Campeonato

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Estávamos na sala de espera do hospital há mais de três horas aguardando o médico finalizar um procedimento cirúrgico pra poder conversar com ele. Já havia passado mais da metade do dia, porém vim determinada a falar com ele e não vou sair sem antes conseguir. Nina não conseguia parar de mexer os pés mantendo-se inquieta ao meu lado. Demorei um pouco para acordá-la, depois levei mais um tempo tentando convencê-la a vir, enfrentamos um terrível trânsito até o aeroporto que quase fez com que perdêssemos o voo, mas conseguimos chegar a tempo e desembarcamos em São Paulo ainda pela manhã. Consegui falar com a secretária responsável pela agenda do médico e depois de muita insistência consegui com que ela nos encaixasse para uma consulta e isso só foi possível porque o cirurgião ainda não assinou a alta dele.

N: "Espero que consiga convencê-lo ou vou querer matá-la por ter me acordado tão cedo." – Nina reclamou emburrada. – "Será que ainda vai demorar muito?" – Questionou impaciente.

J: "Não sei. Mas, cirurgias cardíacas demoram..." – Ela revirou os olhos.

– "Jade." – Levantei imediatamente ao ouvir a voz.

J: "Mary, Carlos... que bom que conseguiram vir." – Sorri e a abracei.

M: "Foi difícil convencer o Carlos, ele já se deu por vencido."

C: "Não sei por que ainda insiste em tentar." – Seu Camilo resmungou enquanto sentava.

M: "Não custa nada tentar mais uma vez, Carlos." – Ela se acomodou ao lado do marido.

No caminho para o hospital liguei para Mary pedindo para que eles viessem. Provavelmente se o médico autorizar será necessário assinar algum documento e somente quem é da família poderá fazer isso.

A porta dupla que dá acesso ao bloco cirúrgico finalmente foi aberta e rapidamente reconheci o Dr. Jardel que operou o pai do PA. Chamei atenção da Nina apontando discretamente para ele e imediatamente ela arrumou sua postura na cadeira. Antes de falar conosco ele dirigiu a palavra a uma senhora, provavelmente a familiar da pessoa que ele acabou de operar. Ele passou um tempo com ela, depois a levou para ala da UTI assim como fez com a Mary quando o Sr. Camilo foi operado.

Alguns minutos depois ele retornou e cumprimentou a todos antes de direcionar sua atenção ao Carlos.

Dr.: "Minha secretaria informou que agendaram uma consulta de emergência. Aconteceu algo?"

M: "Podemos conversar em um local mais reservado?" – Mary pediu e ele assentiu.

O médico nos conduziu até o seu consultório clínico. Ele autorizou apenas que eu entrasse com eles após a Mary pedir diversas vezes por isso. Nina ficou nos aguardando em uma das cadeiras que fica em frente à sala do doutor.

Após fechar a porta ele colocou o seu jaleco e pediu para examinar o Carlos antes de conversarmos. O médico o questionou sobre a sua recuperação e assim que finalizou o exame físico se acomodou em sua cadeira.

Dr.: "Então... Como posso ajudá-los?" – Ele apoiou o cotovelo no braço da cadeira com uma postura mais informal.

J: "Doutor, gostaríamos de pedir mais uma vez sua liberação médica para a viagem."

M: "Prometo que vamos cuidar muito bem do Carlos, continuar seguindo o tratamento e ele não fará nenhum esforço. Por favor, é importante demais pro nosso filho que ele esteja presente."

Dr.: "É permitido viajar de avião duas semanas depois da cirurgia de revascularização do miocárdio e, em alguns casos até antes, porém apesar do Sr. Carlos está tendo uma excelente recuperação ainda assim acho melhor evitar viagens longas para prevenir uma trombose venosa profunda." – Explicou com calma o motivo pelo qual não autorizou. – "Não tivemos nenhum tipo de complicação até o momento e isso significa que foi um procedimento bem sucedido apesar da intercorrência que tivemos durante a cirurgia e gostaria de manter dessa forma evitando uma viagem de mais de dez horas atravessando o atlântico."

Predestinados (JADRÉ)Onde histórias criam vida. Descubra agora