Chego em casa ainda com a maquiagem da sessão de fotografia que fui convidado por uma revista famosa. Meu plano de limpar o rosto com água micelar e tomar um banho é pausado assim que recebo uma chamada de vídeo da Magdala no meio das escadas. Sento num degrau, Tori nos meus pés, e atendo. Pelo seu look e pelo ambiente, suponho que esteja no seu escritório de trabalho.
"Fantasiando comigo até enquanto trabalha? Guarda um vibrador na gaveta? Não é muito higiênico."
"Qual foi o assassinato mais fácil que você cometeu?"
Sua pergunta me pega desprevenido. Saímos de masturbação pra assassinato. Ok, mas o que levou ela a pensar sobre meus crimes?
Decido responder para saber aonde vai essa conversa, "Como meu alvo estaria presente no evento que eu atenderia com meu pai, aproveitei pra colocar cianeto na bebida da fascista."
"Não fui nesse dia, então."
"É, você perdeu a cena engraçada. A fascista morrendo, os magnatas se desesperando, eu atuando traumatizado..." Bons tempos.
"Tem como conseguir cianeto pra mim? Te pago em dinheiro vivo."
Minhas sobrancelhas arqueiam.
"Consigo o cianeto com minha gangue." Brinco, "Se me assassinar, eles saberão que foi você."
"Então vai me arranjar o cianeto?"
"Não," respondo firmemente. "Não posso fazer tudo o que você quer, Magdala. Não colocarei minha gangue em risco." Ter nossa identidade descoberta é perigoso por uma série de motivos. Polícia é um dos nossos menores problema e só é um problema porque estaríamos expostos a perigos.
Magdala dá uma pequena risada, zombando. "Você já faz isso toda vez que me fode, anjinho."
Odeio ela, porém estou me segurando para não sorrir.
Com seriedade, pergunto, "Pra que você quer o cianeto, magnólia? O que está planejando?" Ela pode estar pensando em matar alguém ou em se matar.
"Bem, já que você foi meio inútil pro meu propósito... Te vejo depois." E ela desliga.
Entro na mansão do meu pai. Após meu banho, ele me ligou falando que assistiríamos um filme juntos esta noite. Ele tem essas ideias uma vez ou outra, como se pra enganar a si mesmo que é um bom pai. Jasmine me disse que é porque ele sente minha falta, embora nunca consiga demonstrar. Que pena; não sinto saudade dele. Sinto mais falta do meu alvo do que meu próprio pai. E mais preocupação também.
Mesmo não conseguindo tirar da cabeça o que Magdala possa estar aprontando, preparo pipoca com minha madrasta enquanto conversamos sobre meus estudos, Minie deitado no chão. Nunca consegui ver Jasmine como uma segunda mãe, entretanto, sempre tivemos uma boa relação, até quando eu era um adolescente meio difícil de lidar.
Seu marido aparece na cozinha, interrompendo nossa amizade.
"Fui informado de que meu filho será capa de revista mais uma vez. Bom saber que você permanece sendo almejado pela mídia." Ele pega uma pipoca do balde e mastiga. "Continue sem me trazer problemas com a mídia-política, entretanto."
"Vai ficar tudo bem, Salv. Você é um galã e seu filho é um ícone fashion," Jasmine nos elogia.
"Meu filho é um galã também," ele dá tapinhas nas minhas costas. "Já até me acostumei com seu estilo."
É, meu pai anda reclamando menos de como me maquio e me visto. Não chamarei de evolução, pois tudo dele tem um motivo egoísta por trás. Ele deve ter "se acostumado com meu estilo" porque finalmente enxergou as vantagens de ter um filho sendo elogiado por ser estiloso.
Com Minie nos seguindo, caminhamos até a sala de cinema da mansão. É só um pouco menor que sala de cinema tradicional. Mais tarde, vou sugerir que meu pai compre uma máquina de pipoca e de refrigerante.
"Qual o filme?" pergunto ao me sentar numa poltrona.
Ele se senta do meu lado e Jasmine ao lado dele.
"Comprei uns novos que não lançaram nos cinemas ainda. Um dos filmes tem um protagonista bissexual."
Qual é a dele? "O que o senhor está querendo de mim?"
"Ettore—" Jasmine começa, porém é interrompida pelo marido.
"Sua madrasta pediu que eu fizesse isso por você e eu aceitei. Não posso querer fazer algo que agrade minha família?"
Não confio nele e não existe remorso que me faça perdoá-lo. Para evitar conflito, pego o controle e ligo o projetor de tela.
Assisti um documentário sobre um garoto de 17 anos assassinou o próprio pai. Descobriram que o homem sequestrou o próprio filho, o manteve aprisionado em casa por todos esses anos e que era violento. As únicas vezes que o garoto saía era para o trabalho que o pai arranjou pra ele, porém era vigiado por GPS, assim como a casa era lotada de câmeras. O advogado que aceitou defender o garoto não estava achando justo ele ser preso, por ter passado a vida toda assim e porque o garoto não era um perigo para a sociedade. O garoto só assassinou o pai para escapar, para se defender. Por não ser uma pessoa ruim, até ligou pra polícia após ter disparado os tiros. Como o advogado, também não achei justo ele ser condenado por algo que não foi exatamente uma escolha. Por fim, o garoto conseguiu liberdade condicional e ficou fazendo terapia.
Estou refletindo sobre a história enquanto penso em assassinar Luigi. Ettore não quis me dar o cianeto, portanto, tenho que matar meu namorado de outra maneira.
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MAGMA
RomanceSerial killer de políticos sujos e corruptos, o maior desejo de Ettore D'Angelo é eliminar a filha do magnata que assassinou sua mãe. Magdala Delacorte é a peça essencial para desestabilizar seu inimigo neste jogo mortal de vingança. Mas quanto mais...