Serial killer de políticos sujos e corruptos, Ettore D'Angelo vai derrubando peão por peão. Até chegar na dama: Magdala Delacorte, filha do magnata que assassinou sua mãe. Matar Magdala é desestabilizar seu pai, portanto, Ettore faz dela seu jogo. M...
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Passei o dia inteiro pensando sobre ontem. Entretanto, quando meu pai estende uma mão para eu sair do Rolls-Royce Phantom, sou obrigada a esquecer. Meus pensamentos têm que ser focados no evento desta noite. Nas pessoas que preciso cumprimentar ou ser apresentada. Nos elogios que recebo sobre minhas joias caras e no meu look, um longo vestido preto com decote e saia godê, saltos com pedras preciosas. O sorriso nos meus lábios é da cor bordô. Meus cabelos estão presos num coque alto, glitter nos cachos soltos. Um fotógrafo tira fotos minha com meus pais, em seguida com meu namorado.
De longe, avisto Ettore sendo fotografado com seu pai e sua madrasta. Seu smoking contém pedras preciosas, cauda longa, a gravata foi substituída por uma joia cara, está calçando sapatos com salto, usando acessórios refinados, cabelos soltos e sombra forte e sofisticada. Está parecendo um jovem duque e estiloso como um vilão. Como eu, Ettore sabe mascarar a dor elegantemente.
O evento de gala é tão falso, que começo a sentir um princípio de ansiedade. Não quero continuar falando com essas pessoas. Não quero nem ouvir o piano. Peço licença e me retiro da mansão, passando às pressas pelas portas francesas, indo em direção ao chafariz, onde pego um cigarro e isqueiro da minha bolsa e fico fumando enquanto ando pra lá e pra cá. O lugar está vazio, felizmente. Os sons que escuto são mais de grilos e da água.
Quando escuto passos, paro e fecho os olhos rezando para que não seja Luigi. Como a pessoa não me toca, baforo aliviada, porque sei que é Ettore. Eu errei por ter insistido em saber sobre sua mãe e ele foi errado em me expulsar daquela forma grosseira, contudo, podemos recomeçar.
"Você parece uma rainha arruinada."
Uau. É assim que recomeçaremos? Não consigo evitar meu riso. Me viro na direção dele. Mas quando olho nos seus olhos, tenho vontade de chorar, porque lembro que meu pai causou seu maior trauma. Meu problema com seu pai vai além de política, Magdala. Ele mexeu com quem não devia, recordo da discussão que tivemos meses atrás.
"Ele é tão bom no que faz," choro. "Eles são tão bons em fingir serem uma família perfeita. Todo mundo daqui é tão bom em enganar."
Ettore se aproxima. "Essa gente não merece suas lágrimas," ele segura meu rosto nas suas mãos. "Deixe-me pegar sua dor por você, magnólia." E então planta beijos nas maçãs do meu rosto.
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