficam os equipamentos, onde deixo minha BMW na maioria das vezes e onde tudo acontece.

Estou pensando na cena do crime, quando a voz sedutora de Magdala chama minha atenção em um comercial de joias.

É inevitável não se fascinar por ela. Não importa o quanto eu evitasse sua presença esses anos todos, a verdade é que eu sempre quis saber de Magdala Delacorte. Ela é como um vício inconsciente meu, se tornando consciente a cada encontro nosso.

Vitorino desliga a televisão da sala. "Quem ligou essa merda? Sabe que odeio barulho de TV."

Eu também. Mas se ele tivesse desligado enquanto Magdala estivesse na tela, eu me irritaria.

Meu mentor vem até mim, tira o cigarro da minha boca e joga fora. "Também odeio cheiro de cigarro."

Meus lábios se curvam num meio-sorriso. "Ficou amargo de repente?"

"Estou pensando na próxima missão e você distraído com a Delacorte."

Paro de sorrir. "Ela é minha missão."

Seus olhos castanhos me encaram. Não há julgamento na sua expressão. Vitorino não é uma pessoa dura. Na real, é a pessoa com mais coração daqui. Tanto que me questiono se vale a pena ele continuar no serviço. Às vezes sinto que meu mentor só continua aqui porque se acostumou com a rotina. Contudo, seu motivo de estar na gangue é pessoal, portanto, sei que Vitorino sente que tem que estar aqui.

"Seja mais cauteloso. Ela já sabe que você quem vazou o vídeo da briga dela na boate." Meu mentor abaixa a voz, "E que você tem problema com o pai dela."

Essa última parte é segredo entre nós dois. Os outros não ficariam nem um pouco calmos se descobrissem o meu deslize. Tenho que ser mais controlado ao falar com Magdala. Não é comum eu cometer erro no trabalho.

"Relaxa, Vit," acaricio seu queixo liso como se ele fosse um gatinho. "O plano de conquistá-la está funcionando."

"Parece mais que quer seduzi-la do que conquistar sua confiança."

Vitorino não é muito fã do meu plano de usar Magdala para atingir o pai. Todavia, é o jeito mais rápido que tenho para alcançar o assassino da minha mãe.

"Em minha defesa," ponho as mãos na cintura, "é divertido ver como eu mexo com ela."

Vitorino balança a cabeça, passando uma mão por seus longos cabelos pintados de prateado, um belo contraste com sua pele escura.

Ele está mais sério agora. "Será pior quando você for matá-la, Ettore. Se apegar a ela te destruirá quando você tiver que finalizar o serviço."

Twitter: beckymero

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