Almoço

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Charlie estava em frente ao espelho ajeitando os cabelos, queria estar impecável ao chegar a casa de Nick. Queria que a mãe do garoto gostasse dele, queria que ela visse o quanto Nick é importante pra ele.

Tori estava na parede oposta bebendo algum suco enquanto observava o irmão mais novo.

– Seu cabelo não fica melhor que isso. – Comentou dando um meio sorriso.

– Deus, Tori! Um dia eu desmaio de susto. Cala a boca, meu cabelo tá ótimo... – Ele encarou o espelho novamente incerto. – Não está?

Charlie era extremamente inseguro sobre si, isso era notável e chateava a todos que o amavam.

– Está ótimo, bobão. Nick já está caidinho por você, fique tranquilo. – Dessa vez Charlie sorriu.

– É... você acha mesmo? Digo, que Nick gosta de mim?

Tori cruza a distância entre os dois e empurra o irmão com o ombro.

– Ele já te falou isso? – O garoto sorriu lembrando do próprio aniversário, Nick disse que gostava muito dele e amava gostar dele. – Nem precisa responder. – Tori sorrir de verdade ao ver a felicidade do irmão. – Acredite nele.

Por algum motivo Charlie ficou mais confiante, talvez por Tori ter excedido o limite de palavras da semana inteira somente nessa conversa. E mais, por ter defendido Nick.

O garoto guardou o celular no bolso e saiu. Nick se ofereceu para ir buscá-lo, mas Charlie disse que não havia necessidade. Ele poderia ir andando, o dia estava ótimo e não era muito longe. Ao longo do caminho ele foi pensando em como tudo havia acontecido, em como Nick era atencioso e desde o início o tratou bem. Nick era raro, era doce, era tudo que Charlie sempre quis e nunca achou que conheceria.

Estava feliz por tê-lo como amigo e mais ainda por tê-lo como namorado.

Ele cruzou uma esquina e esbarrou acidentalmente em alguém que saiu de uma lanchonete de repente. Só depois de se desculpar notou quem era.

– Só podia ser você! Droga, Charlie nem andar na rua você sabe, perdedor de merda. – Ben cuspiu as palavras com arrogância e encarou. – Vai ficar calado, seu...

– Seu, o quê? Veadinho? É isso. – As lágrimas já ameaçavam cair. – Melhor mudar o seu discurso, esse eu já conheço. E lembre-se que você adorava beijar o veadinho aqui. Agora saí da minha frente.

Charlie desviou do garoto e seguiu o seu caminho apressado. As lágrimas caíram, mas ele as limpou rapidamente, não queria chegar a casa de Nick triste ou como rosto vermelho. Ben tinha sido um erro, ele nunca percebeu o quão abusiva era a relação dos dois até conhecer Nick e toda a sua gentileza e proteção.

Odiou-se mentalmente por ter sido cego e se permitir passar por isso, mas era adolescente, não sabia de tudo, na verdade não sabia de quase nada. Algumas pessoas eram más e gostavam de se aproveitar de outras. Ben tinha sido um escroto e pelo visto, seria por muito tempo.

Tocou a campainha da casa de Nick ainda se ajeitando e a porta foi abertamente quase que imediatamente.

– Uou, oi. – Disse sorrindo ao ver Nick ansioso sorrindo de volta.

– Oi, entra, vem.

Nick segurou Charlie pelo braço e o puxou para dentro carinhosamente e em seguida o abraçou.

– Que saudade de você, parece que meu coração vai derreter. – Nick disse sendo dramático o que fez Charlie sorrir ainda mais.

– Que forte você é, hmmmm. Me esmagando, babe. – Charlie disse em tom de brincadeira ao ser novamente espremido por Nick. – Eu estava morrendo de saudade dos seus braços fortes.

Nick sorriu e ficou um pouco corado. As sardas deixando ele ainda mais fofo aos olhos de Charlie.

– Vamos para a cozinha, minha mãe está com medo de você não gostar da comida.

– Ahh... Imagina! Eu não sou assim. É claro que ela não precisa se preocupar com isso.

Os dois seguiram pelo corredor e entraram na cozinha, a mãe de Nick sorriu ao vê-los e foi direto abraçar Charlie.

– Oh, querido, que bom te ver aqui. Agora é bem mais especial, você é da família. Quero que saiba que eu apoio vocês. – Disse por fim abraçando os dois. – O almoço está quase pronto, se quiserem subir eu os chamo de volta em meia hora.

– Muito obrigado. – Charlie respondeu sem jeito.

– Ok, mãe. Vem, Char, vamos para o meu quarto.

Jogaram algumas partidas de videogame e Nick novamente perdeu de lavada. Logo deitaram e ficaram quietos aproveitando a companhia um do outro. Charlie estava decidindo se valia a pena contar a Nick sobre o encontro acidental com Ben, mas decidiu que não queria estragar o clima ou fazê-lo odiar Ben ainda mais.

Os dedos de Nick carinhosamente deslizam pelas costas de Charlie e o menor abraçava Nick deitado em seu peito.

– Meu jogador de rúgbi favorito... – Sussurrou Charlie fazendo Nick sorrir meio bobo. – Sabia que você é perfeito?

– Não sou.

– É sim, olha esse cabelo, esse rosto fofo com sardas, o corpo sarado e os braços fortes... Além de tudo isso é protetor, carinhoso, gentil, um bom amigo, engraçado e corajoso. O amor da minha vida todinha, topzera do rúgbi.

– Você é tão fofo, aaaaaaargh!

Nick apertou Charlie em seus braços e o beijou. Um beijo mais profundo e lento. Beijar Charlie daquele jeito embaralhava sua mente e o fazia esquecer de tudo, só desejar mais e mais tempo para ficar com o namorado sentindo seu cheiro e fazendo companhia.

– Nick, o que acha de fazermos um piquenique no sábado? Eu queria chamar a galera.

– Eu acho ótimo, seus amigos são legais.

– Nossos amigos.

– Você acha que eles já me incluíram?

– Com certeza, amor. Estamos juntos e é impossível não gostar de você, bobo.

Voltaram ao silêncio sonolento enquanto Charlie fazia carinho na mão de Nick. Nicolas já tinha estado com algumas garotas antes de Charlie, mas nada se comparava ao que sentia quando estava na companhia do namorado. E isso não tinha nada a ver com o sexo e sim com o sentimento, pela primeira na vida ele sentia que estava amando alguém.

Minutos depois a voz de Sarah, mãe de Nick, os convidava para o almoço e os meninos desceram logo depois do chamado.

– Fico feliz que Nick esteja com você, dá pra ver o quanto estão felizes e o quanto é recíproco. – Disse a mulher.

– Eu que fico feliz. Nick é a minha pessoa favorita. Ele é tudo. Você tem um filho incrível. – Retribuiu.

– Agora eu tô envergonhado, Char.

– Obrigada, eu fiz mesmo um bom trabalho e sua mãe também Charlie. E a partir de hoje você é muito bem-vindo aqui, não precisa avisar quando quiser nos visitar, já é de casa.

O sorriso de Charlie era enorme.

De volta ao quarto de Nick, os meninos deitaram no chão com Neli ao lado e tomaram sorvete de sobremesa enquanto conversavam e escolhiam um filme para assistir. 

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