Maldivas - Parte I

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Coloquei a última peça de roupa na minha mala e consegui fechá-la depois de fazer um bom esforço. Além das roupas que o PA havia escolhido para ilha, também acrescentei roupas sem decotes e calças mais folgada, pois as ilhas Maldivas são um país cem por cento muçulmano e não podemos circular pelo aeroporto e nem cidade com peças que desrespeitam sua cultura. Liguei para Nina por vídeo chamada pra que ela desse o aval final sobre as peças que levaria.

N: "Por favor, esquece um pouco seu trabalho e divirta-se. Aproveita essa viagem pra distrair a cabeça." - Ela me alertou porque coloquei na mala várias peças da próxima coleção de JadeJade pra tirar algumas fotos dando início ao processo de divulgação.

J: "Pode deixar... As fotos que vou tirar será de maneira quase que orgânica, do dia a dia mesmo, não vou pousar e nem tirar uma tarde pra sessão de fotos."

Dei algumas coordenadas a Nina sobre o que gostaria que ela resolvesse enquanto eu estiver fora pra tirar os dias em off. Quero me desligar cem por cento do trabalho e curtir bastante nossos dias de viagem, ainda mais por ser a primeira vez que o PA está indo. Vai ser especial pra ele.

J: "Agora preciso desligar... Prometi ao PA que iria jantar com ele e os pais." - Nos despedimos e ela desejou uma boa noite e boa viagem.

Confesso que estou um pouco nervosa pra esse jantar. A última vez que nos encontramos foi no churrasco em Vila Velha e por mais que a mãe dele tenha sido atenciosa comigo, talvez ela tenha agido assim somente pra ser cordial já que todos os amigos dele estavam presentes ali e também pelo fato de na época o PA ter decidido ficar com a mãe do filho dele. Talvez ela tivesse ficado feliz com essa escolha e não gostaria de me ver hoje. Esses pensamentos estão me causando um frio na barriga. Tomei um breve banho e coloquei um vestido simples e confortável já que iríamos ficar em casa.

Subi até o apartamento com as mãos suando frio de nervosismo. Toquei a campainha e PA rapidamente abriu a porta.

PA: "Oi Deja!" - Ele disse sorrindo. Seu filho estava em seu colo e sorriu ao me ver.

J: "Oi meu amorzinho" - Disse olhando para o Pazinho que estendeu seus bracinhos para que eu o pegasse. - "Cê tá achando que vai passear com a titia, né?!" - Ele deu uma gargalhada. Esse é um dos melhores sons do mundo.

PA: "O bom de ser pai é que ninguém liga mais pra você" - Ele disse fazendo drama enquanto eu entrava no apartamento.

J: "A prioridade é falar com o Pazinho." - Sorri e ele me deu um beijo.

Seus pais estavam sentados na sala de jantar. E levantaram ao me ver entrando.

Mary: "Olá, Jade! Tudo bem?" - Sua mãe disse me recepcionando com um abraço. E seu pai disse "olá" e me deu um aperto de mão.

J: "Oi, Mary! Tudo sim, e vocês? Como foi a viagem?" - Ainda estava um pouco envergonhada, não sabia bem como agir.

Mary: "Ah querida, graças a Deus foi tranquila. Mas sempre fico nervosa em andar de avião, nunca consigo me acostumar. Fico tão preocupada com o PA e o pai dele sempre viajando."

Carlos: "Já estou acostumado. Só faço sentar e dormir." - O pai do PA disse e sentou novamente.

Eles pareciam estar a vontade e simpáticos.

Mary: "Vêm, querida, vamos sentar. O jantar já está nos aguardando." - Todos nos acomodamos e Paulo pegou o Pazinho do meu colo, ele sempre fica agitado querendo que levante e fique passeando com ele pela casa, mas PA sempre consegue dominá-lo e fazer com que ele fique em seu colo mesmo quando está sentado. - "Então, Jade... Paulo nos contou que vocês estão juntos. Pelo que vi já está se dando bem com o meu netinho."

J: "Sempre dou uma olhadinha no Pazinho quando estou aqui com o PA e também cuidei dele uma vez, já estamos familiarizados." - Respondi um pouco tensa com o rumo que essa conversa poderia nos levar.

Mary: "Que bom! Fico feliz que a mulher que está com o meu filho também procura ter uma boa relação com o meu neto."

J: "Pazinho é uma criança, um anjinho. Não tem como não amá-lo." - Eu estava um pouco nervosa. Minhas mãos estavam suando frio embaixo da mesa.

Mary: "Só queremos que Paulo fique bem. Se ele estiver é isso que importa. E sinto que ele está com você." - Ela disse sorrindo para mim.

