Beijo errado

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O Duda's estava quase fechando, Charlie teve que ficar até o fechamento por conta de uma troca de horários solicitada por ele dias antes, a justificativa era uma apresentação da banda da escola.
​Luca voltou do vestiário com suas roupas normais e a mochila nas costas.
​– Sua vez. – Ele disse para Charlie.
O garoto jogou o pano no balcão e soltou o nó do avental já se dirigindo em direção a porta dos funcionários.
– Ótimo! Volto rapidinho.
Charlie vestiu sua jaqueta e se livrou da touca, pegou a mochila e leu uma mensagem de Nick. "Oi amor, espero que o trabalho tenha sido legal hoje, me liga quando chegar. Te amo." Ele sorriu e guardou o celular no bolso.
– Estou pronto. – Disse ao encontrar Luca no hall.
– Vamos.​​
Não havia mais ninguém na lanchonete, o carro do pai de Charlie estava estacionado em frente a porta. Antes que  o garoto pudesse sair Luca o segurou.
– Você vai me odiar, mas eu preciso saber o gosto.
Charlie só entendeu o que Luca faria quando o garoto o segurou pela nuca e colou seus lábios com força.
– HHMMMMMMM SAI.  – Charlie mordeu e empurrou o garoto mais velho. – Você tá louco? Isso é assédio!
– Desculpa, Charles. Eu não quis ser bruto é só que eu me apeguei tanto a você, acho que confundi nossa amizade.
– Eu tenho namorado, sempre deixei claro! Nunca mais chegue perto de mim! – Charlie gritou e saiu do restaurante.
Ele tentou se acalmar, não queria deixar seu pai preocupado. Entrou no carro e sorriu forçado.
– Oi, pai.
– Oi, Charlie.  Foi tudo bem hoje? Você está bem? –O homem perguntou dirigindo para longe do restaurante.
– Sim, só estou cansado. Em breve é o campeonato de Nick e eu estou totalmente focado em trabalhar para ir assisti-lo, é um dia muito importante na carreira dele. Eu preciso estar presente.
– Imagino que esteja ansioso filho. É um momento muito especial para Nick e vai dar tudo certo, tenho certeza. – O homem sorriu para Charlie carinhosamente.
Charlie subiu direto para quarto não quis comer ou falar com ninguém, estava exausto. A rotina do garoto estava agitada, ele estudava em dois turnos para dar conta das aulas e das provas para a faculdade, além trabalhar num terceiro período.

"Amor, já estou em casa. Posso ir dormir? Estou exausto. Precisamos conversar, mas hoje eu não tenho condições." Charlie
"Oi, bebê. Assim você me deixa preocupado, mas eu espero até você se sentir bem conversar." Nick
"Estou bem, fique tranquilo. Boa noite, amor, te amo. Obrigado."
"Boa noite, bebê."

Charlie largou o celular de qualquer jeito e apagou. No dia seguinte ele esperou até a hora do almoço e contou tudo a Nick, o atleta ficou enfurecido.
– Eu vou pegar um voo no fim de semana, Charlie.
– Não, você vai ficar aí e na semana seguinte eu vou para o campeonato. Amor, não podemos gastar tanto dinheiro assim.
– Eu não tô nem aí, um cara qualquer acha que pode atacar o meu namorado? Ele vai ver só o que eu posso fazer com a carinha dele!
– Nick, eu já resolvi, você precisa confiar em mim.
– Eu confio, bebê, mas isso não quer dizer que eu não queira partir a cara dele.
Charlie até achou fofo, mas jamais incentivaria a violência.
– Amor, eu sei e eu adoro que queira fazer isso, mas não temos tempo para coisas pequenas. Estamos ocupados construindo o nosso futuro, matando a saudade dessa distância quase insuportável. Vamos focar em nós.
Nick ficou em silêncio por alguns minutos e Charlie o ouvir bufar.
– Você tem razão. Mas, Char, se ele se aproximar de você novamente não tente me impedir.
– Não tentarei. –Charlie se obrigou a concordar. – Mas me fala, como estão os treinos?
– Amor, eu tô me matando como você já deve imaginar. – Nick riu, já com outro tom voz, parecendo mais relaxado.
– Eu tinha certeza, mas tome cuidado. Amor, preciso voltar para a sala de aula, nos falamos mais tarde?
– Com certeza, a noite podemos fazer um vídeo, estou com saudade do seu rosto lindo. – Charlie sorriu.
– Combinado. Te amo.
– Também amo você.

Charlie passou a aula inteira pensando com que cara voltaria ao trabalho, não estava confortável em ter que conviver com Luca, mas não abandonaria o trabalho por esse motivo. Ele saiu da escola e foi direto para a lanchonete, queria chegar cedo para ter tempo de se organizar e pensar em como enfrentaria Luca.
– Boa tarde! – Disse o garoto saindo do vestiário.
O gerente estava indo em direção a sua sala e parou ao vê-lo.
– Boa tarde, Charles. Preciso de um feedback seu em relação ao trabalho e aos colegas, depois passe na minha sala. – Disse o homem.
– Claro, eu passo antes do fim do expediente.
Charlie passou pela cozinha e cumprimentou a todos e seguiu em direção ao seu posto de trabalho. Luca estava no caixa, parecia nervoso e limpava a máquina repetidas vezes. Ao ver Charlie ele parou.
– Charlie, podemos conversar?
O velocista suspirou e sentou-se no banco alto, ao lado do Caixa. A lanchonete estava com pouco movimento então aquele seria o momento ideal para conversar sem ficar a sós.
– O que você quer?
– Charles, eu fui um idiota com você, me desculpa. Eu agi precipitadamente e desrespeitei você. Eu queria me desculpar de verdade, estou muito arrependido de ter te beijado sem a sua permissão.
– Luca, eu fiquei muito chateado com você. Nick, então, meu Deus, ele quer te matar. – Luca ficou vermelho e visivelmente com medo. – Mas eu vou te desculpar porque trabalhamos no mesmo ambiente, porém eu não quero proximidade com você.
– Eu não queria perder você, Charles.
– Só que eu não confio mais na sua amizade. – Disse Charlie decidido. –Não posso agir como se você não tivesse invadido o meu espaço e desrespeitado o meu namoro. Eu amo Nick.
– Eu sei... Eu não sei o que me deu... Prometo que vou recuperar a sua confiança.
– Ou isso, ou Nick disse que arrancaria sua cabeça e eu prometo não impedi-lo dessa vez.
O mais velho engoliu em seco, já tinha visto fotos de Nick e definitivamente não queria ter que enfrenta-lo. O restante do dia foi estranhamente calmo, Charlie atendeu aos clientes e antes de ir embora visitou a sala da gerencia, mas preferiu deixar o ocorrido com Luca de fora dos relatos.

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