Unilateral, sério?

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Precisei de alguns segundos para processar o que o meu irmão disse. Parecia até uma daquelas piadas de péssimo gosto. O encarei e foi inevitável conter a risada. Ele me olhava sério tentando entender o motivo que me levou a essa crise de risos, talvez pensando que eu não estivesse em meu juízo perfeito.

M: "Qual é? Você ouviu mesmo o que eu disse?

PA: "Perfeitamente!" – Ele ergueu uma sobrancelha pra mim ainda confuso com a minha reação. – "Como é que ela pode entrar com um pedido de guarda unilateral se quem passa a maior parte do tempo com o Peazinho sou eu e os avós paternos?! Não tem cabimento uma coisa dessas. Desde quando ela começou esse namoro tem passado menos tempo com o filho. Vive viajando ou saindo com o cara e por mim ela pode fazer o que quiser que realmente não me importo, mas o que não dá é querer atribuir a guarda só pra ela, aí não tem como."

M: "Seja lá o que isso vai dar é bom que esteja preparado porque ela saiu cedo com a Hyun hoje e tô sentindo que não vem coisa boa."

PA: "E a Hyun ainda tá envolvida nisso, é?"

M: "Não sei, mas você sabe como essas duas são próximas."

PA: "Era só o que faltava mesmo..."

Minha expressão não era das melhores quando a Hyun atravessou a porta de casa. Ela me cumprimentou gentilmente com um sorriso no rosto.

H: "Cunhado que bom te ver... parabéns pela medalha de ouro."

PA: "Obrigado." – Respondi sério.

H: "O que tá acontecendo? Vocês estão estranhos... é algo com o seu Carlos?"

M: "Não, amor. Nosso pai ainda tá na mesma, mas não é ele o motivo de estarmos assim."

PA: "Posso saber onde estava com a Thays?"

H: "Ahhh, então é isso."

PA: "Sim, e tô chateado por estar a apoiando nisso."

H: "Eu não tô concordando com isso, mas ela não está num momento muito bom e eu só quis ouvi-la um pouco."

PA: "Não faz nem sentido uma coisa dessas, quer dizer que por ela não estar bem decidiu que vai entrar com um pedido de guarda."

H: "Claro que esse não é o motivo, as razões que a levaram a isso são outras. Quero que saiba que não tô a apoiando quanto a isso, sai com ela hoje somente para ouvi-la e tentar convencê-la ao contrario."

Olhei pro meu irmão irritado com essa situação.

M: "Acho melhor ir conversar com ela." 

H: "Também acho."

Revirei os olhos.

PA: "Não vou mesmo... Vim aqui pegar o meu filho pra ir comigo pro RJ e é isso que vou fazer."

Chamei pelo nome do Peazinho até ele surgir novamente na sala e peguei o moleque no colo pra dar banho e irmos pro aeroporto. Se ela quer dar entrada nesse processo, então que seja, mas não vou ficar batendo cabeça com isso sendo que não me faltam provas e testemunhas de que cuido bem do meu filho e supro todas as demandas que ele necessita.

Enquanto ele fazia a festa brincando com a água, aproveitei pra comprar as passagens e encontrei uma pra depois das 14h. O valor era um pouco salgado, mas tudo o que mais quero é retornar logo pra nos mudarmos ainda hoje pro apê. Meu pai não vai ficar confortável em um quarto de hotel quando receber alta, preciso resolver isso o quanto antes.

Predestinados (JADRÉ)Onde histórias criam vida. Descubra agora