Amigos?

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Desde que me mudei para o Rio de Janeiro não consigo mais passar tanto tempo quanto gostaria com a minha família. Em especial, sinto ainda mais falta do meu pai e do meu irmão. Passar a noite com eles, conversar, ter nossos momentos juntos, é e sempre será uma das coisas que mais amo e prezo na vida.

– "Arriba, abajo, al centro, y dentro!" – Passamos a língua no sal que estava em nossas mãos e bebemos a tequila. Chupei uma fatia de limão para neutralizar o sabor.

C: "Devo me preocupar?" – Meu pai me olhou sério ao ver que não fiz careta após beber.

L: "Pai, acho que já está na hora de aceitar que sua filha é cachaceira." – Léo deu leves batidos no ombro do papai que deu um sorriso discreto.

J: "Leonardo, não enche." – Revirei os olhos.

L: "Que é? Tá com medo que eu comece a falar o que você aprontava as escondidas."

Virei mais uma dose com o papai apenas o ignorando. Léo começou a falar algumas coisas desconexas, no jeitinho dele de ser e que nosso pai apenas ri e finge não ouvir. Interrompi meu irmão perguntando sobre as novidades por aqui. Ele falou sobre alguns novos negócios e meu pai contou que pretende comprar uma casa de praia em SP.

J: "Pai, cê bem que poderia passar um tempo comigo no Rio." – Pedi dengosa inclinando minha cabeça sobre seus ombros.

C: "Você sabe que não posso, filha." – Ele deu um beijo casto em minha testa. – "Tenho minha empresa aqui."

J: "Pelo menos um final de semana... Visitamos alguma praia e alugamos uma casa pro senhor já começar a planejar a sua." – Sugeri. – "Certeza que vai comprar uma casa pra reformar, você ama isso."

C: "Vou me organizar pra isso." – Dei um sorriso largo.

Me servi com um pouco mais de salmão e cubos de queijo, mas, antes mesmo que pudesse comer qualquer coisa meu celular tocou. Era o PA. Fiquei encarando a tela por alguns segundos, o aparelho estava em cima da mesa.

J: "Com licença." – Peguei e atendi. – "Oi, PA... Sim, posso falar... Não... Tudo bem... Sem problemas... Ainda estou aqui com eles... Passa o endereço que depois vou dar uma olhada... Tá bom, depois falo com você." – Desligo.

Meu pai e meu irmão estão me olhando, especulativos.

L: "Acho que você não contou tudo que aconteceu em Portugal."

J: "Nada demais." – Saboreei um pedaço do salmão que havia colocado no prato. Os dois permaneceram me encarando. Limpei ao redor dos lábios com o guardanapo de pano e tomei um pouco de água antes de respondê-los. – "Ele estava lá, é inevitável deixarmos de ter uma conversa sendo que ficamos alguns dias dividindo o mesmo ambiente."

C: "Parecem estar próximos novamente."

J: "Estamos conversando e saindo... Como amigos." – Dei de ombros. – "Íamos pra um restaurante mexicano com alguns amigos amanhã, mas ele ligou pra avisar que decidiram ir para o boliche e perguntou se topo também."

Eles se encararam, mas não estenderam no assunto. Apenas continuamos jantando. Decidi não perguntar o motivo do interesse deles em saber. Continuei saboreando o delicioso salmão.

Conversamos bastante e viramos mais algumas tequilas, aproveitando nosso momento em família pra descontrair. Já passava das dez da noite e meu pai precisava pegar estrada para voltar a Cotia. Pagamos a conta e descemos para o estacionamento.

Predestinados (JADRÉ)Onde histórias criam vida. Descubra agora