Carlos: "Só queremos que o PA seja feliz independente de com quem esteja e que ele tenha uma boa relação com mãe do filho dele." - Aquelas palavras quase me fizeram soltar um suspiro de alívio. Foi como sair um peso de cima de mim.

Começamos a nos servir. PA comprou picanha para os pais dele que amam carne vermelha e Ceviche para mim. Expliquei para sua mãe meus hábitos alimentares. Ela já havia notado no dia do churrasco que peguei somente os acompanhamentos e a salada. Mary me perguntou o motivo de não comer carne.

J: "É mais que uma dieta, é um estilo de vida que adotei desde nova, entre os onze e treze anos de idade. Sempre tive uma boa alimentação por conta da minha mãe que me disciplinava quanto a isso e no início da adolescência decidi seguir os mesmos passos que ela adotando os mesmos hábitos alimentares. E é algo que amo. Acho uma delícia, não é algo difícil pra mim." - Tentei esclarecer pra que ela não pensasse que sou mais uma dessas mulheres que fazem dietas mirabolantes só para manter sempre um corpo magro. Pra mim é muito além disso. - "Mas confesso que meu ponto fraco é doce. Amo e me permito, sempre que possível, comer. E eu amo cozinhar, então gosto de ter toda experiência de comprar os ingredientes e eu mesma fazer."

Nos distraímos ali conversando, a mãe do PA também ama cozinhar, porém doces ela não costuma fazer tanto. Ficamos ali trocando dicas uma com outra sobre o que cada uma sabe fazer. Fomos engatando um assunto no outro e acabamos falando um pouco de tudo. Desde a infância até ao pai do PA contando um pouco de como ama treinar junto com o filho, que ele se sente realizado através dele, vendo cada conquista. Eu estava tão entretida, não tinha noção do tempo que havia se passado. Paulo já tinha colocado o Pazinho pra dormir e quando dei por conta já era mais de meia noite. Levantei, lavei a louça junto com sua mãe e depois ela nos ajudou a arrumar a mala dele. Nosso voo era às 7hrs e precisávamos deixar tudo organizado. Ele decidiu dormir em minha casa para não acordá-los na hora de ir pro aeroporto. Nos despedimos deles e então descemos para o meu apartamento. Passamos a noite acordados conversando, ele estava muito feliz por ver que estava me dando bem com os seus pais e que eles gostam de mim. Confessei que aquilo também aqueceu meu coração. Não sei o dia de amanhã, mas não há nada que queira mais hoje do que está com ele e saber que sou bem aceita por sua família me faz bem.

Decidimos nos arrumar e ir para o aeroporto. Não demoramos muito pra ficar prontos. Coloquei uma roupa confortável e ele também, afinal seriam horas de viagem até chegar no destino final. PA foi todo o trajeto até o aeroporto falando o quanto estava ansioso pra conhecer Maldivas e eu tentava de alguma forma explicar pra ele um pouco de como é esse lugar. Na verdade é impossível descrever, é mágico e só quem pode viver essa experiência é que consegue entender. É o lugar mais lindo do mundo pra mim, me sinto em paz ali.

Assim que o avião decolou, nós dormimos na poltrona. É o lado bom de passar a noite acordados antes de uma viagem. Acordamos somente quando a comissária informou que estávamos prontos para aterrissagem. Levou um tempo até despertar completamente. Desembarcamos para uma conexão em Doha que não levou nem cerca de uma hora e meia. Só deu tempo de ir ao banheiro, comer algo e nosso próximo voo já foi anunciado. Foram mais quatro horas e cinquenta e cinco minutos até chegarmos a Male, capital de Maldivas. Tentamos fazer o tempo passar assistindo a um filme, mas PA estava inquieto com tantas horas no avião e ansioso demais para chegarmos logo. O tempo de voo mais o fuso horário é uma diferença enorme com relação ao Brasil. Chegamos às 11hrs do dia seguinte no horário local. Foram mais uma hora e meia de viagem de hidroavião até o Hotel que iríamos ficar. E já era possível sentir o clima da ilha com o piloto do avião. Aqui eles pilotam descalços e com roupas leve de praia. Calça e blusa de pescador. Paulo ficou admirado. Estava ainda mais maravilhado com a cor do mar e a areia branquinha, ele parecia uma criança chegando em um parque de diversões. Sorria até com o vento. Ele quase que pulou de empolgação quando finalmente avistou os bangalôs. Minha felicidade aumentava em ver ele realizando um sonho. Vi seus olhos brilhando ao desembarcar finalmente no destino final.

Predestinados (JADRÉ)Onde histórias criam vida. Descubra agora